24/Nov/2025
Com a nova lista de exceções do governo norte-americano quanto à retirada da tarifa adicional de 40% sobre produtos agropecuários, 57% de tudo o que foi exportado pelo agronegócio brasileiro aos Estados Unidos no ano passado ficaram isentos de sobretaxas, correspondentes a US$ 6,916 bilhões. Levantamento revela que US$ 4,392 bilhões dos embarques do agronegócio foram contemplados com a retirada da tarifa adicional de 40% anunciada na quinta-feira (21/11). A nova medida abrangeu, portanto, 36,35% das exportações do agronegócio ao mercado norte-americano, que somaram US$ 12,082 bilhões em 2024. Outros US$ 2,524 bilhões referentes a exportações de produtos agropecuários já haviam sido excluídos da sobretaxa de 40% a partir de Ordem Executiva publicada pela Casa Branca em 31 de julho. Com a exceção anterior decretada em 13 de novembro quanto à tarifa recíproca de 10%, ao todo US$ 6,916 bilhões ficaram isentos de tarifas adicionais, sendo sujeitos apenas às alíquotas específicas em vigência anteriormente à escalada tarifária.
Os outros 43% de produtos agropecuários brasileiros continuam sujeitos à tarifa máxima de 50%. Ao todo, a retirada do tarifaço de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros alcançou outros 249 itens agropecuários do Brasil exportados para o país. Na primeira lista de exceções ao tarifaço dos Estados Unidos, publicada na Ordem Executiva de 31 de julho, apenas oito NCMs de produtos agropecuários foram contempladas com exceção à sobretaxa de 40%. Considerando as ordens executivas publicadas na quinta-feira (21/11) e na sexta-feira (13/11), ao todo, 257 itens de um total de 789 NCMs foram excetuados da sobretaxa de 40% imposta sobre produtos brasileiros e da alíquota recíproca de 10%. Esses 257 itens, portanto, estão isentos de tarifas adicionais e sujeitos apenas às alíquotas específicas em vigor antes da escalada tarifária, retornando à NMF aplicada. Entre os principais produtos do agronegócio exportados aos Estados Unidos, carne bovina, café e diversos tipos de frutas foram excluídos da cobrança da sobretaxa de 40%.
Suco de laranja, celulose e castanha já haviam sido poupados anteriormente dos 40%, em vigor desde 6 de agosto. Entretanto, pescados, mel, café solúvel, açúcar e sebo bovino seguem no tarifaço de 50%. Até então, o agronegócio brasileiro era um dos setores mais prejudicados pelo tarifaço norte-americano, já que 80% dos produtos do setor ficaram de fora da primeira lista de exceções, de 31 de julho, decretada pelo governo norte-americano. Café e carnes tiveram redução expressiva nos embarques aos Estados Unidos a partir de agosto. O setor produtivo brasileiro vinha pedindo ao governo americano a exclusão da tarifa sobre alimentos. A expectativa agora é de retomada das exportações de produtos agropecuários ao mercado norte-americano. A consultoria BMJ avalia que o agronegócio foi o grande beneficiado do resultado das negociações bilaterais.
Esse alívio tarifário é uma combinação entre forte pressão inflacionária norte-americana, o que mostra que os produtos agropecuários brasileiros são competitivos, diplomacia empresarial feita pelo setor privado com os pares norte-americanos e diplomacia governamental. O foco principal das isenções foi café e carne bovina. Em relação a tudo que o Brasil exportou no ano passado, foram desgravados US$ 4,1 bilhões em NCMs, 68% desse valor são café e carne. Outro fator que contribuiu para a concessão norte-americana foi o fim dos estoques de produtos brasileiros, como café e carne, na indústria norte-americana. Estimativas apontavam para consumo das reservas de produtos brasileiros até meados deste mês, o que poderia gerar nova escalada inflacionária. Sobre os produtos que ficaram de fora das exceções, é necessária a manutenção da pressão pelos agentes privados junto aos importadores e das negociações bilaterais. São cadeias com exposição relevante ao mercado norte-americano.
Segundo a Macrosector Consultores, para o agronegócio, a retirada das tarifas norte-americanas de 40% sobre uma série de produtos brasileiros praticamente restaura quase toda receita antes exportada no período anterior ao segundo governo de Donald Trump. As decisões de quinta-feira (20/11) resultam de negociações que já vinham sendo feitas desde setembro entre os governos e brasileiro e norte-americano, com ênfase no café e nas carnes e que já caminhavam no sentido da redução aos níveis registrados antes do segundo mandato de Trump. Para o agronegócio, a retirada das tarifas sobre as exportações brasileiras é uma boa notícia porque, com a decisão, esse mercado que se reabre vai se somar aos novos mercados abertos com redirecionamento das exportações. Agora, o Brasil caminha para um maior crescimento da receita de exportação do agronegócio em 2026 porque restaurou as vendas externas para os Estados Unidos e ganhou novos mercados no mundo com o redirecionamento das exportações que iam para o país antes do tarifaço. O que falta agora é a restauração das exportações de máquinas e equipamentos, que continuam enfrentando dificuldades. A receita de exportações de industrializados, todavia, deve diminuir em 2026.Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.