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14/Out/2019

Varejo: avanço limitado das vendas é preocupante

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Mensal de Comércio referente a agosto de 2019, as vendas do comércio varejista subiram 0,1% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal. Na comparação com agosto de 2018, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,3% em agosto de 2019. As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 1,2% no ano. No acumulado em 12 meses, houve avanço de 1,4%. Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas ficaram estáveis (0,0%) em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal. Na comparação com agosto de 2018, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 1,4% em agosto de 2019. As vendas do comércio varejista ampliado acumularam alta de 3,5% no ano. Em 12 meses, o resultado foi de avanço de 3,7%. O índice de média móvel trimestral das vendas do comércio varejista restrito teve alta de 0,4% em agosto de 2019.

No varejo ampliado, o índice de média móvel trimestral das vendas registrou elevação de 0,2% em agosto. Houve revisão do resultado das vendas no varejo em julho ante junho, de uma alta de 1,0% para avanço de 0,5%. O resultado de maio ante abril também foi revisto, de alta de 0,1% para estabilidade (0,0%). A forte revisão ocorrida nas vendas do varejo foi provocada pela metodologia de ajuste sazonal, e não pela entrada de novos dados de informantes em atraso. A taxa de vendas do varejo ampliado em julho ante junho foi revista de alta de 0,7% para 0,6%. O resultado de junho ante maio saiu de 0,2% para 0,1%, enquanto a taxa de maio ante abril passou de 0,6% para 0,5%. As vendas do comércio varejista estão 5,7% abaixo do pico alcançado em outubro de 2014. No varejo ampliado, o volume vendido em agosto estava 9,1% aquém do patamar recorde alcançado em agosto de 2012. Quatro entre as oito atividades do varejo registraram crescimento nas vendas em agosto ante julho. Na média global, houve leve alta de 0,1% no volume de vendas.

As principais contribuições positivas foram de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,6%) e de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,2%). As demais taxas positivas ocorreram em Livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,8%). Na direção oposta, houve perdas em Combustíveis e lubrificantes (-3,3%), Móveis e eletrodomésticos (-1,5%), Tecidos, vestuário e calçados (-2,5%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,3%). Quanto ao comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume de vendas ficou estável (0,0%) em agosto ante julho. As vendas de veículos, motos, partes e peças caíram 1,7%, enquanto Material de construção recuou 0,8%. Cinco entre oito atividades do comércio varejista registraram recuo nas vendas em agosto deste ano em relação a agosto do ano passado. Na média global, as vendas cresceram 1,3% em relação a agosto de 2018.

As perdas ocorreram em Combustíveis e lubrificantes (-2,9%), Tecidos, vestuário e calçados (-3,4%), Móveis e eletrodomésticos (-1,3%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-17,1%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,5%). O mês de agosto de 2019 teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior. Quanto ao varejo ampliado, houve avanço de 1,4% no volume vendido em agosto ante agosto de 2018, a quinta taxa positiva consecutiva. O setor de Veículos, motos, partes e peças teve crescimento de 2,9%, enquanto Material de construção encolheu 1,6%. O avanço modesto das vendas do varejo restrito em agosto (0,10%) e a estagnação do varejo ampliado podem justificar uma revisão para baixo nas expectativas de recuperação da atividade econômica do País. Os resultados na margem são especialmente frustrantes considerando a redução na base de comparação com julho, já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou o crescimento do mês de 1,0% para 0,50%.

O resultado da PMC reforça a observação de que a recuperação econômica ainda não está consistente, ponto de vista reforçado pelos dados de outros indicadores. É um resultado eloquente com a inflação de agosto (0,11%) e setembro (-0,04%), de recuperação menor da atividade. O baixo grau de atividade mesmo em meio a uma inflação baixa mostra o nível de ociosidade da economia. Em 2017, quando teve uma queda na inflação, teve uma melhora no consumo das famílias. Em agosto, a inflação acumulada caiu a 3,43%, que é um número baixo para a série, mas não houve uma reação convincente. O destaque positivo para a divulgação do varejo em agosto foi o aumento de 0,60% nas vendas de supermercados que, mesmo abaixo do resultado de julho (1,0%), levou o grupo a acumular crescimento de 2,80% na comparação com o mesmo mês de 2018. O dado pode indicar uma melhora no poder de compra das famílias, que voltam a acessar mercadorias básicas. Um crescimento consistente nas vendas de supermercados diz que as pessoas estavam comendo menos do que gostariam.

Por outro lado, o ponto baixo foi o desempenho do varejo ampliado, pressionado para baixo pela queda nas vendas de veículos e motos, partes e peças (-1,70%) e material de construção (-0,80%) na margem. Com o resultado, o volume de vendas acumulado do setor em 2019 oscilou negativamente, de 4,10% para 3,70%. É um número incômodo, porque automóveis e materiais de construção são os itens do varejo mais sensíveis ao crédito. Isso pode frustrar a aposta de que o crédito iria guiar a recuperação. O comércio varejista mostrou perda de ritmo em agosto, mas permanece mostrando recuperação lenta e gradual, calcada, sobretudo, nas vendas de atividades que comercializam itens essenciais, como os supermercados. Aumentou o número de pessoas ocupadas, mas a evolução do mercado de trabalho vem sendo realizada com volume grande de informais. Os trabalhadores informais têm renda média inferior ao trabalhador formal. Isso traz uma limitação para renda. Um crescimento mais vigoroso do varejo depende de uma melhora na qualidade do emprego gerado no mercado de trabalho, com crescimento maior de vagas formais, que deixem mais renda disponível para consumo.

A recuperação do varejo está localizada em algumas atividades. Há concentração da recuperação nos itens básicos, essenciais e contínuos, que não se pode deixar de consumir. No mês de agosto, os destaques voltaram a ser os segmentos de supermercados, com elevação de 0,6% ante agosto, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, com ala de 0,2% nas vendas. Essas atividades (supermercados e outros artigos de uso pessoal e doméstico) há alguns meses vêm sustentando esse crescimento de ritmo no varejo. O varejo avança, mas em agosto continua avançando em ritmo menor do que julho e junho. As vendas dos supermercados crescem há quatro meses consecutivos, acumulando um avanço de 3,8% no período. O setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico crescem por três meses consecutivos, acumulando elevação de 3,3%. A atividade, que inclui lojas de departamento, é a segunda mais pesada do varejo, com participação de 12,5% na pesquisa. Concentra grandes lojas de departamento, artigos esportivos, joias, e uma parcela de vendas online. Basicamente é uma atividade de reposição de cama, mesa e banho, é uma reposição de consumo de uso pessoal e doméstico. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.