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24/Nov/2025

Brasil-EUA mais próximos de um acordo comercial

A nova lista de exceções à tarifa adicional de 40% publicada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de quinta-feira (20/11) libera 10,9% da pauta de exportações do Brasil do tributo, ou US$ 4,395 bilhões. Agora, 55,4% dos produtos brasileiros estão isentos dessa tarifa. É o equivalente a US$ 22,381 bilhões dos US$ 40,369 bilhões embarcados para os Estados Unidos em 2024. Para chegar aos resultados, foram cruzadas as informações do Comexstat, sistema nacional de estatísticas de comércio exterior, com a lista de exceções às tarifas. Pode haver pequenas inconsistências nos números, porque os códigos da Tabela Tarifária Harmonizada dos Estados Unidos (HTSUS) são mais detalhados do que os do Sistema Harmonizado de seis dígitos (SH6), que foi usado no levantamento. Entre as novas exceções, o produto com maior impacto é o "café não torrado e não descafeinado", o terceiro da pauta exportadora aos Estados Unidos, atrás apenas de óleos brutos de petróleo e de outros produtos semimanufaturados de ferro e aço.

Em 2024, as vendas desse produto somaram US$ 1,896 bilhão, pouco menos de 5% do total dos embarques. As carnes de bovino desossadas e congelada (9º produto da pauta exportadora, com vendas de US$ 885,026 milhões no ano passado, ou 2% do total) também entraram na lista de exceções. Em seguida, por participação no total, aparecem preparações alimentícias e conservas de bovinos (US$ 393,554 milhões, ou 1%); outros sucos de laranja não fermentados (US$ 222,089 milhões, ou 0,5%); e óleo essencial de laranja (US$ 202,596 milhões, ou 0,5%). Nas contas da Leme Consultores, as isenções à tarifa extra agora alcançam 48,08% da pauta exportadora do Brasil para os Estados Unidos em 2024, enquanto 51,92% dos produtos continuam tarifados. As novas exceções contemplaram justamente os produtos que eram mais fortes candidatos a uma redução de tarifas. Café e carne bovina, por exemplo, são produzidos em enorme escala pelo Brasil e muito consumidos nos Estados Unidos.

Por isso, manter a sobretaxa poderia levar a problemas inflacionários e ser politicamente custoso. Mas, enquanto os produtos do agro já estavam sendo redirecionados, há dificuldade de redirecionar as exportações da indústria brasileira. O Brasil tem uma dificuldade de integração nas cadeias produtivas globais industriais, e os Estados Unidos eram um destino diferente para o caso brasileiro. A consultoria BMJ calcula que ao todo foram 347 novas exceções, incluindo produtos agropecuários, químicos e peças de avião. O foco principal foi café e carne. Em relação a tudo que o Brasil exportou o ano passado, foram desgravados US$ 4,1 bilhões em NCMs, 68% desse valor são café e carne. Com essa nova leva de isenções, que alcança 10%, somando aos 20% que estavam isentos, aproximadamente 30% dos produtos brasileiros estão isentos de tarifa. Dos outros 70%, parte possui tarifaço de 50%, parte tem sobretaxa de 40%, parte alíquota recíproca de 10% e parte de produtos ligados à Seção 232.

Portanto, 65% a 70% do das exportações brasileiras ainda estão sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, imposta durante o governo Trump. O Goldman Sachs calcula que os mais de 200 produtos brasileiros isentos da sobretaxa de 40% para entrar em território norte-americano representam cerca de 10% de todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos. Agora, mais da metade das vendas do País para os Estados Unidos está livre da tarifa punitiva. Os itens de exportação brasileiros mais significativos beneficiados pelo alívio tarifário foram café, carne bovina, suco de laranja e algumas frutas tropicais. Com as isenções tarifárias recíprocas de novembro, que no caso do Brasil foi de 10%, a alíquota tarifária dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros caiu de 30,2% para 29,2%. Com o alívio adicional de quinta-feira (21/11) da tarifa de 40%, a alíquota tarifária efetiva dos Estados Unidos caiu 3,7% para 25,5%. Brasil e Estados Unidos estão mais próximos de um acordo comercial. A redução das tarifas por parte dos Estados Unidos é bem-vinda e aumenta a probabilidade de um acordo em breve.

Estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado na sexta-feira (21/11) aponta que 37,1% das vendas brasileiras aos Estados Unidos (o equivalente a US$ 15,7 bilhões) estão livres de sobretaxas, enquanto as exportações que enfrentam tarifa de 50% representam 32,7%. Com a medida, pela primeira vez desde agosto, o volume exportado isento das sobretaxas supera aquele submetido à tarifa cheia de 50%. Os cálculos consideram dados de 2024, com base em estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Ainda assim, 62,9% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano permanecem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto as medidas horizontais quanto as setoriais, como as aplicadas para aço e alumínio. As mudanças sinalizam disposição do governo norte-americano para aprofundar a negociação, o que pode incluir avanços na pauta industrial. Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os Estados Unidos como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é o foco agora. Veja como fica a situação das exportações brasileiras aos Estados Unidos, de acordo com o estudo da CNI:

• Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões)

• Total de exportações sujeitas a algum tipo de tarifa: 62,9%

• Tarifa recíproca de 10%: 7,0% das exportações (US$ 2,9 bilhões)

• Tarifa adicional de 40%: 3,8% das exportações (US$ 1,6 bilhão)

• Tarifa combinada de 50% (10% de tarifa recíproca + 40% específica ao Brasil): 32,7% das exportações (US$ 13,8 bilhões)

• Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% das exportações (US$ 5 bilhões)

• Isenção da tarifa de 40% condicionada à destinação para a aviação civil, instituída pela Ordem Executiva de julho: 7,5% das exportações (US$ 3,2 bilhões)

A CNI identificou que a ampliação da lista de itens isentos da tarifa de 40% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil adiciona 238 códigos à lista de isenção da tarifa de 40%. Desses, o Brasil exportou 85 para o mercado norte-americano em 2024, o equivalente a US$ 3,8 bilhões (9,1% do total exportado no ano passado). Dos 238 códigos listados, 231 passam a ter alíquota adicional zero, e apenas sete permanecem com a tarifa básica de 10%, por não terem sido incluídos na modificação do escopo das exceções da Ordem Executiva de 14 de novembro. Entre esses sete, estão pinhões, baunilha triturada ou moída e canela. Com a atualização, 62,9% das exportações brasileiras aos Estados Unidos permanecem sujeitas a tarifas adicionais. Após a medida, 37,1% das exportações brasileiras aos Estados Unidos estão isentas de tarifas adicionais, totalizando US$ 15,7 bilhões. O percentual anterior de isenção era de 28,5%. A isenção desses produtos indica avanço no diálogo técnico para uma negociação entre Brasil e Estados Unidos e pode sinalizar o interesse do governo norte-americano em preservar cadeias produtivas integradas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.