09/Set/2020
Depois de subir por nove semanas seguidas, o preço do algodão está mais fraco nestes primeiros dias de setembro, pressionado pela maior disponibilidade da pluma no spot e pela flexibilidade nos valores de venda por parte de alguns produtores que tiveram necessidade de fazer caixa. Além disso, as desvalorizações do dólar frente ao Real e dos contratos na Bolsa de Nova York também influenciam os valores domésticos. Assim, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 2,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,23 por libra-peso. A demanda, em termos gerais, está firme, mas ficou abaixo da verificada na última semana de agosto. Isso porque agentes de indústrias alegam ter dificuldades no repasse das altas da pluma aos seus clientes e, por isso, limitam um pouco as compras de novos lotes.
Apesar disso, a demanda por fios está firme e algumas fiações estão com boa parte da produção comprometida. Os comerciantes, por sua vez, estão ativos nas compras e nas vendas e realizando novos fechamentos “casados”. Já tradings ofertam valores acima dos indicados por boa parte dos demais players. Os prazos para pagamento também estão maiores neste início de setembro, com agentes na expectativa de novas quedas nos preços. Os negócios foram realizados para entrega entre a segunda quinzena deste mês e ao longo de outubro. No campo, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a área colhida da safra 2019/2020 havia atingido 96% até 3 de setembro e o beneficiamento, 34%. O beneficiamento soma 28% da safra em Mato Grosso e 46% na Bahia.
Até o momento, a qualidade da nova temporada é boa, seja em relação ao tipo ou a características intrínsecas. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,25 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York, os três primeiros vencimentos estão pressionados pela queda do petróleo e pelo enfraquecimento nas vendas dos Estados Unidos. Assim, Outubro/2020 está cotado a 64,12 centavos de dólar por libra-peso (-0,45%), Dezembro/2020, a 64,99 centavos de dólar por libra-peso (-0,26%) e Março/2021, a 65,97 centavos de dólar por libra-peso (-0,12%). Já o vencimento Maio/2021 tem leve alta de 0,03%, indo para 66,77 centavos de dólar por libra-peso, com o clima menos favorável em algumas regiões dos Estados Unidos.
De acordo com informações divulgadas no dia 1º de setembro pelo Conselho Consultivo Internacional de Algodão (Icac), o consumo mundial pode aumentar 7,2% na temporada 2020/2021, para 24,3 milhões de toneladas, mas a recuperação vai depender da forma com que cada país lida para conter a pandemia e a retomada da economia. A produção global está estimada em 25,1 milhões, queda de 4,2% frente a 2019/2020, enquanto os estoques devem aumentar 3,2%, para 22,7 milhões de toneladas na safra 2020/2021. Vale considerar que o estoque final, antes previsto em torno de 18 milhões de toneladas nas últimas três safras, subiu para 22 milhões na temporada 2019/2020 em decorrência da pandemia. Além disso, os altos estoques e a produção global maior que o consumo, somados à incerteza econômica, deverão continuar pressionando os valores no futuro próximo. O Icac revisou a média do Índice Cotlook A para 67,00 centavos de dólar por libra-peso para o final da temporada 2020/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.