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02/Mar/2021

Alta dos preços das commodities favorece o Brasil

Apesar de a Covid-19 estar ainda muito longe de ser debelada no mundo, as economias dos países, em geral, vêm se recuperando de forma razoavelmente rápida da forte queda provocada pela pandemia. A China é o maior exemplo disso. Um dos principais efeitos desse cenário é o aumento da demanda e, consequentemente, dos preços, das matérias-primas. De abril do ano passado até agora, as cotações em dólar das 19 principais commodities agrícolas, metálicas e de energia haviam subido, em média, 40%, de acordo com o índice Commodity Research Bureau (CRB), indicador que é referência no comportamento das matérias-primas. É um avanço que interessa diretamente ao Brasil, um dos maiores fornecedores mundiais de produtos importantes, como soja, milho, carnes e minério de ferro. Ainda não está claro se o mundo caminha para um novo “superciclo” das commodities, nos moldes daquele que se iniciou na primeira década dos anos 2000.

Os preços atuais ainda estão 16,1% abaixo do pico registrado pelo CRB, em 2011. O que está evidente é que essa alta de preços abre boas perspectivas para o País. No ano passado, as exportações brasileiras de soja subiram 9,6% e as de minério de ferro, 20,3%, em relação a 2019. A alta do minério de ferro (que ultrapassa os 70% em relação ao início do ano passado) trouxe efeito, por exemplo, para as ações da Vale, que mais que dobraram de valor em relação ao início da pandemia. E fez com que a CSN conseguisse levantar R$ 5,2 bilhões com a abertura de capital de sua unidade de mineração, movimento que vinha sendo ensaiado há muitos anos. Enquanto indústria, varejo e serviços sentiram o baque provocado pelos efeitos da Covid-19, o campo comemorava uma alta de quase 40% na renda obtida com a venda de grãos, fruto de uma safra recorde no País de mais de 250 milhões toneladas. Já a recuperação dos preços do petróleo, que haviam desabado no início da pandemia, teve consequências. Nesse caso, positivas e negativas, para a Petrobras.

O superciclo das commodities anterior trouxe um período de bonança para o Brasil. Foram anos de fortes crescimentos do PIB. Entre 2004 e 2008, o País cresceu, respectivamente, 5,8%, 3,2%, 4%, 6,1% e 5,1%. Essa boa fase, porém, acabou camuflando os problemas estruturais e as grandes reformas econômicas foram deixadas de lado. Quando o tempo de fartura se foi, o Brasil acabou mergulhando em uma forte recessão, da qual até hoje não conseguiu se recuperar. Seja este um superciclo ou não, é importante não perder de vista que os problemas estruturais do País precisam ser atacados com urgência. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), um eventual superciclo não seria capaz de resolver a questão fiscal, nem acelerar o potencial de crescimento do País de forma significativa. Este segue travado pelo ambiente de negócios muito ruim, que não vai ser resolvido por um novo boom de commodities.

O sentido de urgência poderia amainar um pouco, mas o problema não estaria resolvido e o potencial de crescimento sustentado não aumentaria de forma significativa. A forte escalada nos últimos meses dos preços das matérias-primas (como soja, milho, minério de ferro e cobre) levantou a discussão de que um novo ciclo de alta de cotações das commodities pode estar a caminho. Mas, não há consenso entre os economistas sobre um novo boom. Há uma grande chance de que esteja acontecendo um novo super ciclo de commodities. Desde a recuperação da crise de 2008, esse movimento tem se mantido. As altas do petróleo dão mais sinais. Alguns acreditam que atualmente ocorre “um mini ciclo positivo de commodities”. Pode ser apenas um momento de alta de preços, uma recuperação do tombo sofrido em 2020. Apesar das diferentes avaliações sobre a duração da alta, isto é, se, de fato, trata-se de um novo ciclo ou não, há razões objetivas que impulsionam para cima os preços das commodities.

Depois do baque na atividade provocado pela pandemia, existe uma recuperação global sincronizada das economias. Além disso, a preocupação crescente com uma matriz energética mais limpa pode ampliar a procura de commodities minerais ligadas a essa mudança. O Fórum Econômico Mundial estima que 1,5 bilhão de pessoas vai migrar para classe média na Ásia nos próximos nove anos, com destaque para a Índia, que deve crescer entre 6,5% e 7% no período. Isso indica um grande potencial de aumento da demanda por commodities agrícolas, especialmente de proteína animal, para alimentar essa população. O cenário é extremamente positivo para o Brasil que produz essas commodities. Também a injeção US$ 1,9 trilhão de recursos sinalizada pelo governo de Joe Biden na economia dos Estados Unidos deve impulsionar a demanda e os preços de commodities metálicas para investimentos em infraestrutura no país.

O crescimento da China, que fechou 2020 com avanço de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em meio à pandemia, e que deve se manter forte neste ano, somado à depreciação esperada do dólar no mercado externo por conta de políticas de estímulo dos governos podem ter impacto positivo nos preços das commodities. Há uma saída dos fundos de posições na moeda norte-americana para fundos de commodities, porque justamente existe um fundamento sólido no crescimento chinês. Na sua avaliação de alguns economistas, o que sustenta a alta de preços das commodities neste momento (alimentos, petróleo e minério de ferro) é a imensa liquidez de recursos no mercado internacional. Na falta de melhores opções de investimento, esse dinheiro acaba sendo aplicado em mercados futuros de commodities. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.