23/Out/2020
Os preços do algodão sobem com força no Brasil. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, terminou a quarta-feira (21/10) em alta pelo 11º dia consecutivo, a R$ 3,86 por libra-peso. No mês, o ganho acumulado é de 19,73%. O patamar atual de preço já supera o verificado no período pré-pandemia. O impulso vem da maior demanda de indústrias e da retração de vendedores, que, atentos às valorizações internacionais, estão firmes nos preços indicados. A liquidez está maior que há algumas semanas, mas ainda é limitada pela discordância entre os preços de alguns agentes e pela menor qualidade de parte dos lotes. Os produtores estão atentos ao beneficiamento, ao cumprimento de contratos a termo e aos novos fechamentos para entrega futura. Poucos lotes têm sido disponibilizados no spot nacional, mantendo a oferta abaixo da demanda no Brasil, mesmo com o avanço do beneficiamento. O dólar valorizado no Brasil também tem contribuído para a firmeza dos preços da fibra.
A incerteza sobre o tamanho da área a ser plantada de algodão em 2ª safra também dá suporte aos preços, já que o plantio de soja segue atrasado no Brasil. Até o momento, o atraso na semeadura da oleaginosa afeta mais a janela de algodão do que a do milho 2ª safra de 2021. Em Mato Grosso, a janela se fecha no fim de janeiro e, em algumas áreas, na primeira semana de fevereiro. Os produtores vão ter que plantar muito rápido para conseguir ficar com a janela de algodão dentro do normal. Contudo, que quem planta algodão geralmente são grandes produtores, com estrutura de máquinas para semear rapidamente. Muitos deles, principalmente no oeste de Mato Grosso, plantaram soja no pó, e têm uma tendência a dar preferência para o algodão. O atraso da soja representa uma preocupação para os produtores, pois já está chegando num ponto bastante sensível. O nível de risco aumentou razoavelmente para o algodão, a janela ficou de fato muito menor. Há possibilidade de que a área de algodão 2ª safra seja menor do que o esperado.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou seu relatório sobre oferta e demanda de algodão em Mato Grosso. Em relação à safra 2019/2020, foi mantida a estimativa de safra de 2 milhões de toneladas de algodão em pluma, ainda pautada pela alta nos números de área e produtividade, o que indica uma produção de pluma recorde para Mato Grosso. Em relação à demanda, a perspectiva de exportação apresenta incremento de 19,49% em 2019/2020 em relação à safra passada, com volume estimado em 1,45 milhão de toneladas, um recorde. Tal avanço é resultante da negociação antecipada da safra, do dólar valorizado ante o Real e da saída de lotes remanescentes da safra 2018/2019. O consumo em Mato Grosso deve crescer 17,61%, para 40,89 mil toneladas, com o afrouxamento das medidas de distanciamento social que permitiu a retomada do comércio. A expectativa é de que os estoques finais da safra 2019/2020 fiquem em 81,53 mil toneladas. Em relação à safra 2020/2021, a estimativa é de redução na oferta da pluma. Os motivos foram as reduções nas estimativas de área e produtividade para a safra, o que consequentemente refletiu na produção.
Assim, é aguardada uma oferta de 1,85 milhão de toneladas, recuo de 12,38% em relação à safra 2019/2020. Quanto à demanda, com a menor produção no Estado e as incertezas quanto ao mercado externo, as exportações referentes ao ciclo 2020/2021 foram estimadas em 1,24 milhão de toneladas, queda de 14,88% em relação à temporada anterior. O consumo interestadual foi previsto em 546,5 mil toneladas, avanço de 1,96% na comparação anual. Desse modo, os estoques finais ficaram em 27,15 mil toneladas, valor 66,70% menor que a safra 2019/2020. Quanto à safra norte-americana, até o dia 18 de outubro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 34% da safra de algodão tinha sido colhida, em linha com a média de cinco anos. O governo dos Estados Unidos afirmou que 93% da safra tinha abertura de maçãs, em comparação a 89% na média de cinco anos. Além disso, 40% da safra apresentava condição boa ou excelente, sem variação ante a semana anterior. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.