18/Nov/2019
As exportações de algodão em novembro devem repetir ou superar o desempenho de outubro, segundo projeção da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Em outubro, o País exportou 273,4 mil toneladas, volume recorde para um único mês. O mês de novembro deve ser forte, talvez se repita ou supere o número de outubro. Até a segunda semana de novembro (seis dias úteis), as exportações somavam 83,9 mil toneladas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. A Anea prevê que os embarques ao exterior na temporada que vai de julho deste ano até junho do ano que vem devem ficar entre 1,850 milhão e 2 milhões de toneladas, apesar do ritmo lento em julho e agosto. No início, ocorreu atraso da safra, dificuldade com abertura de cartas de crédito lá fora e algumas discussões de contratos em termos de precificação por causa da volatilidade do mercado. Depois, cresceu a demanda da China.
No acumulado da temporada de julho a outubro, o País já exportou 505 mil toneladas. A associação quer atingir a marca de 300 mil toneladas exportadas em um mês, mas a demora na emissão de certificados fitossanitários no Porto de Santos, que concentra a maioria das vendas externas do País, pode atrapalhar essa meta. A Anea e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) trabalham junto ao Ministério da Agricultura para agilizar o processo. Se não tiver nenhuma ineficiência por conta da questão da documentação, deve se atingir 300 mil toneladas, considerando o planejamento, as operações dos terminais de estufagem, as reservas que foram feitas pelas companhias e a frequência de linhas. Em dezembro, as exportações do País continuarão aquecidas. A China é o maior mercado para o algodão do País, representando 30% dos embarques de julho a outubro. Só no mês passado, esse percentual chegou a 40%.
A participação da China vem aumentando e vai crescer em novembro e dezembro. Na sequência, estão Vietnã, Bangladesh, Indonésia e Turquia. A maior fatia chinesa nos embarques brasileiros decorre de a China ter reduzido estoques estatais e voltado a comprar a fibra do exterior e da necessidade de buscar outras origens além dos Estados Unidos por causa da guerra comercial. Para a Anea, por mais que haja uma solução para o conflito sino-americano, a China continuará vendo o Brasil como um parceiro estratégico. Se o Brasil exportar 2 milhões de toneladas, passará a representar mais de 20% do comércio global de algodão. Quanto à questão da revisão de contatos por parte de compradores no exterior, parte dos problemas foi resolvida, mas as associações continuam em alerta.
A Anea enviou uma carta em conjunto com representantes dos exportadores da Austrália e dos Estados Unidos para associação de importadores chineses com pedido para que interviesse junto a empresas que não estavam cumprindo o acordado. Alguns contratos foram negociados, outros ainda estão em discussão. O setor continua batalhando para reverter isso o mais rápido possível. Boa parte do algodão que a Anea projeta que será exportado na temporada já foi negociada entre produtores e tradings. Parte do que vai ser embarcado também já foi comercializada pelas tradings para os consumidores no exterior. Mas, para chegar a 2 milhões de toneladas de exportação, ainda haverá mais uma rodada de comercialização entre exportadores e compradores lá fora para acontecer. Internamente, produtores e tradings se preparam para dosar os embarques ao longo do ano. Enquanto cotonicultores estão alongando o período de beneficiamento e expandindo pátios nas algodoeiras para armazenar mais algodão, as empresas ampliaram a capacidade de armazenagem no interior e de recepção nos portos.
O setor tem trabalhado para estar pronto para uma safra maior. A alta do dólar frente ao Real em novembro e os preços internacionais mais firmes têm deixado vendedores no Brasil, especialmente tradings, firmes nas pedidas. Nesse cenário, as cotações da pluma estão avançando no mercado doméstico. Por outro lado, as indústrias, principalmente do Nordeste, e comerciantes com necessidade de lotes com qualidade superior até se dispuseram a pagar mais pela pluma, mas sinalizaram dificuldades em obter lotes. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), pesam as incertezas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O vencimento março da fibra está cotado ao redor dos 66 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.