19/Nov/2020
A negociação do algodão no mercado disponível do Brasil evolui pouco. As fábricas estão atentas para ver se os preços cedem mais com novas desvalorizações do dólar, enquanto vendedores, após as quedas recentes das cotações, se concentram no cumprimento de contratos. Depois de subir 25,67% em outubro, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias acumula baixa de 5,65% em novembro. O Indicador chegou a cair nove dias consecutivos, mas, na terça-feira (17/11), voltou a registrar ganhos (+0,46%), fechando a R$ 3,82 por libra-peso. O mercado tem evoluído pouco, com os preços em variação frequente em decorrência da oscilação do dólar. Os vendedores ainda estão envolvidos com o cumprimento de contratos para exportação, e esse movimento deve se prolongar mais do que em anos anteriores. Provavelmente, não será possível carregar tudo até o fim de novembro, deve restar volumes para próximo ano.
O motivo é o volume contratado para exportação maior com uma safra recorde no Brasil. Apesar da pandemia do novo coronavírus, os contratos estão fluindo normalmente, pelo menos é o que vejo na região.O consumo da indústria brasileira está em recuperação após o baque inicial da Covid-19. A indústria parou devido à pandemia e está voltando lentamente, mas ainda não está em atividade total. O consumo reagiu, mas ainda não para o nível normal pré-pandemia. Não deve haver aceleração do ritmo de negócios nas próximas semanas, uma vez que muitas fábricas se preparam para férias coletivas no fim do ano. O mercado deve ficar mais aquecido somente a partir de janeiro. O interesse para novas compras atualmente estaria nos níveis de Esalq, em torno de R$ 3,80 por libra-peso, para algodão 41.4. No mercado interno, os vendedores diminuíram a oferta, e os compradores estão relutantes em pagar valores mais altos. Com isso, a negociação está com baixa liquidez.
Muitas indústrias já vêm fechando novos contratos antecipados, buscando garantir a pluma para os primeiros meses de 2021. Salienta-se o ritmo intenso das exportações de algodão, com embarques de 196,3 mil toneladas de pluma nos primeiro nove dias úteis de novembro. Caso o atual ritmo de vendas externas se mantenha até o fim do mês, o volume exportado deve atingir um novo recorde, superando as 308,8 mil toneladas embarcadas em janeiro deste ano. Entretanto, grande parte desse volume corresponde a contratos fechados anteriormente. Novos acordos, quando saem, são fechados em torno de 70,00 centavos de dólar por libra-peso. A negociação antecipada da safra 2020/2021 avança pouco com a incerteza sobre de qual será a área semeada no País. Já havia uma perspectiva de redução de plantio em virtude de preços mais baixos da pluma, e o atraso na regularização de chuvas protelou a semeadura da soja, o que pode, por sua vez, atrasar a implantação da segunda safra de algodão.
Os agentes não querem fazer novos compromissos com a incerteza de não se conseguir plantar algumas áreas com o atraso, tanto do lado vendedor quanto do comprador. Em relatório, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que ainda é incerta a área a ser plantada com algodão em Mato Grosso por causa do alto custo de produção e das incertezas em relação à 2ª safra no Estado, em função do atraso na semeadura da soja. Este fator, poderá levar o produtor a optar pelo milho em vez da fibra. O custo de produção de algodão em Mato Grosso para a safra 2020/2021 subiu novamente. O custo operacional efetivo (COE) aumentou 2,04% em relação a setembro, ficando em R$ 9.767,35 por hectare até o mês passado. Os principais itens que sustentaram a valorização foram fertilizantes e corretivos (+1,13%) e defensivos (+1,51%).
O custo operacional total (COT) alcançou R$ 10.121,42 por hectare, aumento de 1,96% no comparativo com setembro. Para que o produtor consiga cobrir pelo menos o seu COE, é preciso que negocie a sua pluma a uma média de R$ 83,83 por arroba. É importante salientar que se aproxima o início da semeadura do algodão nas primeiras áreas no Estado, previsto para a terceira semana de dezembro, e os produtores que ainda não finalizaram as aquisições dos insumos poderão se beneficiar com o recuo do dólar dos últimos dias. Na Bolsa de Nova York, os futuros fecharam em alta nesta quarta-feira (18/11), se recuperando das perdas da véspera.
O vencimento março subiu 53 pontos (0,74%) e fechou a 71,83 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos acompanham o desempenho da maioria das commodities agrícolas e do petróleo, diante de nova injeção de otimismo nos mercados com resultados de vacinas contra o novo coronavírus. A Pfizer anunciou que sua vacina experimental contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com a BioNTech, se mostrou 95% eficaz nos resultados finais da fase 3. Na semana passada, dados preliminares haviam indicado eficácia de 90%. O recuo do dólar ante as principais moedas, que torna o produto norte-americano mais atrativo para compradores de fora do país, também contribui para os ganhos da fibra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.