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12/Jul/2019

Preços do algodão em baixa podem afetar plantio

Os produtores de algodão de Mato Grosso, Bahia e Goiás projetam bons rendimentos para a fibra na safra 2018/2019, que está sendo colhida e beneficiado neste mês. Entretanto, para a temporada 2019/2020, que será plantada a partir do fim do ano, as quedas dos futuros na Bolsa de Nova York preocupam e já afetam a intenção de plantio: em Mato Grosso e Goiás, os produtores aventam reduzir a área, enquanto na Bahia a perspectiva é de estabilidade. Na Bolsa de Chicago, os contratos para entrega em dezembro acumulam perdas de quase 13% em 2019. Em Mato Grosso, maior Estado produtor da fibra, a produtividade neste ano deve ser similar à do ano passado. O algodão não teve perdas em baixeiro causadas por excesso de chuva como as que ocorreram no sul do Estado. No ano passado, a safra teve alta produtividade, então, sendo possível manter os níveis de produtividade, muitos produtores consideram já estão satisfeitos. Entretanto, como a área plantada cresceu no Estado, a produção deve superar a obtida no ano anterior.

Para a safra 2019/2020, existe a possibilidade de redução de área, em virtude da piora nas condições de mercado. Na região de Sorriso, os produtores plantam algodão em 2ª safra, e a outra opção é o milho, está com perspectiva de preço mais remunerador. Apesar da expectativa de menor plantio, o uso de tecnologia deve se manter. Para a atual safra, as preocupações são duas: como escoar esse algodão e a necessidade de caixa para carregá-lo em estoque por mais tempo. A grande preocupação é a questão logística. A produção deve ser carregada no primeiro semestre do ano que vem. A exportação do Brasil, que antes ficava concentrada no segundo semestre, agora está diluída ao longo de todo o ano. Para tanto, será preciso colaboração dos bancos, com crédito a juros baixos, para que seja possível carregar esse estoque. Segundo a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), as produtividades estão surpreendendo positivamente na Bahia. Ainda assim, o rendimento deve ficar abaixo do verificado no ciclo anterior.

No ano passado, a situação climática foi excelente e este ano não foi tão boa. No ano passado, a colheita foi de 333 arrobas por hectare, e neste ano deve ser de 300 arrobas por hectare, o que, de qualquer forma, é uma produtividade de algodão a nível mundial que pode ser considerada muito boa. É a maior produtividade de algodão não irrigado do mundo. Como no Estado a área também aumentou ante o ciclo passado, a previsão de produção é 17% maior na Bahia, de 625.643 toneladas. À medida que a colheita se intensificar, o rendimento tende a subir em relação aos primeiros resultados. Os produtores da Bahia, contudo, estão preocupados com a queda recente dos preços internacionais, que nos últimos dois meses gerou uma perda de 20% no faturamento. O recuo das cotações influencia a decisão de plantio. No próximo ano, a área deve crescer no máximo entre 5% a 6% em função disso ou, até mesmo, pode nem crescer, depende do que acontecer nos próximos meses. Entretanto, as cotações estão pressionadas em virtude da guerra comercial e não dos fundamentos.

Os estoques de algodão a nível mundial estão mais baixos do que o ano passado. A expectativa é de que o mercado retome à faixa de 70,00 a 73,00 centavos de dólar por libra-peso para o produtor. A estimativa é de que 65% a 70% da safra que está sendo colhida já foram negociados. Mas, com os preços em torno de 60,00 centavos de dólar por libra-peso, o produtor está se aproximando do custo de produção. Se os preços se mantiverem nesse nível ou caírem ainda mais a remuneração será muito baixa, porém, de qualquer forma, o Brasil não pode recuar no espaço que conquistou no mercado mundial e nem nos investimentos que foram feitos. Então, produtor deve continuar plantando algodão, mesmo que o ganho seja pequeno. Porém, não deve haver aumento de área. Já o investimento em insumos tende a ser mantido, pois a cultura do algodão é extremamente exigente, tanto em tecnologia como em tratos culturais, colheita, beneficiamento e armazenagem. O que foi freado é o investimento em infraestrutura e máquinas.

Segundo a Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), as produtividades nas lavouras já colhidas em Goiás estão acima da expectativa. As primeiras áreas perderam bastante maçãs por apodrecimento das chuvas de abril, mas, a produção ainda é considerada satisfatória. A Agopa prevê safra de 70.686 toneladas (+23%). Da safra que está sendo retirada do campo em Goiás, 50% já foi vendida. Os produtores que comercializaram pegaram preços mais altos. Os que não comercializaram vão repensar o plantio em função da rentabilidade. Os preços atuais estão remunerando menos do que a soja. O preço precisa estar em pelo menos 70,00 centavos de dólar por libra-peso para remunerar. Hoje, o break-even (patamar em que a despesa iguala a receita) é 60,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.