04/Set/2020
Segundo o Rabobank, o algodão é o produto agrícola que deve ter a demanda global mais afetada pela crise da pandemia de Covid-19 em 2020. Enquanto no início do ano a estimativa era de que o mundo consumisse 26,2 milhões de toneladas de pluma em 2020, agora espera-se demanda mundial 15% menor, de 22,3 milhões de toneladas, tomando por base dados recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além dos impactos econômicos pressionando a renda do consumidor e, consequentemente, a demanda na ponta final por tecidos, medidas de distanciamento social para conter o avanço do vírus resultaram em fechamento de indústrias têxteis e lojas de roupas em todo o mundo. Depois do algodão, o produto para o qual se espera mais redução de consumo mundial é o açúcar, de 2,7% em comparação às projeções de janeiro. Naquele mês, a previsão era de demanda global de 184,4 milhões de toneladas do açúcar; em julho, passou para 179,4 milhões.
A demanda global por óleo de soja deve ser 2% inferior à calculada em janeiro; de trigo, 1,5% menor; milho, 1,2% inferior; arroz, -1%; soja, -0,5%. Na contramão, espera-se que o consumo de farelo de soja no mundo em 2020 seja 0,8% maior do que o estimado em janeiro, antes da pandemia. Chama a atenção a queda do consumo de combustíveis no Brasil. No caso do etanol hidratado, o recuo entre abril e junho foi de 30% em relação a igual período de 2019, em virtude das medidas de distanciamento social, que resultaram em diminuição do deslocamento diário da população. A demanda por gasolina caiu 19% na mesma base de comparação. O ritmo da retomada da mobilidade ao longo dos próximos meses, especialmente no Sudeste, que representou 70% do consumo de etanol hidratado em 2019, será fator-chave para o mercado brasileiro de etanol. Este ritmo será determinado por medidas implementadas pelas autoridades e por decisões das pessoas e das empresas no uso de transporte particular. No caso do biodiesel, apesar do aumento da mistura mandatória no diesel de 11% para 12% válido a partir de março, as entregas mensais no segundo trimestre (abril a junho) foram, em média, 5,3% inferiores às de março.
Apesar do agronegócio manter o ritmo de transporte de cargas no período, a queda pode ser justificada por outros setores da economia que reduziram a demanda por frete, assim como o transporte rodoviário de passageiros. O relatório mostra ainda que foram identificadas mudanças nos padrões de consumo de alimentos do consumidor final. No setor de lácteos, houve manutenção e até aumento do consumo de produtos de categorias essenciais, como leite em pó, leite UHT e queijo mozarela, mas redução de procura por itens de maior valor agregado, como iogurtes e queijos importados. Com relação às carnes, o maior volume de compras nos supermercados levou o consumidor a buscar mais os congelados, e em volume maior a cada compra, para diminuir a frequência de idas ao mercado. Além disso, com o aumento do consumo no lar, cresceu a procura por cafés com embalagens maiores e marcas consolidadas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.