ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

02/Set/2020

Investimentos poderão ser o driver da retomada

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o tombo do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre foi maior do que o esperado pelo mercado e sua composição mostra um setor de serviços fragilizado e os investimentos e a construção civil como potencial vetor de recuperação. Frente ao primeiro trimestre do ano, o PIB do Brasil cedeu 9,7%, na série com ajuste sazonal. Talvez a boa notícia do PIB tenha sido pelo lado da construção civil, porque tanto o Monitor do PIB da FGV, quanto o Ipea esperavam quedas mais fortes. Na margem, a construção cedeu 5,7%, menos do que a previsão de -9,9% da FGV. Os investimentos, com os quais a atividade se correlaciona, caíram 15,4%, bem menos do que os -23,3% esperados pela instituição. Na outra ponta, é destaque a contração mais forte que o esperado nos serviços (-9,7%, ante projeção de -8,2%).

Houve a surpresa negativa nos serviços públicos, que parecem ter sido muito impactados com a pandemia. O grupo administração, saúde e educação públicas e seguridade social cedeu 7,6% no segundo trimestre. As aberturas do PIB do segundo trimestre evidenciam uma dinâmica de forte disparidade no ritmo da recuperação da economia. É esperada recuperação do setor de bens, com ênfase para o comércio e para a indústria da transformação, mas o setor de serviços deve continuar com desempenho negativo nos próximos meses. Não há uma retomada completa das atividades. Ainda existem restrições de mobilidade, e isso impacta o transporte, o turismo, a recreação, a alimentação fora do domicílio. Isso é difícil porque são setores intensivos em mão de obra.

Haverá o desafio de geração de empregos em um momento no qual o governo não tem orçamento para transferir renda para todo mundo. Esses setores só teriam chance de se recuperar a partir da segunda metade de 2021, com uma vacinação em massa da população. O próprio perfil da crise desencadeada pelo coronavírus fez com que os empresários desses setores reduzissem os postos de trabalho e investissem em tecnologia. O problema é que a renda do trabalho não vai se recuperar ainda neste ano. O anúncio do governo de extensão do auxílio emergencial até dezembro, mesmo com parcelas de R$ 300,00 por mês, é compatível com uma queda de 5,4% para o PIB este ano. À medida em que essas liberações de renda caem, o potencial de crescimento vai se perdendo se não houve recuperação do trabalho e os desafios são jogados mais para o médio prazo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.