02/Jun/2020
Na esteira de mais uma safra recorde, o setor agropecuário deverá ser o único a fechar com crescimento em 2020. No primeiro trimestre do ano, houve avanço de 1,9% em relação ao mesmo período de 2019 e de 0,6% ante dezembro passado. Isso não significa, porém, que o campo passará totalmente incólume pela pandemia. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revisou sua estimativa de crescimento do PIB do setor neste ano, de um intervalo entre 3,5% e 4% para 2,5%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária começou o ano melhor do que 2019 por causa da soja. A expectativa é que o grão tenha safra recorde este ano, e seu plantio é concentrado na primeira metade do ano, o que impulsiona o PIB no período. A safra de arroz também contribuiu para o resultado positivo. Os reflexos econômicos da Covid-19 poderão se estender até a próxima safra. Os produtores que ainda não fizeram investimentos encontrarão um dólar mais elevado na hora de comprar insumos, como fertilizantes. O setor, geralmente, apresenta efeito retardados da crise.
Agora, há preocupação com o preparo da safra 2020/2021. A agricultura vai colher este ano um dos seus melhores resultados no campo. Se da porteira para fora, os impactos do coronavírus na economia se revelam desastrosos para os balanços de grandes empresas, no agronegócio o ano será de recorde de receita. Levantamento feito pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) mostra que o Valor Bruto da Produção atingirá R$ 728,6 bilhões, aumento de 11,8% sobre 2019, maior cifra em reais da história do setor. Em meio à pandemia, a expectativa é que o PIB do agronegócio passe a responder por 23,6% do total do País. No ano passado, ficou em 21,4%. O dólar alto e os preços firmes das commodities beneficiaram a agricultura. A CNA prevê que o PIB nacional caia 5,8%, previsão que ainda pode ser revista para um número maior. Com a desvalorização do Real, as exportações ficaram mais atraentes ao agricultor. No ano em que os produtores colheram sua maior safra de grãos (250 milhões de toneladas), a expectativa é de que o desempenho possa se repetir em 2021. Mais capitalizados, parte dos produtores rurais já começou a adquirir insumos para o próximo plantio.
Neste mês de maio, os produtores já travaram o preço de 32% da safra do ano que vem, que ainda nem foi plantada. No passado, na mesma época, apenas 8% da produção tinha sido vendida antecipadamente. Em 2017, esse volume era praticamente zero. A soja e o milho foram os grandes carros-chefes da agricultura. Do ganho previsto de R$ 728,6 bilhões, R$ 175 bilhões vão corresponder à receita com a oleaginosa (alta de 13% sobre 2019) e R$ 90 bilhões com o milho (32,9% maior que no ano anterior). A carne bovina vai registrar R$ 139 bilhões da receita, queda de 19,5% sobre 2019. A soja deve avançar sobre outras áreas de cultivo no ano que vem. Com este cenário, a cana-de-açúcar deverá perder espaço. A receita com cana-de-açúcar ficará em R$ 47,4 bilhões, estável sobre o ano anterior. Na Região Centro-Oeste, o agronegócio dá sinais de maior vitalidade. Em quarto do valor adicionado bruto (receita menos despesas) da agropecuária brasileira está concentrado em 165 municípios do País, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No topo das principais cidades com maior contribuição para o PIB do setor, estão Sapezal e Sorriso (MT); Rio Verde (GO); e Três Lagoas (MS) e São Desidério (BA). Juntas, elas somaram 2,2% do valor adicionado bruto da agropecuária em 2017 (último dado consolidado). A cidade de Rio Verde (GO) não tem as melhores condições de solo e clima do Brasil. Os bons resultados no campo refletem o espírito empreendedor dos agricultores da região e dos migrantes que vieram das Regiões Sul e Sudeste do País, que investiram muito em pesquisa e no cooperativismo. Em Três Lagoas (MS), a pecuária está cedendo cada vez mais espaço para os grãos. Para tentar aproveitar a alta do dólar, os produtores de grãos têm negociado sua safra com até cinco meses de antecipação do plantio, previsto só para outubro. Eles recebem por seus produtos agora, com o compromisso de entregar a mercadoria no futuro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.