15/Dec/2025
O Congresso mexicano aprovou na quarta-feira (10/12) um aumento de pelo menos 35% nas tarifas de importação de 1,4 mil produtos de 12 países com os quais não possui acordos comerciais, entre eles o Brasil e a China, o principal afetado. A expectativa é de que as novas tarifas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026. A medida foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado no mesmo dia. O partido da presidente Claudia Sheinbaum, que afirmou que as tarifas eram necessárias para impulsionar a produção nacional, controla ambas as Casas. Além de Brasil e China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Rússia, Tailândia, Turquia e Taiwan também foram taxados. Serão modificadas 1.463 classificações tarifárias em produtos dos setores automotivo, têxtil, de vestuário, plásticos, eletrodomésticos e calçados, entre outros. A nova medida afeta, principalmente, produtos chineses.
O México importou US$ 130 bilhões em itens do país asiático no ano passado, ficando atrás apenas das importações dos Estados Unidos, com US$ 334 bilhões. O Ministério do Comércio da China afirmou que o aumento das tarifas prejudicará substancialmente o país e os demais parceiros comerciais do México. A China instou o México a corrigir suas práticas errôneas de unilateralismo e protecionismo o mais rápido possível e informou que uma investigação sobre barreiras comerciais, iniciada em setembro, referente ao México, ainda está em andamento. Ao todo, 35 senadores se abstiveram da votação, argumentando que o projeto de lei foi elaborado às pressas, sem analisar seu impacto sobre a inflação, e em resposta à pressão do presidente norte-americano, Donald Trump. Em defesa do tarifaço, os deputados e senadores do partido governista enfatizaram que ele busca fortalecer o setor industrial mexicano, promover a criação de empregos e expandir as cadeias de suprimentos.
Sheinbaum apresentou a proposta em setembro passado, em meio à crescente pressão comercial do governo norte-americano e acusações de que o México é a porta de entrada para produtos chineses nos Estados Unidos. O México e o Canadá se preparam para negociar a renovação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (USMCA) com os Estados Unidos, enfrentando novas exigências governo norte-americano. "Essas tarifas coincidem com uma onda de restrições comerciais nos Estados Unidos, e isso levanta uma questão central: o México está definindo sua própria política comercial ou está reagindo a Washington, ou pior, obedecendo?", questionou Mario Humberto Vázquez, senador do partido de oposição PAN. Sheinbaum rejeitou as críticas argumentando que a medida se enquadra no chamado Plano México, projeto lançado por ela para fortalecer o mercado interno, reduzir a dependência de importações e gerar uma maior proporção de conteúdo nacional.
"Nosso interesse não é gerar conflito com nenhum país do mundo. Respeitamos muito a China e temos ótimas relações com ela. O motivo desses ajustes na legislação é fortalecer a economia nacional", disse a presidente. Em setembro, a China alertou que se opunha a qualquer "coerção" para impor restrições às suas exportações e anunciou que estava considerando medidas de retaliação. Na ocasião, o governo de Sheinbaum propôs um "grupo de trabalho" ao gigante asiático, embora poucos detalhes do diálogo tenham sido divulgados. Diversos setores e indústrias manifestaram sua oposição à iniciativa. A Câmara de Comércio México-China alertou que a medida pode impactar a inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.