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04/Nov/2020

Tendência de alta dos preços do algodão no Brasil

Os preços do algodão em pluma subiram com força em outubro no Brasil, atingindo patamares recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em julho de 1996. Na primeira quinzena do mês, a paridade de exportação seguia acima do valor pago no mercado doméstico, o que fez com que vendedores priorizassem os embarques e os novos fechamentos de exportação, mantendo baixa a disponibilidade doméstica. Consequentemente, os compradores brasileiros com interesse imediato precisaram elevar com certa frequência os valores para conseguir adquirir novos lotes. Em alguns casos, esses agentes até cederam na qualidade. Diante disso, na segunda quinzena de outubro, os preços internos passaram a operar em patamares acima dos observados para exportação. Tradings também estiveram ativas no mercado doméstico, especialmente na segunda metade do mês, e as fábricas puderam se abastecer, mesmo que para o curto prazo, havendo melhora na comercialização neste período.

Neste cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias atingiu R$ 4,07 por libra-peso no dia 27 de outubro, o maior valor nominal de toda a série do Cepea. No dia 30 de outubro, o Indicador cedeu, fechando a R$ 4,05 por libra-peso, mas ainda com expressiva alta de 25,7% no acumulado de outubro e de 50,8% em 10 meses. Vale considerar que a alta no acumulado do mês é a maior desde agosto de 2010. O enfraquecimento do preço nos últimos dias de outubro esteve atrelado à posição mais firme de compradores, que alegaram dificuldades no repasse dos aumentos da pluma. O preço médio de outubro foi de R$ 3,64 por libra-peso, 15,23% acima do de setembro e 24,18% maior que o de outubro/2019 em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de setembro/2020). Trata-se, também, da maior média real desde janeiro de 2020 (R$ 3,65 por libra-peso). O dólar fechou em R$ 5,74 no dia 30 de outubro, avanços 2,31% no mês e de 43,13% no ano. A média do câmbio em outubro, de R$ 5,62, foi a segunda maior em termos nominais desde 1994, atrás apenas da observada em maio deste ano.

Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o beneficiamento da safra 2019/2020 chegou a 75% no dia 29 de outubro, e a comercialização, em 84%. Da safra 2020/2021, 44% já estaria vendida. Agora, fica mais evidente que, mesmo com produção recorde, a lenta evolução do beneficiamento e as atenções voltadas ao mercado externo limitaram a disponibilidade doméstica de pluma, elevando os preços no Brasil. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) fechou outubro em R$ 3,85 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 3,86 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos foram impulsionados pela melhora na venda dos Estados Unidos, pela elevação do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Além disso, o atraso na colheita norte-americana, o clima desfavorável e o furacão nos Estados Unidos também influenciaram os aumentos nos valores da pluma.

Entre 30 de setembro e 30 de outubro, o vencimento Dezembro/2020 se valorizou 4,76%, a 68,92 centavos de dólar por libra-peso no dia 30 de outubro. O contrato Março/2021 fechou a 69,78 centavos de dólar por libra-peso no encerramento de outubro (aumento de 4,87% no mês), Maio/2021, a 70,52 centavos de dólar por libra-peso (+4,92%) e Julho/2021, a 71,26 centavos de dólar por libra-peso (+4,92%). Segundo informações divulgadas no dia 2 de novembro pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), a cadeia do algodão continua sendo influenciada pela pandemia, por tensões comerciais e pela economia global lenta. A expectativa é que a produção mundial na temporada 2020/2021 chegue em 24,9 milhões de toneladas e ultrapasse o consumo em 500 mil toneladas (24,4 milhões de toneladas).

Espera-se que Estados Unidos, Brasil, Paquistão e África Ocidental tenham redução nos volumes produzidos, ao mesmo tempo em que a Índia e a China devem aumentar a colheita. Mesmo com a projeção de queda de 6% na produção do Brasil de 2019/2020 para 2020/2021, indo para 2,8 milhões de toneladas, esse volume ainda é o dobro do colhido em 2015/2016. Para os Estados Unidos, furacões limitam a produção e a qualidade da safra 2020/2021. Para a comercialização mundial, a expectativa é de que some 9,3 milhões de toneladas, 4,4% a mais que na temporada 2019/2020. O estoque final está projetado em 22,4 milhões de toneladas, 3,2% maior que o anterior. Quanto aos preços, a estimativa de novembro para o final da temporada 2020/2021 indica média do Índice Cotlook A é de 69,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.