21/Out/2020

Os valores do algodão em pluma estão subindo com força no Brasil. O impulso vem da maior demanda de indústrias e da retração de vendedores, que, atentos às valorizações internacionais, estão firmes nos preços indicados. A liquidez está maior que há algumas semanas, mas ainda é limitada pela discordância entre os preços de alguns agentes e pela menor qualidade de parte dos lotes. Os produtores estão atentos ao beneficiamento, ao cumprimento de contratos a termo (especialmente para exportação) e aos novos fechamentos para entrega nos dois próximos anos. Assim, poucos lotes têm sido disponibilizados no spot nacional, mantendo a oferta abaixo da demanda no Brasil, mesmo com o avanço do beneficiamento. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que o beneficiamento havia atingido 70% da produção da temporada 2019/2020 até o dia 15 de outubro, avanço de apenas dois pontos percentuais frente aos dados da semana anterior. Em Mato Grosso, o beneficiamento totaliza 65% da safra e na Bahia, 80%.

Além disso, alguns colaboradores se mostram preocupados com o atraso na semeadura de soja, que pode prejudicar a janela ideal do algodão da safra 2020/2021. Nesse cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra expressiva alta de 10,28% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,72 por libra-peso, o maior valor nominal desde 25 de junho de 2018 (quando esteve em R$ 3,74 por libra-peso. O Indicador de segunda-feira (19/10) ficou 2% acima da paridade de exportação, representando a maior diferença desde o dia 7 de abril deste ano (quando foi de 2,7%). No acumulado deste mês, a alta é de significativos 15,4%. A média da parcial de outubro, de R$ 3,39 por libra-peso, está 7,36% acima da de setembro/2020 e 15,7% maior que a de outubro/2019, em termos reais (os valores foram atualizados pelo IGP-DI de setembro/2020). Trata-se, também, da maior média real desde maio/2019 (R$ 3,43 por libra-peso). O patamar atual de preço, portanto, supera o verificado no período pré-pandemia.

Aqueles agentes que fecharam contratos antecipados até julho deste ano para entrega neste mês de outubro conseguiram negociar a pluma a valores inferiores a R$ 3,00 por libra-peso e, agora, devem postergar as novas compras enquanto ainda tiverem estoques. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,64 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Nos último sete dias, os contratos da Bolsa de Nova York estão em alta, influenciados por perdas causadas pelo furacão Delta, por atrasos na colheita, pela valorização do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Assim, o vencimento Dezembro/2020 está cotado a 71,16 centavos de dólar por libra-peso, reação de 4,08% nos últimos sete dias. O contrato Março/2021 está cotado a 71,83 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,83%, o Maio/2021, a 72,41 centavos de dólar por libra-peso, avanço de 3,55%, e Julho/2021, a 72,86 centavos de dólar por libra-peso, aumento de 3,41%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.