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21/Jul/2020

Estudo da Science avaliado pela Embrapa e Mapa

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o setor agropecuário brasileiro como um todo não pode ser condenado em nome de pessoas de má-fé que desmatam ilegalmente. Sobre o estudo da revista Science, que aponta que 17% da carne produzida nos biomas Cerrado e Amazônia e exportada para a União Europeia, além de 20% da soja, estão potencialmente contaminadas com o desmatamento ilegal, a Embrapa já demonstrava que quem desmata ilegalmente é um grupo pequeno e que não é representativo de todo o agronegócio. Porém, há situações de desmatamento ilegal que precisam ser resolvidas. Enquanto isso não for resolvido, o setor vai ser muito cobrado. A metodologia empregada no estudo foi elogiada. É um artigo científico, que passou por avaliação dos pares e que demonstra toda a base numérica sobre a qual foi elaborado. Agora, o que o agronegócio citado no estudo (soja e pecuária) precisa fazer é mergulhar nos números e ver como melhorar.

Esta foi, inclusive, a posição do Ministério da Agricultura, que divulgou nota oficial sobre o estudo. O ministério admitiu que os números estão aí e vai trabalhar neles agora, com um grupo de pesquisadores. O agronegócio não tem que negar indefinidamente que não há desmatamento na Amazônia e no Cerrado e sim, tentar aparar as arestas. Uma advertência em relação à pesquisa, entretanto, é que o boi de áreas desmatadas ilegalmente para contrabando de madeira foi incluso como sendo de propriedades pecuárias. Neste caso, a 'atividade econômica' não é a pecuária, e sim a venda ilegal de madeira. O grileiro desmata para vender a madeira. Ele tira a madeira, faz o contrabando e depois coloca fogo na área. Aí surge um capim e ele solta o gado ali para tomar posse da área. Coloca o boi ali só para dizer que tem alguma atividade agrícola e aí entra também o crime imobiliário, pois acaba vendendo a terra como propriedade rural com exploração agrícola.

Tem-se, então, a falsa imagem de que é a pecuária que é a responsável pelo desmatamento e pelas queimadas, quando na verdade é a venda ilegal de madeira, a especulação imobiliária e em alguns casos mineração. Mesmo assim, o agronegócio só deixará de ser cobrado por causa de questões ambientais quando tomar as seguintes atitudes: implementar completamente o Código Florestal, encontrar a melhor solução para a regularização fundiária no País e combater o desmatamento ilegal, que não é uma parcela grande, como o próprio estudo mostra, mas causa um estrago enorme à imagem do setor no Brasil internamente e no exterior. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que o estudo publicado na revista Science sobre desmatamento ilegal no País mostra que a maior parte dos produtores brasileiros atua dentro da legalidade. O rastreamento nas cadeias de soja e carne é muito rígido. O estudo mostra que a grande parte do desmatamento ilegal do Brasil está dentro de 2% das propriedades.

Isso significa que a vastíssima maioria do agronegócio brasileiro é legal e conforme. O setor está numa escala de melhoria crescente. Pode ser que a velocidade não seja adequada na visão de todos, mas o caminho é o correto. Se forem analisados todos os países que têm o mesmo grau de desenvolvimento do Brasil, dificilmente se achará um setor de agronegócio com grau de legalidade tão alto. No estudo divulgado na revista Science, é calculado o peso da contribuição do desmatamento ilegal em propriedades privadas cuja produção é exportada para a União Europeia. Cruzando dados de satélite sobre a perda de floresta com informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR), um grupo de pesquisadores de Brasil, Estados Unidos e Alemanha avalia que apenas 2% das propriedades localizadas na Amazônia e no Cerrado são responsáveis por 62% do desmatamento ilegal na região, mas uma parcela dessa devastação estaria ligada a commodities agrícolas de exportação.

O estudo estima que cerca de 20% da soja e pelo menos 17% da carne produzidas na Amazônia e no Cerrado e exportadas para a União Europeia estão potencialmente contaminadas com desmatamento ilegal. A entidade argumenta que não se pode falar em 20%, porque o próprio estudo fala de potencialmente, e o potencialmente pode ser 2%, 10%, 15%. Basicamente, toda a soja exportada para a Europa passa por um processo rigoroso de rastreabilidade há muito tempo, é uma exigência dos compradores europeus. Esse processo foi e está sendo muito bem feito. Com relação à carne, o rastreamento é feito na última etapa, na fazenda que entrega o boi para abate, mas ainda não nas etapas anteriores da cadeia, de cria e recria. O processo que leva até o bezerro está em construção. Há uma força-tarefa que reúne os stakeholders do setor da carne trabalhando sobre isso. Ainda há aprimoramentos a serem feitos, mas o controle da carne para exportação é muito bem feito. O problema do desmatamento ilegal no País, que tem crescido, é preocupante e prejudica a imagem do Brasil, mas a relação com o agronegócio é mínima.

O grande problema do desmatamento não é culpa do setor privado e não tem como o setor privado atacar, porque é um problema de polícia e de justiça. Não cabe ao setor privado dar uma resposta ao mercado externo sobre o estudo publicado na Science. Se tem alguém que tem que dar uma resposta é o Brasil, com o controle do desmatamento ilegal e a redução da criminalidade da Amazônia, fazendo valer as leis brasileiras. A recepção do estudo no exterior não deve causar problemas de redução de demanda por soja ou carne brasileiras no curto prazo. Pode ter algum problema se o País repetir o aumento forte de desmatamento e das queimadas. Mas, caso o Conselho da Amazônia consiga, através de suas operações, manter isso num nível aceitável e demonstrar, no decorrer dos próximos períodos, um processo de redução de desmatamento, aí o Brasil vai estar mandando os sinais completos ao mundo que, além de ter um excelente agro, tem também um excelente processo de controle ambiental. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.