05/Set/2019
A comercialização de algodão no mercado interno evolui pouco, com vendedores e compradores retraídos. Parte das fábricas continua fora do mercado, aguardando para ver se o dólar vai se estabilizar no atual patamar. Os vendedores seguram a oferta, na expectativa de preços mais altos. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra queda de 0,09% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,46 por libra-peso. Em São Paulo, a indústria até demonstra mais interesse em negociar nesta semana, mas nenhuma venda foi relatada. Desde que o dólar passou dos R$ 4,00 ficou mais difícil efetuar negócios. Algumas têxteis começaram a demonstrar interesse por maior volume, mas o fluxo das compras não é expressivo. Há registro de negócios com lotes pontuais para entrega em indústria do Estado entre R$ 2,44 e 2,45 por libra-peso, para algodão fio com entrega imediata, abaixo do preço indicado pelo vendedor, de R$ 2,48 por libra-peso.
Os vendedores privilegiam o cumprimento de contratos fechados anteriormente. O produtor está reticente com o patamar atual de preços. Ele prefere administrar os contatos antigos que foram fechados com preço acima do que seria pago hoje no disponível. Quando há oferta, os lotes são de qualidade inferior e de características variadas. Em mato Grosso, o preço está entre R$ 2,35 e R$ 2,40 por libra-peso, para entrega imediata em São Paulo. O recuo nas cotações praticadas na Bolsa de Nova York, que influencia o preço nacional, contribui também para travar a comercialização para entrega futura. Tradings indicam preço 300 pontos abaixo da Bolsa de Nova York, enquanto os produtores indicam entre 63,00 e 64,00 centavos de dólar por libra-peso, para entrega em dezembro. Diante disso, não há acordo sobre o preço e não há finalização de negócios. No atual nível de preço, só produtor que precisa de caixa aceita vender.
Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) reporta desvalorização da pluma, na esteira do desempenho dos contratos futuros na Bolsa de Nova York. A paridade de exportação dezembro/2019 se manteve pressionada durante todo o mês de agosto, apresentando uma baixa semanal de 1,74%, a R$ 79,86 por arroba. Com esse cenário de incertezas, os produtores de Mato Grosso estão priorizando as entregas de contratos já fixados, e aguardando a retomada de bons preços no mercado externo para obterem novos negócios. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão registram queda de 1,33% nos últimos sete dias. Nesta quarta-feira (04/09), o vencimento dezembro, o mais líquido, ganhou 34 pontos (0,60%) e fechou a 58,21 centavos de dólar por libra-peso. A baixa na Bolsa de Nova York afastou também as consultas para exportação da fibra brasileira.
Além disso, a falta de sinalização dos desdobramentos da disputa comercial entre Estados Unidos e China arrefeceu a demanda externa pela pluma brasileira. Sobre a exportação brasileira, o Rabobank considera que a expansão de mercados da pluma originada no Brasil ameaça a produção australiana de fibra natural. As safras dos dois países competem no mesmo período do ano com qualidade similar. Contudo, o algodão brasileiro tem a vantagem de um custo de produção menor. Entretanto, por enquanto a ameaça do Brasil é um pouco abafada pelo impasse comercial entre Estados Unidos e China e pela seca na Austrália que prejudicou as lavouras locais, o que significa que o algodão brasileiro está preenchendo uma lacuna de oferta em vez de conquistar participação de mercado. Espera-se que o Brasil aumente sua influência nos mercados local e global, especialmente porque deve superar as atuais restrições de infraestrutura. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.