12/Set/2019
O mercado interno de algodão está um pouco mais aquecido, com fábricas das Regiões Sul e Sudeste demandando lotes para entrega imediata. O ritmo de comercialização, contudo, evolui pouco. Os produtores seguram a oferta disponível enquanto atendem contratos fechados anteriormente. Em geral, o interesse da indústria ainda é pontual, pois o mercado das têxteis está muito parado. As indústrias alegam que o consumo final do produto está baixo, em mínimas históricas. Algumas fábricas devem estender até dezembro o uso da pluma estocada. Antes, previam zerar essas reservas até meados de setembro e outubro. Parte das fábricas busca pluma para mesclar com lotes comprados anteriormente a preços acima dos atuais. Algumas têxteis buscam oferta ainda não comprometida, para mesclar com algodão adquirido mais caro na safra passada e baixar o preço médio final. A pluma disponível neste segundo semestre deve atender contratos com tradings ou entrega de futuros fechados previamente.
A oferta no spot está restrita e, quando há disponibilidade, os lotes têm características abaixo do que as fábricas nacionais costumam comprar. Os produtores permanecem focados no cumprimento de contratos que foram fechados por valores mais altos do que os praticados atualmente, tanto no mercado interno, quanto no externo. Os produtores estão reticentes com o atual patamar de preços, no aguardo de uma reação para negociar. Em Mato Grosso do Sul, há registro de negócios pontuais no spot entre R$ 2,40 e R$ 2,45 por libra-peso, para produto colocado na indústria em São Paulo. Em São Paulo, o valor indicado por produtores está entre R$ 2,44 e 2,45 por libra-peso FOB, para pluma de qualidade superior, enquanto os compradores indicam entre R$ 2,37 e 2,38 por libra-peso nas mesmas condições. Essa disputa entre os agentes atrapalha os negócios. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,59% nos últimos sete dias, passando de R$ 2,45 para R$ 2,44 por libra-peso.
No acumulado do mês, a baixa é de 20%. Nesse cenário, ora compradores estão mais flexíveis em pagar preços maiores, ora vendedores cedem nos preços, resultando em oscilações nas médias diárias. Para entrega futura, com lotes da próxima safra, a comercialização está praticamente parada, em virtude do recuo nas cotações praticadas na Bolsa de Nova York. Os patamares de rentabilidade e de câmbio atuais não compensam a venda pelo produtor. Nesse mesmo período do ano passado, o produtor fixava contrato com entrega futura entre 70,00 e 75,00 centavos de dólar por libra-peso. Hoje, o preço médio está entre 60,00 e 65,00 centavos de dólar por libra-peso, para entrega em setembro e outubro de 2020. No acumulado do ano, os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York cederam 19%. Nos últimos sete dias, os contratos desse vencimento registram alta de 2%, passando de 58,21 centavos de dólar por libra-peso para 59,34 centavos de dólar por libra-peso.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório divulgado no dia 10 de setembro, elevou por mais um mês a produção nacional da safra 2018/2019. Com a colheita praticamente encerrada, a previsão é de crescimento de 35,9% na produção, com volume de 2,7 milhões de toneladas do algodão em pluma. "Entre os motivos estão a taxa de câmbio, a evolução dos preços e outros fatores, que levaram os produtores a expandir a área plantada, principalmente nos estados da Bahia e Mato Grosso. Com isso, a previsão de exportação da pluma também deverá superar a do ano passado em cerca de 50%, alcançando pela primeira vez a marca de 1,5 milhão de toneladas. A maior oferta é resultado dos reajustes positivos de 0,5% na área semeada (para 1,618 milhão de hectares) e de 0,8% na produtividade (1.685 quilos de pluma por hectare) frente aos dados de agosto/19. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.