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24/Set/2020

Preços do algodão em alta com ofertas limitadas

Os preços do algodão no Brasil dão sinais de reação com as valorizações recentes do dólar ante o Real e a ponta vendedora firme nas pedidas. As fábricas seguem comprando para repor estoques, mas as ofertas ainda são limitadas, com produtores privilegiando contratos que ainda precisam ser cumpridos. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 3,09 por libra-peso, após ter registrado duas altas consecutivas. Têm saído alguns negócios para mercado interno, mas não de volumes expressivos. Os preços, que estavam relativamente estáveis, já dão sinais de mais firmeza esta semana por conta da desvalorização do Real. Apesar da estabilidade dos preços internacionais, o dólar mais alto sustenta as cotações domésticas em virtude da elevação no valor para exportação. As fábricas estão tendo performance interessante em relação a vendas. A produção está indo bem, e o consumo também. Estão comprando para repor estoque.

Os produtores disponibilizam alguns volumes para vendas, mas não chega a ter grande quantidade de oferta no mercado. Eles estão preferindo terminar o beneficiamento para apurar a qualidade e, enquanto isso, vai cumprindo contratos firmados anteriormente. Enquanto as fábricas mantêm as indicações na faixa de R$ 3,10 por libra-peso, posto na Região Sudeste e R$ 3,15 por libra-peso, posto na Região Nordeste por algodão 41.4. Os vendedores, atentos ao câmbio, já buscavam R$ 3,15 por libra-peso na Região Sudeste e R$ 3,20 por libra-peso na Região Nordeste. Após um período de poucos lotes chegando ao mercado em julho e agosto, a oferta aumentou, mas, para negócios no disponível, ainda está aquém da demanda por algodão padrão ou de melhor qualidade. A colheita da produção recorde da safra 2019/2020 foi finalizada, mas vendedores estão mais resistentes em diminuir os valores de novas negociações, atentos à maior remuneração da exportação frente ao spot nacional.

Ressalta-se que o beneficiamento ainda não chegou na metade do volume colhido, o que mantém limitada a oferta de pluma no spot. Os compradores, por sua vez, alegam dificuldades no repasse dos preços da matéria-prima aos manufaturados. Nesse ambiente, têm prevalecido algumas compras no spot por parte de empresas com mais urgência em repor estoques. Indústrias que ficaram sem comprar no começo da pandemia, quando reduziram ou interromperam operações, precisaram em alguns casos repor estoques de algodão nos últimos meses em um momento de baixa disponibilidade. Ficou estoque da safra passada, mas de qualidade inferior. O algodão de melhor qualidade é o que foi entrando de safra nova, mas o produtor deu prioridade a contratos preexistentes. Mas, é uma safra de recorde esperada para este ano. Após o fim do beneficiamento em outubro e novembro, o volume ofertado para pronta entrega tende a aumentar gradualmente.

Uma questão que deve influenciar no balanço de oferta e demanda é o ritmo de exportações. Em agosto, foram mais de 100 mil toneladas. Em setembro, a expectativa era de 200 mil toneladas, mas pelo ritmo das exportações semanais, não deve chegar nisso. O ritmo de embarques precisará ganhar força a partir de outubro para enxugar os estoques brasileiros. Quanto à safra 2020/2021, os prêmios reagiram, mas ainda estão distantes dos níveis pré-pandemia. Como produtor já tem um percentual negociado, está atento a como será o ritmo de plantio da soja para ver como ficará o calendário para a semeadura do algodão de 2ª safra. A referência de compra FOB no Porto de Santos (SP) era desde even (sem prêmio ou desconto) até 200 pontos abaixo do vencimento dezembro de 2021. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) divulgou nesta semana, na reunião da Câmara Setorial do Algodão e seus Derivados do Ministério da Agricultura a previsão de que a área plantada de algodão na safra 2020/2021 deve cair 12% ante o ciclo anterior, para 1,4 milhão de hectares.

A expectativa é de uma produção de 2,5 milhões de toneladas da pluma, 13% menos do que na safra 2019/2020. A rentabilidade foi o fator primordial para a redução de área de área de plantio. O setor amargou um grande baque com a pandemia de Covid-19. Agora, há uma rápida recuperação do mercado, mas a decisão foi tomada dois meses atrás. Além da questão do preço da commodity, hoje em torno de 65,00 centavos de dólar por libra-peso, é preciso ter mercado para escoar a produção, tanto dentro quanto fora do Brasil. Os estoques mundiais deverão crescer em torno de 3% e, internamente, a previsão é de que tenhamos algo próximo de 422 mil toneladas de estoques de passagem, em 2020/2021. Não adianta produzir muito e não vender toda a produção. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a retomada do consumo está se dando de forma acelerada, após o relaxamento nas medidas de contenção da Covid-19, com a reabertura, ainda que parcial, de comércio e serviços. A rapidez da volta do consumo trouxe alguns problemas para o setor.

A indústria e o varejo não previam o ritmo da retomada, compassado tanto pela demanda reprimida, quanto pela injeção de recursos oriundos do auxílio emergencial concedido pelo governo federal para as famílias prejudicadas pela perda de emprego e renda. O mercado está reaquecendo e, nessa retomada, depois de 90 dias, há questões a serem consideradas, mas o fato é que não vai faltar algodão no Brasil. É preciso haver coordenação nesse processo de retorno das atividades para ajustar o preço, o fornecimento, e a demanda do mercado. Serão necessários uns 120 dias para ajustar essas equações. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (23/09). O mercado foi pressionado pelo fortalecimento do dólar ante as principais moedas, que diminui a competitividade de commodities produzidas nos Estados Unidos. O vencimento dezembro recuou 29 pontos (0,44%) e fechou a 65,25 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.