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03/Jun/2020

Tendência é de preços mais firmes para o algodão

As negociações envolvendo o algodão em pluma estiveram lentas e limitadas a poucos volumes ao longo de maio, mas, ainda assim, mostraram certa reação frente à fraca movimentação de abril. Quanto aos preços, depois de registrarem forte baixa de 6,3% em abril, se firmaram e fecharam maio com pequena recuperação. Os produtores estiveram firmes nos preços de venda, elevando as indicações em negócios envolvendo a pluma de melhor qualidade. Ressalta-se que, além de lotes provenientes de São Paulo da safra 2019/2020, volumes de Mato Grosso do Sul começam a ser disponibilizados no mercado. Os compradores com mais necessidade cedem para conseguir realizar novas aquisições. Ainda assim, muitas indústrias ainda pressionam as ofertas, uma vez que relatam baixa liquidez de produtos têxteis no varejo. Empresas permanecem consumindo estoque de matéria-prima e, mesmo em ritmo lento, carregamentos de contratos a termo vêm sendo liberados. A flexibilização das medidas restritivas por parte do governo do estado de São Paulo deve fazer com que algumas indústrias retomem as atividades no início de junho.

Em meio à disputa sobre os preços, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registrou alta de 1,64% em maio, fechando o mês a R$ 2,70 por libra-peso. A média mensal é a menor em seis meses, a R$ 2,64 por libra-peso, 4,42% inferior à média de abril/2020 e 13,04% abaixo da média de maio/2919, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de abril/2020). Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador se mantém estável, cotado a R$ 2,69 por libra-peso. Em maio, o Indicador esteve, em média, 17,9% inferior à paridade de exportação. Assim, tradings pagaram valores superiores aos produtores nacionais e o volume de exportação com preço pré-fixado em maio cresceu frente a abril. No entanto, com o enfraquecimento do mercado internacional e do dólar, as exportações chegaram a diminuir o ritmo em alguns momentos. De 30 de abril a 29 de maio, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 3,22 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.

A média mensal da paridade foi 10% maior que a de abril e 16,5% superior à de maio de 2019. Na comparação mensal, o dólar se valorizou 5,8% frente ao Real e, na anual, 41%. Em maio, os contratos na Bolsa de Nova York recuaram com a maior influência da tensão entre os Estados Unidos e a China. Nos últimos sete dias, apenas o vencimento Julho/2020 apresenta valorização (+0,45%), cotado a 57,59 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Outubro/2020 registra queda de 2,47% nos últimos sete dias, a 57,27 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2020 acumula queda de 2,44%, a 57,48 centavos de dólar por libra-peso e o Março/2021, 1,88%, cotado a 58,48 centavos de dólar por libra-peso. No entanto, na segunda-feira (1º/06), os vencimentos subiram, impulsionados pelo enfraquecimento do dólar frente às principais moedas estrangeiras, o que torna a fibra norte-americana mais atraente.

Ressalta-se, contudo, que a China indicou a empresas estatais que estas suspendam as compras de produtos norte-americanos, dentre eles o algodão, contexto que pode voltar a pressionar os valores externos da pluma nos próximos dias. As negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até agosto de 2020) tiveram média de 54,35 centavos de dólar por libra-peso em maio, 2,56% abaixo da registrada no mês anterior (55,78 centavos de dólar por libra-peso), referente à pluma da safra 2018/2019. Para exportação envolvendo a temporada 2019/2020, a média das informações captadas para embarque no segundo semestre de 2020 foi de 58,05 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 3,6% em relação à média de abril/2020 (60,22 centavos de dólar por libra-peso). Em relação à safra 2020/2021, a média dos últimos seis meses de 2021 foi de 59,12 centavos de dólar por libra-peso em maio, aumento de 1,23% frente à do mês anterior (58,40 centavos de dólar por libra-peso).

Segundo informações divulgadas no dia 1º de junho pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), impactado pela pandemia, o consumo mundial de algodão poderá ser de 23 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, queda de 11,3% se comparada à da safra anterior. A China, principal consumidora, deve reduzir a demanda em 12%, para 7,25 milhões de toneladas. A expectativa é que a Índia também recue na mesma proporção, com consumo indo para 4,75 milhões de toneladas. Deve haver quedas de 7% no Paquistão, de 8% na Turquia e no Vietnã, de 11% no Brasil e de 25% em Bangladesh. Estima-se que a produção, por sua vez, deve aumentar em 2%, para 26,2 milhões de toneladas. O comércio global pode cair 9,6%, para 8,34 milhões de toneladas. Nesse cenário, a projeção é que os estoques finais aumentem para 21,75 milhões de toneladas, o maior em cinco anos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.