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22/Mai/2019

Caminhoneiros afirmam que situação está piorando

Há um ano, os caminhoneiros iniciavam uma greve histórica que paralisou o Brasil por dez dias e provocou o desabastecimento da população. Faltou combustível nos postos e vários produtos sumiram das prateleiras dos supermercados. O resultado foi uma redução de quase R$ 48 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, uma ruptura na confiança e alta da inflação no período. Os protestos foram iniciados por caminhoneiros autônomos por causa da escalada do óleo diesel, cuja política da Petrobrás previa aumentos semanais. De abril para maio de 2018, o preço médio do combustível subiu cerca de R$ 0,20 por litro e alcançou R$ 3,62 por litro, o que desencadeou uma sequência de bloqueios nas estradas de todo País. A resposta do governo veio em forma de subsídio de até R$ 0,46 por litro do combustível e a criação da tabela do frete. Um ano depois, no entanto, as reclamações dos caminhoneiros continuam latentes. Para eles, a situação piorou.

Após o fim do subsídio em dezembro, o diesel voltou a subir e na semana passada já havia superado o preço médio de maio de 2018. A tabela do preço mínimo do frete também não funciona adequadamente. E, para piorar o quadro, o fraco desempenho da economia tem diminuído o volume de carga para transportar. O WhatsApp virou o canal mais usado pelos motoristas para manifestar a insatisfação com as condições da categoria. Ali, eles encontraram uma forma de se expressar e interagir com o maior número de pessoas possível. A maioria dos áudios são sobre os problemas do setor e a atuação do governo. Nos últimos 12 meses, foram várias as ameaças de nova greve. Mas, o uso maciço do aplicativo também trouxe um efeito perverso à classe. Ao mesmo tempo que a internet “empoderou” os caminhoneiros, ela também criou desavença. Desde a última ameaça de greve, em abril, quando a Petrobrás anunciou que elevaria o preço do diesel, a questão da união vem permeando as discussões dos caminhoneiros.

Com a greve do ano passado, eles entenderam o poder que têm sobre a economia do País e cada um passou a se sentir líder dentro dos grupos. Ao mesmo tempo, eles não se sentem representados por aqueles que vão a Brasília discutir melhorias com o governo, o que divide os profissionais. Um exemplo é Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão. Depois de liderar as negociações durante a greve de 2018, ele passou a ser questionado pelos motoristas. Nesse momento, surgiu, pelo WhatsApp, outros candidatos a ocupar o posto, como Wanderlei Dedéco. Mas, ele também não é unanimidade. Dedéco movimentou os grupos de caminhoneiros para uma nova greve entre abril e maio até ser convidado pelo ministro da Infraestrutura para uma reunião. A ida do “líder” a Brasília azedou ainda mais o humor dos motoristas que passaram a criticar e até ameaçá-lo. O fato é que, com medo de uma nova greve que começava a ser organizada pelo aplicativo, o governo correu para tentar apaziguar a situação e prometeu melhorias.

A reboque da movimentação, a equipe de Jair Bolsonaro decidiu lançar um pacote de medidas para o setor. Mas, o plano só serviu para trazer mais problemas. Uma das soluções encontradas foi criar uma linha de crédito para manutenção dos caminhões, com taxas menores. Os caminhoneiros consideram que esta linha crédito trará mais endividamento e, além disso, muitos estão negativados. Nesses 12 meses, os caminhoneiros passaram a enfrentar dificuldade por causa da crise econômica, impulsionada em partes pela própria greve. Muitos têm encontrado dificuldade para conseguir frete e, no desespero, acabam aceitando fazer o transporte por preços abaixo da tabela do frete mínimo. Até agora, uma nova greve só não ocorreu porque a maioria dos caminhoneiros são eleitores de Bolsonaro e querem dar um tempo para o presidente “trabalhar”. Eles entendem que uma nova paralisação afetaria ainda mais a economia e prejudicaria o presidente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.