31/Jul/2020
A negociação de algodão segue lenta, com interesse de compra concentrado no curto prazo, uma vez que fábricas têm a expectativa de maior volume de oferta mais adiante. Por enquanto, produtores dão preferência ao cumprimento de contratos, apesar de um bom porcentual já colhido em alguns Estados. O indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 2,83 por libra-peso, acumulando alta de 4,5% em julho. O ritmo de negócios é lento. Na parte do mercado interno, tem tido consultas e procura de fábricas para entrega imediata e no curto prazo, para reposição de estoque, mas não há interesse para programações longas devido ao grau de incerteza sobre o desempenho da atividade nos próximos meses. A safra está começando agora, e deve ter oferta maior no decorrer do segundo semestre. Por enquanto, o volume ofertado no disponível é limitado. Lotes da safra passada em geral têm problema de qualidade. Está escassa a oferta imediata de algodão de boa qualidade. Ao longo dos próximos meses, não deve haver grande pressão de venda, mas um leque maior de oferta do que agora.
Em agosto e setembro, os cotonicultores ainda devem privilegiar o cumprimento de contratos. A partir de outubro, deverá haver volume maior da safra. Surgem ofertas ocasionais de Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais, mas de Mato Grosso ainda há pouco algodão pronto. As fábricas oferecem R$ 2,75 e R$ 2,78 por libra-peso no Sudeste e R$ 2,85 a R$ 2,90 por libra-peso no Nordeste. Apesar de a colheita da nova safra avançar e da menor presença de compradores no mercado, os preços internos do algodão em pluma seguem firmes. A sustentação continua vindo da baixa oferta no spot, especialmente de pluma de qualidade superior. Os vendedores seguem focados nos carregamentos dos contratos a termo aos mercados interno e externo, na colheita e também no beneficiamento. Do lado da demanda, os poucos compradores ativos estão à procura de pluma de melhor qualidade. No geral, indústrias trabalham com a matéria-prima contratada e/ou estocada.
A negociação antecipada das próximas safras também avança pouco. O produtor está focado na colheita e bem vendido para 2020. Tem alguns casos pontuais de interesse de venda, mas a demanda do lado de tradings para compra da safra 2020 está fria. Elas já estão muito compradas e o basis que oferecem está baixo, então acaba não havendo interesse de produtor. A referência de compra FOB no Porto de Santos é de 200 pontos a menos do que o vencimento dezembro de 2020. O prêmio está negativo com a perspectiva de oferta ampla e volumes da safra 2019/2020 que por causa da pandemia ainda não foram escoados e serão nos próximos meses. Para a safra 2020/21, a indicação de compra FOB no Porto de Santos é "even" (sem prêmio nem desconto) em relação ao contrato dezembro de 2021. Como ainda há um período longo de tempo para o produtor negociar, ele não tem pressa. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão estão mais firmes, com o avanço do petróleo. O vencimento dezembro da pluma está cotado acima dos 60 centavos de dólar por libra-peso. A alta do petróleo diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.