29/Jun/2020
A China está aumentando as restrições à importação de alimentos para impedir o ressurgimento do novo coronavírus no país, mas seus esforços estão enfrentando alguma resistência de agências governamentais e de grandes exportadores de alimentos. O Departamento de Alfândegas da China pediu que as empresas que exportam carne, lácteos e outros alimentos ao país assinem documentos declarando que os produtos não foram contaminados pelo vírus e estão em conformidade com as leis chinesas e as diretrizes internacionais de segurança alimentar durante a pandemia de Covid-19. As autoridades chinesas também pediram que as empresas concordem em tomar todas as medidas necessárias para eliminar os riscos à segurança alimentar se encontrarem casos suspeitos de coronavírus, segundo executivos da indústria de carne e exportadores que receberam a carta. A China resolveu enviar as solicitações depois que um surto de Covid-19 em Pequim neste mês foi associado a um mercado atacadista de carnes e vegetais.
Autoridades de saúde da cidade disseram ter encontrado o coronavírus em uma tábua de corte pertencente a um vendedor de salmão importado. Isso levou a inspeções de segurança em armazéns, supermercados e outras instalações de manipulação de alimentos. O secretário de Agricultura dos Estados Unidos e o comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) norte-americano afirmaram, em comunicado conjunto, que não há evidência de que o novo coronavírus possa ser transmitido por alimentos ou pela embalagem dos alimentos. Os esforços de alguns países para restringir exportações globais de alimentos por causa da Covid-19 não são consistentes com o que se sabe cientificamente sobre a transmissão. O Departamento de Alfândegas da China não respondeu a um pedido para comentar o assunto. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e autoridades de Comércio do país inicialmente alertaram exportadores de alimentos sobre a assinatura de tais documentos, disseram fontes.
Porém, na semana passada, autoridades federais dos Estados Unidos optaram por deixar a decisão para as empresas exportadoras. A maior parte dos produtores de aves nos Estados Unidos forneceu ao importador uma declaração conforme foi solicitado pelas autoridades chinesas, para ajudar a garantir que seus produtos não serão rejeitados no porto, como ocorreu com a maioria das empresas de todo o mundo, segundo o Conselho de Exportação de Aves e Ovos dos Estados Unidos. Algumas empresas assinaram os documentos da China e outras apresentaram suas próprias versões. Pequim registrou mais de 250 casos do novo coronavírus desde 11 de junho. As principais autoridades de saúde do país disseram não haver evidências de que o coronavírus foi transmitido pelo salmão importado. Mesmo assim, a China suspendeu recentemente a importação de carne de pelo menos quatro unidades dos Estados Unidos, do Brasil e da Europa, citando surtos de Covid-19 entre trabalhadores das plantas. Alguns executivos da indústria de alimentos dos Estados Unidos temem que a China possa usar esses atestados como um motivo para rejeitar ou atrasar os embarques de produtos.
Eles também afirmaram ter reservas quanto a assinar um atestado sem saber com quais leis e regulamentos chineses eles concordariam. A Tyson Foods afirmou que a empresa concordou com o pedido da China. A Austrália afirmou que está desencorajando alguns exportadores de alimentos de assinar declarações adicionais de segurança alimentar para produtos que vão para a China. Algumas associações comerciais e importadores chineses buscaram garantias individuais junto a produtores de alimentos canadenses, o que o governo do Canadá está deixando a critério das empresas. O Ministério das Indústrias Primárias da Nova Zelândia confirmou que os exportadores também receberam o pedido da China para assinar uma declaração sobre Covid-19, algo que entendeu ser voluntário. Os esforços da China para testar produtos e buscar garantias dos exportadores podem parecer exagerados, uma vez que é improvável que o vírus seja transmitido por alimentos importados. Eles estão sendo excessivamente cautelosos neste momento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.