25/Nov/2025
A lentidão com que os diferentes países se movem no combate à crise climática, que se refletiu nas conclusões da COP30 encerrada no sábado (22/11), foi lamentada tanto pela organização brasileira do evento quanto de organizações que participaram das discussões. Ainda assim, as visões sobre os trabalhos que aconteceram nas duas últimas no geral são positivas e ressaltam o fato de o Acordo de Paris não ter morrido. Merecem elogios, principalmente, a participação maior da sociedade e ações concretas de financiamento a projetos diversos com participação dos setores público, privado e organizações não governamentais. Segundo o Observatório do Clima, ‘a COP da verdade revelou a verdade das COPs’, que não conseguem adotar de forma oficial agendas que propõem soluções concretas como a proposta do Brasil de um mapa do caminho para o fim do uso dos combustíveis fósseis.
Enquanto a crise do clima avança de forma rápida e perigosa, as decisões dos países são lentas e insuficientes. Essa diferença tem um alto custo na vida de milhares de pessoas. A The Nature Conservancy (TNC) pondera, no entanto, que no balanço geral, o resultado foi mais positivo do que se temia. A Conferência de Belém deu um passo importante ao decidir pelo desenvolvimento, até a COP31, de um mecanismo institucional para a transição justa: o Mecanismo de Ação de Belém (BAM). Esse foi um dos maiores avanços feitos na CO30. Ainda assim, é lamentável o fato de os mapas do caminho para a transição dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento não terem sido incorporados às decisões formais da COP.
O Instituto Clima e Sociedade (ICS) afirmou que merece "preocupações" a decisão sobre adaptação que deveria ter sido um tema priorizado à medida que o mundo todo vive eventos climáticos extremos com maior frequência e intensidade. A TNC lembra que os trabalhos em Belém começaram com uma lista de cerca de 100 indicadores de adaptação que foram reduzidos no texto final de forma que muitos países consideraram insuficientes para refletir a real dimensão das necessidades de adaptação. Foi ressaltada a falta de acordo sobre o volume de financiamento dos países desenvolvidos para apoiar a adaptação nos países em desenvolvimento. Essa lacuna acabou sendo parcialmente compensada no texto do mutirão, que traz o compromisso de triplicar os recursos para adaptação, ainda que com um horizonte menos ambicioso, até 2035 em vez de 2030, como vinha sendo demandado.
Belém entregou o que era possível num mundo radicalmente transformado para a pior. Evitou a implosão do Acordo de Paris, ressalta o Observatório do Clima, acrescentando que os resultados fracos da Conferência comprovam o esgotamento do modelo das decisões por consenso e impõem a necessidade de reforma da UNFCCC e das COPs. A avaliação do ICS, compartilhada pela TNC, é de que a Conferência de Belém será lembrada positivamente pela presença da sociedade civil, incluindo povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, além de movimentos sociais e organizações de jovens e mulheres. Destacam ainda os exemplos concretos de aceleração de implementação e as mostras de parcerias entre setor privado, setor financeiro, filantropia e governos subnacionais.
Como as iniciativas RAIZ, o TFFF, o plano de ação em saúde e clima e as novas plataformas de país, entre outros. Para a enviada especial para Oceano da COP30, Marinez Scherer, a COP30 marcou um ponto de virada. O tema Oceano ganhou centralidade política e foi reconhecido por líderes, especialistas e pela sociedade como peça-chave no enfrentamento da crise climática. Prova disso é a sua participação na abertura da Cúpula do Clima, falando para chefes de Estado e de Governo, ministros e dirigentes de organizações internacionais sobre o papel do Oceano como o principal regulador climático do planeta. Pode-se citar, ainda, a apresentação do Pacote Azul, que uniu dezenas de ações já existentes, com resultados positivos.
Já há soluções que servem como exemplo, ou até para serem replicadas, em diversas regiões do planeta. Os representantes da comunidade científica, entre eles Carlos Nobre e Paulo Artaxo, da USP e os especialistas estrangeiros Fátima Denton, Johan Rockström e Piers Forster, lamentaram a falta de consenso em torno do fim do uso dos combustíveis fósseis. Apesar dos melhores esforços do Brasil e de muitos países, forças contrárias bloquearam o acordo. Sem o fim da dependência de combustíveis fósseis até 2040/2045, o mundo terá uma perigosa mudança climática dentro de cinco a dez anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.