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28/Out/2020

Tendência de alta do algodão com as exportações

Em alta consecutiva há 14 dias, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, atingiu R$ 4,02 por libra-peso na segunda-feira (26/10), o maior valor nominal da série histórica do Cepea, iniciada em julho de 1996. Em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020), o patamar atual é o maior desde fevereiro de 2019. Na parcial de outubro, o Indicador avançou quase 25%. A média da parcial deste mês é de R$ 3,55 por libra-peso, elevação de 12,14% frente à de setembro/2020 e quase 21% acima da registrada em outubro/2019, em termos reais. Mesmo com colheita recorde na safra 2019/2020, a disponibilidade doméstica de pluma vem se mantendo baixa, tendo em vista que os vendedores aproveitam as atuais taxas de câmbio, o bom ritmo de beneficiamento e a qualidade da pluma para exportar.

Ressalta-se que os valores do algodão no Brasil operaram abaixo da paridade de exportação por 12 meses, cenário alterado em 19 de outubro, devido às recentes fortes altas domésticas. Desde março de 2019, as exportações efetivas também apresentam receita superior à verificada no mercado interno. Não é comum, para mercados de livre e amplas negociações internacionais, as cotações domésticas operarem abaixo da paridade. Nestas condições, os vendedores brasileiros priorizam a exportação, o que exige que o mercado interno se ajuste aos níveis externos e, foi, de fato, o que se observou nestes últimos dias. As exportações brasileiras apresentam bom desempenho nos últimos meses e a expectativa é de que o volume de outubro siga expressivo. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a semana passada, foram embarcadas 178,7 mil toneladas da pluma. No acumulado dos últimos 12 meses, os embarques somam mais de 2 milhões de toneladas.

No spot brasileiro, os compradores precisam disputar o interesse de vendedores por novos negócios. Os produtores, em especial, cumprem contratos já realizados e que estão gerando boa rentabilidade. Certamente essa será uma mudança que os compradores domésticos deverão adotar pela frente: dar preferência a contratos a termo em detrimento de aquisições no spot. Nos últimos dias, com resistência de produtores, tradings aumentaram suas participações na comercialização do algodão em pluma para indústrias brasileiras, aceitando ofertas a preços inferiores. Do lado do consumidor da matéria-prima, há preocupações quanto ao contínuo aumento de preços versus a aceitação de repasses para seus produtos. As negociações para exportações seguem aquecidas, com fechamentos para entrega no primeiro semestre (safra 2019/2020) e no segundo (temporada 2020/2021).

Algumas efetivações pontuais para embarques imediatos e para 2022 também são observadas. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Santos (SP) é de R$ 3,80 por libra-peso e, no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,81 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York estão sendo impulsionados pela melhora no volume de venda dos Estados Unidos e pelo clima desfavorável à cultura em regiões norte-americanas, uma vez que as expectativas de chuvas podem atrasar a colheita e comprometer a qualidade do algodão. O vencimento Dezembro/2020 está cotado a 72,11 centavos de dólar por libra-peso e o Março/2021, a 72,72 centavos de dólar por libra-peso, ambos retomaram aos patamares de janeiro deste ano.

O contrato Maio/2021 está cotado a 73,22 centavos de dólar por libra-peso e o Julho/2021, a 73,58 centavos de dólar por libra-peso (+1%). Dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) indicam que a importação de algodão pelo país aumentou de agosto para setembro, totalizando 210 mil toneladas. A alta em relação a setembro/2019 é de expressivos 152,5%. De janeiro a setembro deste ano, a China importou 1,4 milhão de toneladas. Vale considerar que, de acordo com a Secex, o Brasil exportou 38,9 mil toneladas à China em setembro/2020, ou seja, representando 19% do total reportado como importado pelo Departamento chinês. Na parcial de 2020 (de janeiro a setembro), o percentual se mantém em 20%, com 275,5 mil toneladas de algodão brasileiro enviado ao país asiático. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.