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17/Out/2019

EUA x China: dúvidas sobre as compras agrícolas

Embora a China tenha se comprometido a adquirir mais produtos agrícolas dos Estados Unidos, ainda há dúvidas sobre o volume exato, sobre quando serão as compras e sobre as concessões que os Estados Unidos terão de fazer. O governo chinês tenta fazer os norte-americanos desistirem dos planos de impor tarifas de 15% sobre US$ 156 bilhões de bens de consumo a partir de 15 de dezembro, e pode usar as compras agrícolas como parte da negociação. Negociadores chineses continuam afirmando que compras devem ser baseadas em demanda real e feitas a preços de mercado. Os cerca de US$ 50 bilhões em produtos agrícolas celebrados pelo presidente norte-americano Donald Trump estão muito além do que a China gasta historicamente e devem exigir que a China recorra a companhias estatais.

A incerteza continua. As exportações norte-americanas de soja, sorgo, carne suína e outros produtos agrícolas para a China chegaram ao pico em 2013, em cerca de US$ 29 bilhões, caindo para US$ 24 bilhões em 2017, antes do início da guerra comercial. Essas exportações recuaram para US$ 9,2 bilhões nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Donald Trump afirmou, na sexta-feira (11/10), que a China chegará aos US$ 50 bilhões em compras em menos de dois anos, mas a China não confirmou essas projeções e, na terça-feira (15/10), o senador norte-americano Chuck Grassley, presidente da Comissão de Finanças do Senado, disse que queria mais detalhes sobre o acordo.

Também na terça-feira (15/10), o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China afirmou que o governo chinês aumentaria as compras agrícolas dos Estados Unidos, mas não deu detalhes. A compreensão da China sobre as conversas mais recentes entre os países era consistente com o que foi dito pelos Estados Unidos. Oficiais norte-americanos e chineses devem continuar as discussões por telefone nas próximas duas semanas, buscando um acordo parcial que possa ser assinado por Donald Trump e pelo presidente chinês, Xi Jinping, possivelmente no mês que vem. A China poderia anexar condições que permitiriam ao país comprar menos do que o esperado pelos Estados Unidos. Isso poderia ser feito por meio da ampliação do prazo para as aquisições.

Para aumentar substancialmente as compras de carne suína e bovina dos Estados Unidos, a China precisaria retirar as restrições à biotecnologia nesses produtos. O representante de Comércio dos Estados Unidos afirmou que esses assuntos são tão importantes quanto as compras em si. Negociadores chineses liderados pelo vice-premiê Liu He argumentam que os Estados Unido, ao pedirem que empresas da China comprem mais do que precisam, estão fazendo com que o governo chinês pressione suas estatais, como a Cofco. A China já aumentou as compras de produtos agrícolas norte-americanos nas últimas semanas e está disposta a aumentar compras de soja para 30 milhões de toneladas este ano. O país asiático comprou 20 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos este ano, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores da China, número consistente com o levantamento norte-americano.

Para que a meta de compras chinesas seja alcançada em até dois anos, exportações dos Estados Unidos provavelmente teriam de ser redirecionadas de regiões como Europa e Japão. O número dado por Donald Trump representa cerca de um terço das exportações agrícolas norte-americanas anuais, de aproximadamente US$ 150 bilhões. Um empecilho no curto prazo para as compras da China pode ser o plano do governo norte-americano de aumentar as tarifas em dezembro. Os Estados Unidos já cancelaram um aumento de tarifa sobre US$ 250 bilhões em bens chineses que entraria em vigor nesta semana, mas ainda não há decisão sobre as tarifas de dezembro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.