17/Set/2020
A menor demanda por algodão, tanto no mercado interno quanto para exportação, e o fato de a colheita da safra ter se encerrado no País contribuem para que os preços cedam. Na terça-feira (15/09), especificamente, a pluma esteve cotada a R$ 3,09 por libra peso, recuo de 0,04% ante o dia anterior. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a desvalorização é de 4,63% nos últimos sete dias, com o algodão sendo negociado a R$ 99,78 por arroba, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Boa parte das indústrias brasileiras consumidoras de algodão em pluma está afastada das compras, limitando a liquidez doméstica e diminuindo, também, a movimentação de agentes intermediários. Esses demandantes estão atentos ao avanço do beneficiamento da safra 2019/2020 e ao possível aumento da oferta no spot nacional e, por isso, ficam à espera de preços menores. Apenas alguns compradores realizam contratos envolvendo pequenos volumes.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) informou que a colheita da safra 2019/2020 está encerrada, atingindo a marca de 2,9 milhões de toneladas de algodão em pluma, 5% a mais que em 2018/2019. Em torno de 700 mil a 750 mil toneladas de algodão vão abastecer a totalidade da demanda do mercado interno, e o excedente segue para exportação. O beneficiamento do algodão, por sua vez, alcança cerca de 50% do total colhido, sem possibilidade de entressafra para a indústria têxtil. Do lado da demanda externa, o maior comprador do algodão brasileiro, a China, tem preferido, atualmente, o produto norte-americano. Nas últimas semanas, a Bolsa de Nova York subiu bem por causa disso. Nesta quarta-feira (16/09), porém, os futuros de algodão reverteram ganhos e fecharam em leve baixa, com o mercado pressionado pelo início da colheita da fibra nos Estados Unidos. O vencimento dezembro cedeu 7 pontos (0,11%) e fechou a 66,37 centavos de dólar por libra-peso.
Na segunda-feira (14/09), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 6% da safra tinha sido colhida até o dia 13 de setembro, ante 8% na média dos cinco anos anteriores. Apesar do recuo, a tendência para o algodão na Bolsa de Nova York é altista, já que a colheita dos Estados Unidos ainda não entrou em grande volume. Os norte-americanos estão negociando o que resta da safra velha e a China está comprando bons volumes da commodity. Outro fator que deve estimular as vendas de algodão nos Estados Unidos é a forte injeção de dinheiro na economia norte-americana por parte do Federal Reserve (o Fed, banco central do país). Isso provoca perspectiva inflacionária e os players do mercado financeiro recorrem a commodities para se proteger. Não só o algodão, mas diversas outras commodities subiram bastante nas últimas semanas.
Mesmo com a baixa de preços do algodão no Brasil, os produtores brasileiros poderão aproveitar uma janela de oportunidade caso a safra velha dos Estados Unidos seja totalmente comercializada antes da entrada da nova colheita. Atualmente, além da China, o Vietnã também está comprando algodão norte-americano. O Brasil tem vendido principalmente para Bangladesh e Coreia do Sul. Se o estoque dos Estados Unidos se encerrar antes do previsto, o Brasil pode passar a exportar mais volumes para China. De todo modo, muitos produtores brasileiros estão focados agora na colheita da fibra e no cumprimento de contratos fechados anteriormente. Os que precisam fazer caixa acabam sendo flexíveis nos preços de comercialização, sendo que alguns preferiram estocar a fibra neste momento para vender soja e milho, cujos preços estão bastante altos. Assim, o número de fechamentos está menor nessas primeiras semanas de setembro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.