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04/Out/2019

Mercado de algodão lento e compradores retraídos

A movimentação no spot é lenta no Brasil. As fábricas fazem compras pontuais, esperando para ver se o dólar vai recuar, o que pressionaria os preços internos em um cenário de safra recorde. Por enquanto, as ofertas de tradings internamente estão acima do que indústrias se dispõem a pagar. Os produtores continuam direcionando a maior parte da fibra para cumprir contratos. No acumulado mensal, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra ganhos de 0,21%. As fábricas indicam R$ 2,47 por libra-peso, para pronta entrega na Região Sudeste, mas tradings ofertam algodão internamente na faixa de R$ 2,57 por libra-peso. Os produtores dão prioridade ao cumprimento de acordos fechados anteriormente a preços mais altos. Os compradores estão retraídos, esperando para ver se o dólar cai ou não e se daqui a pouco começam a aparecer novos lotes direto de produtor, que normalmente precisa fazer dinheiro rápido agora para começar o plantio.

Por ora, as fábricas adquirem a fibra da mão para a boca. No ano passado, nesta época, já tinha vendas para fábricas até o fim da safra. Mas, agora, há dúvidas quanto ao câmbio. Assim, só há compras quando surge necessidade. Duas questões influenciam nesse posicionamento: as vendas fracas de fios e a expectativa de sobra de algodão após a colheita volumosa. A partir deste mês, podem chegar mais volumes no spot, especialmente da Bahia, porque no Estado a maior parte dos contratos é para entrega de julho a setembro, enquanto em Mato Grosso o período mais comum é de agosto a outubro. Quanto a possíveis cancelamentos ou reprogramação na exportação, o comentário no mercado é de que os compradores tradicionais estão cumprindo contratos, enquanto os esporádicos reclamam da divergência entre os preços em que adquiriram o algodão e as cotações atuais. As renegociações envolvem rolagem de contratos ou cancelamentos com multas, especialmente para destino China.

Ainda assim, no mês de setembro, as exportações de algodão do Brasil totalizaram 142,4 mil toneladas em setembro, alta de 62% ante igual mês de 2018, quando o Brasil havia embarcado 87,9 mil toneladas ao exterior. A receita somou US$ 228,8 milhões em setembro, 49,73% acima do desempenho de setembro do ano passado (US$ 152,8 milhões). Em relação a agosto de 2019, o volume embarcado ficou 243% acima das 41,5 mil toneladas do mês passado. A receita em setembro subiu 246% ante agosto/2019, quando o Brasil havia obtido US$ 66,1 milhões com a exportação da fibra. Quanto à safra 2019/2020, os compradores indicam 100 pontos acima do vencimento dezembro de 2020 na Bolsa de Nova York, mas os produtores desejavam de 500 a 700 pontos acima. Como os produtores estão entregando algodão negociado acima de 80,00 centavos de dólar por libra-peso e, atualmente, os preços estão entre 69,00 e 70,00 centavos de dólar por libra-peso, o cenário não é favorável para aumento de área no País.

Já não tem aquela margem que teve na safra 2018/2019. Os futuros na Bolsa de Nova York estão de lado após perdas recentes com a melhora da expectativa sobre a negociação comercial entre Estados Unidos e China. Houve sinais tanto do lado dos Estados Unidos quanto do lado da China de boa fé, de tirar taxas. A maioria dos players neste momento está esperando para ver o que vai acontecer, se vai ter uma resolução da guerra comercial. Se a guerra comercial continuar, há maior possibilidade de uma piora no cenário econômico global. Contudo, se a disputa entre os dois países se atenuar, fiações podem ganhar confiança e entender o atual patamar de preços como bom para comprar. Por enquanto, a demanda externa por algodão é limitada. A safra brasileira está entrando agora, a dos Estados Unidos chega daqui a pouco. As duas são grandes e de boa qualidade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.