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08/Jul/2020

Disputa de preços limita negociações com algodão

O mercado doméstico de algodão em pluma está um pouco mais movimentado neste início de julho. O volume negociado, no entanto, é limitado pela disputa acirrada entre os valores pedidos por vendedores e os ofertados por compradores. Algumas indústrias buscam pluma para repor seus estoques e comerciantes precisam cumprir programações e/ou realizar negócios “casados”. Muitos demandantes, contudo, indicam dificuldade em achar lotes de qualidade e, quando encontram, pagam valores maiores. Há indústrias tentando prolongar o recebimento do algodão da safra 2018/2019, para não precisar fazer o desligamento das máquinas neste momento de transição entre as temporadas. Ressalta-se que dificuldades em obter crédito mantêm algumas unidades pedindo maiores prazos de pagamentos e outras, sem operação. Do lado vendedor, a maior parte está atenta à colheita da nova safra 2019/2020. Por enquanto, ainda são poucos os lotes da nova temporada disponíveis no mercado, e há relatos de micronaire alto em parte da pluma.

No geral, para fechar negócios, ora alguns compradores precisam ceder na qualidade e ora vendedores, flexibilizar os valores. Diante dessa “queda de braço”, os preços registram pequenas oscilações diárias. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve alta de 0,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,72 por libra-peso, o maior valor nominal desde o dia 27 de abril/2020. A elevação dos preços internacionais está favorecendo alguns fechamentos de novos contratos para exportação e a fixação de outros que estavam em aberto. Trading realizam novas compras envolvendo as safras 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021. No entanto, a demanda internacional ainda não reagiu, diante dos impactos da pandemia de Covid-19, o que limita o ritmo de alta nos preços externos. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,28 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.

Assim, neste início de mês, o Indicador brasileiro está, em média, 15,9% abaixo da paridade de exportação. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão avançando, impulsionados pela elevação do petróleo e pelo recuo do dólar no mercado internacional. Além disso, há influência da redução na projeção de área cultivada nos Estados Unidos para a temporada 2020/2021. Assim, o vencimento Julho/2020 está cotado a 63,07 centavos de dólar por libra-peso, alta de 5,79%, e o Outubro/2020, está cotado a 63,57 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 5,72%. O contrato de Dezembro/2020 apresenta avanço de 5,89%, a 63,14 centavos de dólar por libra-peso e o de Março/2021, 5,95%, a 63,88 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Conselho Consultivo Internacional de Algodão (Icac) divulgados no dia 1º de julho apontam que a China pode continuar como a principal importadora mundial de pluma, com 1,8 milhão de toneladas na safra 2019/2020 (-12% em relação à anterior). Essa redução está atrelada às tensões comerciais com Estados Unidos e à queda na fabricação durante a contenção da pandemia.

Vale ressaltar que, em meio à disputa comercial, o Brasil aumentou significativamente (170%) a sua participação nas importações chinesas na temporada 2018/2019. Para a temporada 2019/2020, as exportações brasileiras podem chegar a 1,8 milhão de toneladas. Especificamente à China, o Brasil já embarcou 527 mil toneladas até abril/2020, 30% a mais que no período anterior (de agosto/2018 e abril/2019). Em termos mundiais, a produção estimada na temporada 2019/2020 é de 26,1 milhões de toneladas e o consumo global foi revisado para 22,5 de toneladas (-13% se comparado a 2018/2019). Com o comércio chegando a 8,25 milhões de toneladas, queda de 11%, os estoques finais estão estimados em 22,5 milhões, incremento de 19%. Quanto aos preços, e estimativa é de que média da temporada 2019/2020 do Índice Cotlook A seja de 71,00 centavos de dólar por libra-peso e para a próxima (2020/2021), de 58,00 centavos de dólar por libra-peso.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 56,7 mil toneladas em junho/2020, o menor volume desde agosto/2019 (42,4 mil toneladas). A quantidade ficou 18,2% inferior à do mês anterior e 8,8% abaixo da de junho/2019. Dentre os principais destinos estiveram a Turquia, com 20% do total exportado no mês, China (20%), Paquistão (17%), Vietnã (16%) e Indonésia (10%). Na temporada 2019/2020 (de agosto/2019 a junho/2020), já foram exportadas 1,87 milhão de toneladas, 42,4% acima do volume total embarcado na safra anterior (agosto/2018 a julho/2019), de 1,3 milhão de toneladas. Em junho, o faturamento totalizou US$ 83,6 milhões (quedas de 20% frente a maio/2020 e de 19,4% em relação a junho/2019) e o valor médio da pluma exportada ficou em 66,90 centavos de dólar por libra-peso, FOB porto brasileiro (recuos de 1,7% no mês, mas queda de 11,7% em um ano). Esse preço médio da pluma exportada seria equivalente a R$ 3,47 por libra-peso, 28,4% maior que a média do Indicador, de R$ 2,71 por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.