04/Jun/2020
Com a produção limitada neste início de ano em razão da pandemia do novo coronavírus e consequente contração econômica, mas com resultados potencializados por um dólar mais forte, Suzano e Klabin se preparam para um ambiente de preços estáveis da celulose (com viés de baixa) pelo menos até o final do terceiro trimestre. Para o Citi, tal cenário é reforçado pela forte queda na demanda de papel e cartão (principalmente no segmento de papel de imprimir e escrever) e o consumo de produtos de papéis sanitários (Tissue), que agora recua do pico atingido durante o ápice da crise da Covid-19. Nesse contexto, alguns produtores canadenses, escandinavos e russos de fibra longa já reduziram seus preços entre US$ 10,00 e US$ 20,00 por tonelada na China. No segmento de fibra curta (hardwood), os produtores da América Latina em particular têm perdido participação de mercado. Com uma substituição de fibra, ainda que limitada, proporcionada por fornecedores não tradicionais da América do Norte, África do Sul, Japão e Tailândia.
Esse grupo tem comercializado volumes de fibra curta no mercado chinês por até US$ 450,00 por tonelada pela primeira vez em 10 anos, enquanto o preço dos produtores latino-americanos está em torno de US$ 480,00 e US$ 490,00 por tonelada. Segundo a UBS, em razão da sazonalidade mais fraca na demanda esperada para os meses de junho a agosto, e do excesso de oferta global de celulose, a tendência é de alta nos estoques nos portos, elevam ainda mais o poder de barganha dos compradores chineses nas negociações. Os estoques nos portos, que estavam em uma tendência de queda no segundo semestre de 2019, continuam ainda em um patamar alto. Segundo o Santander, os preços devem permanecer em um patamar mais baixo por um período maior de tempo, apesar de alguns produtores terem anunciado aumento de preços nos últimos meses. Nesta semana, o indicador PIX de celulose para a China registrou queda de US$ 2,00 por tonelada em relação à semana anterior na fibra curta (BHKP), para US$ 468,00 por tonelada.
A fibra longa (NBSK) registrou baixa de US$ 5,00 por tonelada na mesma base de comparação, para US$ 574,00 por tonelada. Essa é a terceira queda semanal consecutiva, o que é um sinal de que os aumentos anunciados em abril podem não ter sido implementados na íntegra, alcançando um sucesso limitado. Qualquer alta recente pode ter curta duração. Com a isso, a diferença de preço entre os dois tipos de celulose diminuiu de US$ 109,00 por tonelada para US$ 106,00 por tonelada no período. Esse intervalo ainda está bem acima da média dos últimos cinco anos, de US$ 70,00 por tonelada. Em 2020, os preços da celulose de fibra curta na China já subiram 2%, enquanto os da fibra longa acumulam alta de 3%. Na Europa, o índice PIX de celulose (preço lista) caiu em 5 euros por tonelada para os dois tipos de fibra, com a fibra curta sendo negociada a 618,00 euros por tonelada, enquanto a longa é vendida a 778,00 euros por tonelada.
No ano, os preços da celulose de fibra curta e longa para o continente europeu acumulam alta de 1% e 5%. Segundo o Itaú BBA, considerando que a Suzano tenha conseguido implementar com sucesso um aumento de US$ 30,00 por tonelada na China em abril, haverá um reflexo positivo nos preços realizados durante o segundo trimestre. O Real mais depreciado também deve ajudar bastante os resultados operacionais de Suzano e Klabin. Se o câmbio permanecer nos patamares atuais, a média do segundo trimestre ficaria abaixo desses R$ 5,50, mas ainda assim bem mais alta do que no trimestre anterior. A Suzano anunciou um aumento de US$ 30,00 por tonelada para Europa e Estados Unidos em maio, mas ainda não está claro se essa implementação vai ser bem sucedida. Nessas regiões, a atividade ainda está em um estágio da crise anterior ao da China e, portanto, o ambiente é mais desafiador. Outro ponto favorável é que Suzano e Klabin não têm paradas programadas nos próximos meses.
Como contraponto, pode-se citar a redução do nível de atividade econômica no Brasil, que deve trazer impacto no consumo de papéis, principalmente de imprimir e escrever. Inclusive, por isso, a Suzano anunciou a paralisação de duas fábricas de papel por 60 dias, reduzindo a produção em 50 mil toneladas. Importante ressaltar que a divisão de papel da Suzano responde por apenas 10% do Ebitda. Mesmo diante das incertezas geradas pela pandemia, a Suzano alcançou recorde de vendas de celulose para um primeiro trimestre neste ano, comercializando 2,856 milhões de toneladas. O mercado de embalagens, mais relevante para Klabin, piorou um pouco em maio, mas ainda não há dados oficiais que comprovem a retração. Em abril, conforme levantamento da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), as vendas de papelão ondulado utilizados em embalagens (caixas, acessórios e chapas) caíram 10,89% ante março e 2,37% em relação ao reportado em abril de 2019. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.