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25/Nov/2025

COP30: Brasil poderia ter destacado Agro Tropical

O Insper Agro Global avaliou que o Brasil perdeu a chance de avançar nas discussões sobre o agro tropical durante a COP30, encerrada em Belém (PA) no sábado (22/11). O País não conseguiu traduzir ao mundo o potencial de sua agricultura tropical e da bioenergia, apesar de ter uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta. O debate ficou excessivamente centrado na floresta e na agenda do desmatamento, enquanto o modelo produtivo brasileiro permaneceu subvalorizado. Historicamente, o foco do mundo sempre foi a floresta, mas que isso acabou ofuscando a inovação tropical desenvolvida no campo. O Brasil perdeu uma chance de mostrar mais plantações e de transformar isso em um espetáculo. A agricultura tropical brasileira, com sistemas integrados, ganhos de produtividade e práticas conservacionistas, foi pouco vista na COP. Apenas o etanol ganhou alguma evidência, mas ainda assim de forma limitada. A área do etanol tinha visibilidade, mas era lateral.

O centro do debate climático foi tomado por outros agentes. O País ainda não conseguiu colocar a bioeconomia tropical como deveria na agenda internacional. O Brasil tem uma matriz energética altamente sustentável, limpa e renovável, graças aos esforços em energia hidráulica, solar e eólica. A transição energética exigirá novas formas de articulação internacional. A paralisia dos sistemas multilaterais deve-se à exigência de consenso, o que é impossível. Como alternativa, poderá haver uma atuação coordenada entre países do Hemisfério Sul. É hora de criar um grupo de países que possam avançar entre si, independentemente dos outros. O cenário global está em transformação. O Brasil tem condições de ampliar rapidamente a participação da bioenergia na matriz mundial. O petróleo não será eliminado, mas é possível incrementar as bioenergias cada vez mais. O atrito entre representantes do agronegócio nacional e o governo federal pode ter afetado os resultados da COP30, bem como uma suposta falta de coordenação entre os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura.

Há falta de diálogo entre a ministra do Meio Ambiente (Marina Silva) e o Ministério da Agricultura. O Brasil poderia ter liderado uma agenda mais equilibrada, que desse visibilidade às soluções de agricultura sustentável, bioenergia e produtividade tropical. No entanto, predominou um recorte centrado na floresta. Quando se escolhe como tema principal os povos indígenas e a floresta, joga uma agenda negativa enorme. O País deixou de mostrar avanços robustos no campo, como a agricultura superintensiva, integração lavoura-pecuária-floresta, bioenergia, entre outros. A produtividade no Brasil cresce muito mais que no resto do mundo. Outro entrave foi a própria dinâmica da conferência, como o excesso de debates paralelos e a dispersão temática. A Bayer afirmou que as discussões da COP30 deixaram claro que o agronegócio do País precisa retomar a conexão com a sociedade urbana e comunicar com mais clareza seus avanços, responsabilidades e desafios. O agro perdeu a conexão com a cidade. E isso é algo que precisa ser recuperado, senão as pessoas vão continuar tomando decisões pelo setor sem entendê-lo.

O Brasil precisa explicar melhor o que já fez em sustentabilidade. Quando se fala de agricultura regenerativa, é necessário entender o que isso significa na prática. O que o Brasil já fez nas últimas décadas, como plantio direto, integração, fixação biológica de nitrogênio, é, na prática, agricultura regenerativa tropical. Quanto à transição energética, a Lei do Combustível do Futuro está avançando. A bioenergia, a pecuária e a economia circular representam uma frente de oportunidades ainda pouco compreendida fora do setor. O agro é hoje peça central da economia brasileira, gerando mais de um terço do consumo energético e movimentando valor equivalente a mais de R$ 1 trilhão por safra. Apesar do otimismo, é necessário mais unidade interna e uma comunicação estruturada sobre temas sensíveis, como mudança de uso da terra, um assunto que é frequentemente distorcido. É preciso superar as divisões internas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.