10/Dez/2019

O crescimento constante do agronegócio brasileiro nos últimos anos teve como base a segunda safra para o milho e o algodão e a disponibilidade de áreas de pastagem para migração para agricultura. O Brasil consegue aumentar a produção sem precisar abrir novas áreas. Este ano, o recorde de exportações se deve a dois fatores externos. O primeiro é a guerra comercial dos Estados Unidos com a China, mas em algum momento eles vão se acertar e pode ser em detrimento do Brasil. Carne, milho, soja e algodão puxaram a produção brasileira e o Brasil ganhou espaço no mercado chinês em função dessa guerra comercial. Outro fator é a Peste Suína Africana, que puxou as exportações de suínos e bovinos para a China.

Na China, a situação piora em 2020 e vão tentar recuperar e buscar outras carnes, mas não têm outro lugar para buscar os bovinos. O fator positivo é que o governo chinês vai ser mais rígido com a questão sanitária e isso pode levar o país a importar mais milho e soja do Brasil, pois esse suíno chinês, que hoje come qualquer coisa, passará a ter de comer ração. Existe uma demanda muito grande, não só na China, mas no sudoeste da Ásia, que cresce 6% ao ano. Já são 640 milhões de habitantes que precisam muito dos produtos que o Brasil tem. Conseguimos entrar com 10 frigoríficos habilitados de carne bovina na Indonésia e estamos brigando para entrar com o frango. O agronegócio brasileiro tem um imenso potencial de crescimento. Mais para a frente, teremos a África.

Se conseguir superar os problemas de acesso a esses mercados, o Brasil só vai crescer e será o celeiro do mundo. Para acessar esses mercados, o Brasil precisa construir parcerias estruturais, como fazem nossos concorrentes. O Brasil não fez acordo com quase ninguém. É preciso estabilizar as relações com a Ásia e construir relações com países que ainda não são emergentes. O leste e o sudeste da Ásia e o Oriente Médio são destinos importantes para nossos produtos. Essas três regiões representam 60% das exportações brasileiras do agro. O Brasil exporta US$ 60 bilhões para eles, mas essa região importa cerca de US$ 450 bilhões. Nosso futuro é o sul da Ásia, o subcontinente indiano e a África. O sul da Ásia e a África representam apenas 9% do que exportamos em produtos agrícolas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.