16/Set/2020
Boa parte das indústrias brasileiras consumidoras de algodão em pluma está afastada das compras de novos lotes, limitando a liquidez doméstica e diminuindo, também, a movimentação de agentes intermediários. Esses demandantes estão atentos ao avanço do beneficiamento da safra 2019/2020 e ao possível aumento da oferta no spot nacional e, por isso, ficam à espera de preços menores. Apenas alguns compradores realizam contratos envolvendo pequenos volumes. Esse cenário tem pressionado com certa força as cotações internas da pluma. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recua 1,93%, cotado a R$ 3,11 por libra-peso. Ainda assim, a média da parcial de setembro está em R$ 3,19 por libra-peso, elevação de 3,3% frente à de agosto/2020 (R$ 3,09 por libra-peso) e 13,42% acima da de setembro de 2019, em termos reais, os valores foram atualizados pelo IGP-DI de agosto.
Do lado vendedor, muitos produtores estão focados na colheita e no cumprimento de embarques de contratos a termo, mas os que precisam “fazer caixa” acabam sendo flexíveis nos preços de comercialização. Alguns produtores também priorizaram as negociações de soja e/ou milho. Assim, o número de fechamentos está menor nestas primeiras semanas de setembro. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a colheita da safra 2019/2020 está praticamente finalizada. O beneficiamento, por sua vez, somava 42% da produção até o dia 10 de setembro. Em Mato Grosso, especificamente, o beneficiamento totaliza 36% da safra e na Bahia, em 53%. Algumas indústrias voltaram a mostrar interesse por programações estendidas, seja a preços fixos e/ou baseados no Indicador. Para outubro, especificamente, mais fechamentos foram observados, tendo em vista que o volume disponível para entrega imediata ainda é baixo e parte das indústrias tenta fazer vendas de fios e pretende garantir a matéria-prima e preços.
Relatório divulgado no dia 10 de setembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou reajuste negativo de 0,31% entre agosto e setembro na área da safra 2019/2020 semeada no Brasil, indo para 1,67 milhão de hectares. O clima favorável, contudo, elevou a produtividade esperada, com melhora de 0,38% no mesmo comparativo, indo para 1.760 quilos por hectare. A produção aumentou 0,07%, estimada em 2,93 milhões de toneladas. Respectivamente, as elevações frente à temporada anterior são de 2,9%, 1,3% e 4,2%. Em Mato Grosso, a área semeada ficou estável de um mês para o outro (em 1,17 milhão de hectares), mas aumentou 6,7% em relação à safra passada. A produtividade, por sua vez, avançou 0,5% frente ao de agosto, com 1.756 quilos por hectare, o que é 5,7% maior que o da temporada 2018/2019. Assim, a produção teve alta de 0,51%, podendo somar 2,05 milhões de toneladas, 8% maior que a da temporada passada.
Para a Bahia, as informações se repetiram, com a área semeada em 313,7 mil hectares, rendimento de 1.842 quilos por hectare e produção, de 577,8 mil toneladas. Frente à safra anterior, a área caiu 5,5%, a produtividade cresceu 2,3% e a produção recuou 8,5%. A paridade de paridade de exportação, na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR) é de R$ 3,23 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos da Bolsa de Nova York estão em alta, influenciados pelo avanço nas cotações do petróleo, pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, pelo clima desfavorável no sudeste dos Estados Unidos e pela redução na estimativa de produção norte-americana. O primeiro vencimento, Outubro/2020, está cotado a 65,46 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,59% nos últimos sete dias, e o Dezembro/2020, em 66,62 centavos de dólar por libra-peso, avanço de 4,06% no mesmo período.
O contrato Março/2021 apresenta valorização de 3,7%, indo para 67,46 centavos de dólar por libra-peso e o Maio/2020, 3,57%, a 68,17 centavos de dólar por libra-peso. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 11 de setembro, reajustou positivamente a produção da Índia, em 1%, e a da China, em 2,8%. Os Estados Unidos tiveram reajuste negativo na produção, de 5,6%. Assim, é esperado que a produção mundial na temporada 2020/2021 recue em 3,9% frente à anterior, para 25,5 milhões de toneladas. O consumo mundial, por sua vez, está estimado em 24,5 milhões de toneladas, alta de 10,3% em relação à safra 2019/2020. A comercialização mundial poderá ficar em 9,1 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, indicando aumentos de 4,3% nas importações e de 2,4% nas exportações frente à safra passada. Para o Brasil, em especial, as vendas devem ficar em 2 milhões de toneladas, reajuste positivo de 2,2% frente aos dados de agosto e alta de 2,9% quando comparados com a safra 2019/2020.
Para o principal exportador mundial, os Estados Unidos, projeta-se recuo de 6% em relação à temporada anterior, para 3,18 milhões de toneladas, a Índia pode exportar 53,8% a mais no mesmo comparativo (1,09 milhão de toneladas). Neste cenário, o estoque global 2020/2021 está projetado em 22,6 milhões de toneladas, 4,4% superior ao da safra anterior. Quanto ao mercado de fios na China, o país asiático é um dos 10 maiores importadores, sendo o Vietnã o seu principal fornecedor. O Vietnã, por sua vez, depende da importação de algodão para suprir boa parte da demanda de suas fiações, e os Estados Unidos foram responsáveis por mais de 50% dessa compra na temporada 2019/2020. Do lado da exportação de fios de algodão, a China também está dentre os principais países vendedores e, dentre os seus importantes mercados, estão o Vietnã, Paquistão e Bangladesh, que, por sua vez, são os principais fornecedores de têxteis e vestuário para os Estados Unidos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.