ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Out/2020

Comercialização de algodão segue lenta no Brasil

A negociação de algodão transcorre de acordo com a necessidade para pronta entrega. Os produtores ainda preferem cumprir contratos de exportação fechados a preços mais altos, mas o relato no mercado é de que compradores no exterior têm pedido extensões de prazo a tradings, ainda em virtude da pandemia do novo coronavírus. As fábricas, por sua vez, compram da mão para boca, enquanto esperam oportunidade para adquirir a fibra a valor mais baixo com um possível recuo dos futuros na Bolsa de Nova York ou do dólar ante o Real. Os valores indicados por tradings para vender algodão internamente seguem bem acima do indicador Esalq. O Indicador para pagamento em 8 dias registra alta de 7,95% na parcial de outubro. As indicações de multinacionais para ofertar algodão para indústria doméstica ficam na faixa de 68,00 centavos de dólar por libra-peso ou R$ 3,80 por libra-peso. As fiações estão reclamando não por falta de oferta, mas porque tinham expectativa de um valor bem abaixo do que está atualmente.

Para este ano, fiações não conseguem repassar o aumento do algodão. Grandes confecções e magazines já vinham precificado coleções de verão. O cenário de falta de fio no mercado, que ocorreu após a reação do setor têxtil com a reabertura do comércio, pode ser normalizar até o fim de novembro. Em Mato Grosso, a negociação avança pouco. O preço internacional está subindo bastante, em função de problema de clima nos Estados Unidos que afetou a lavoura norte-americana. A indústria local só compra o estritamente necessário. Para algodão 41.4, a indicação de compra está nos níveis de Esalq, podendo surgir propostas até 100 pontos acima, dependendo da qualidade. Como os produtores fecharam contratos entre 75,00 e 85,00 centavos de dólar por libra-peso, ainda preferem entregar o volume negociado previamente para as tradings a ofertar para pronta entrega. Só colocam lotes no disponível se trading recusar o algodão.

Para não deixar isso acontecer, os produtores apresentam o melhor algodão que produziram. Apesar de uma safra de quase 3 milhões de toneladas, as fábricas não têm feito aquisições para os meses seguintes. Estão esperando uma queda do dólar ou da Bolsa de Nova York para fazer aquisições. Para algodão mais fino, 31.4 36, há interesse de compra por até R$ 3,60 por libra-peso, mas também da mão para a boca. A expectativa é de que, neste período do ano, já houvesse mais algodão chegando ao disponível, mas a demanda mais fraca no exterior tem prolongado o período de cumprimento de contratos. Há produtores reclamando de demora nos embarques e consequentemente em receber o valor desses contratos. A China está recebendo algodão. Mas Paquistão, Bangladesh e Vietnã estão mais lentos. Já deveria ter mais algodão no disponível, mas os produtores não conseguiram finalizar o cumprimento de contratos.

Tradings não estão conseguindo fazer com que clientes externos recebam o algodão comprado, os clientes finais é que estão pedindo para atrasar embarque e postergar de dois a três meses a entrega. Há lote que deveria ter sido embarcado em setembro e até agora não foi. Com isso, o produtor se vê na posição de ter de segurar o algodão por mais tempo. Mas, se precisar quitar despesas, pode acabar colocando algum volume no disponível. Quanto à safra 2020/2021, a comercialização é lenta. Com os preços atrativos da soja, a migração de área pode ser maior do que a esperada na 1ª safra. Para o algodão da 2ª safra existe o temor de que, devido ao clima seco atual, os produtores não consigam semear a oleaginosa rápido o suficiente e haja atrasos na janela do plantio de algodão após a colheita da soja. A indicação de compra é de 200 pontos abaixo do vencimento dezembro de 2021 e even (sem prêmio ou desconto ante a Bolas de Nova York) FOB no Porto de Santos (SP). Inicialmente tinha muito volume de algodão comprado no mercado interno e estava difícil vender no exterior, então os basis caíram.

Agora, o produtor não quer negociar, e tradings querem cobrir posição vendida no exterior, assim, subiram os basis. Mesmo assim, a negociação é lenta. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a comercialização da safra 2019/2020 de algodão de Mato Grosso atingiu 82,02% até o fim de setembro. O avanço ante o mês anterior foi de 1,41% Em igual período de 2019, 81,12% da safra estava negociada. A média de cinco anos é de 84,48%. A colheita da safra 2019/2020 foi concluída em setembro. Para a safra 2020/2021, que será plantada a partir do fim do ano ou, no caso da 2ª safra, após a colheita da soja, o Estado negociou 43,9% da produção esperada, 5,8% acima do mês anterior. A negociação está, contudo, abaixo de igual período de 2019 (50,45%) e da média de cinco anos (48,25%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.