06/Nov/2019
Com as exportações pagando mais que o mercado brasileiro, os embarques de algodão em pluma estiveram intensos ao longo de outubro, somando 273,4 mil toneladas, quase o dobro do volume de setembro/19 e um recorde. Essa quantidade superou em 20% o recorde anterior, observado em dezembro/18, de 227,9 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O faturamento, por sua vez, foi de US$ 440,7 milhões, 92% acima do de setembro (US$ 229,5 milhões) e 43,7% maior que o de outubro/2018 (US$ 306,8 milhões). O preço médio em outubro foi de US$ 73,11 centavos de dólar por libra-peso (ou de R$ 2,98 por libra-peso), ou seja, 19,7% superior ao das negociações no mercado interno, mas apenas 0,2% acima do observado em setembro (72,95 centavos de dólar por libra-peso) e 6,9% inferior ao preço médio de outubro/2018. Ressalta-se que a paridade de exportação segue acima dos valores domésticos desde o final de agosto, cenário que limita quedas nos preços internos ou até mesmo os eleva.
Assim, os vendedores têm priorizado entregas de contratos a termo, especialmente para exportação, sendo que boa parte da safra 2018/2019 já está comprometida. Fechamentos de novos contratos para exportação foram realizados ao longo de outubro, envolvendo a pluma das safras 2018/2019 e 2019/2020. Os preços, por sua vez, variavam entre os fixos (em Reais ou em dólar) e baseados nos contratos da Bolsa de Nova York, para serem fixados posteriormente. Para entrega no curto prazo, lotes de pluma com características inferiores também foram negociados. A liquidez está baixa no mercado spot brasileiro. Os compradores estão ativos, mas a dificuldade em encontrar o produto dentro das características desejadas limita novos negócios. Assim, muitos trabalham com a matéria-prima já contratada. Os comerciantes realizam negociações “casadas” e adquirem a pluma para cumprimento de contratos. Os vendedores, por sua vez, estão firmes nos preços, mas a maioria dos lotes disponibilizados apresenta ao menos uma característica.
Entre 30 de setembro e 31 de outubro, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 1,49%. A média do outubro, de R$ 2,49 por libra-peso, superou em 1,49% a de setembro/2019, mas ficou 21,01% abaixo da média de outubro/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de setembro/2019). Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra avanço de 1,62%, cotado a R$ 2,52 por libra-peso. De 30 de setembro a 31 de outubro de 2019, a média da paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,60 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, alta de 2,52% em relação à do mês anterior, mas queda de 8% frente à de outubro/2018 (R$ 2,82 por libra-peso).
Os contratos na Bolsa de Nova York acumularam alta em outubro, influenciados pela expectativa otimista nas negociações entre os Estados Unidos e a China, pelo crescimento do PIB norte-americano, pelo bom desempenho das vendas dos Estados Unidos, pelo avanço do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, que tende a estimular a demanda pela fibra. Entre 30 de setembro e 31 de outubro, o vencimento Dezembro/2019 se valorizou 5,93%, a 64,44 centavos de dólar por libra-peso, e o Março/2020 subiu 7,03%, para 65,88 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Maio/2020 avançou 7,08%, a 66,87 centavos de dólar por libra-peso e o Julho/2020, 7,06%, para 67,64 centavos de dólar por libra-peso. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) aponta que as importações brasileiras somaram 141,1 toneladas em outubro, elevação de 53,3% frente ao volume de setembro, mas baixa de 52,3% no comparativo com outubro/2018 (286 toneladas). O preço médio de importação, de 96,33 centavos de dólar por libra-peso em outubro, caiu 40,1% se comparado ao do mês anterior, mas ainda registrou alta de 20,9% sobre outubro/2018 (79,68 centavos de dólar por libra-peso).
Relatório do Comitê Internacional do Algodão (Icac), divulgado no dia 1º de novembro, indica que a produção mundial 2019/2020 pode ser de 26,7 milhões de toneladas, elevação de 3,93% frente à temporada anterior (25,69 milhões de toneladas). Apesar dos baixos rendimentos, a Índia deve ser a maior produtora de algodão, com volume de 6 milhões de toneladas. O consumo global está projetado em 26,2 milhões de toneladas (apenas 0,27% maior que as 26,13 milhões de toneladas da safra 2018/2019), sendo que a China deve liderar, com 8,05 milhões de toneladas, apesar da redução de 2% em relação a 2018/2019. A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China está prejudicando a economia global e o comércio internacional de algodão. Assim, espera-se que as exportações mundiais recuem 4,33%, para 8,84 milhões de toneladas se comparada às 9,24 milhões de toneladas da temporada 2018/2019. Vale considerar que o México e o Paquistão devem aumentar suas importações, em 48% (para 141 mil toneladas) e em 8% (para 711 mil toneladas), respectivamente.
Desse modo, o estoque mundial poderá subir 2,8%, saindo de 18,22 milhões de toneladas da safra 2018/2019 para 18,73 milhões de toneladas na próxima temporada. Quanto aos preços, a atual projeção para a média de final de ano do Índice Cotlook A foi revisada para 75,50 centavos de dólar por libra-peso em outubro. Segundo informações divulgadas nesta terça-feira (05/11) pela Cotton Outlook, a produção mundial da temporada 2019/2020 é prevista a 26,47 milhões de toneladas, contra 26,53 milhões de toneladas estimadas no mês anterior. O consumo global está com estimativa de estabilidade, em 25,615 milhões de toneladas (+1% frente à temporada 2018/2019). Para a China, especificamente, espera-se queda no volume produzido, devido ao recuo na principal região produtora de Xinjiang. Na ausência de qualquer acordo entre os Estados Unidos e a China, o Brasil se tornou a principal fonte de importação chinesa. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.