04/Dez/2020
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), as exportações de algodão do Brasil ganharam tração em novembro e atingiram novo recorde para um único mês, 333,29 mil toneladas, e o volume embarcado em dezembro pode superar 260 mil toneladas. Antes do mês passado, o maior volume exportado da pluma em um único mês havia sido de 309 mil toneladas em janeiro deste ano. O País mostra ao mercado lá fora que consegue embarcar um volume substancial e que vai deixar de ser um exportador sazonal para se tornar um exportador em 12 meses. Do lado comercial, o recorde se deve a três fatores. O Brasil está embarcando algodão da safra nova que já estava vendido, algodão da safra velha que deixou de ser embarcado de abril a junho por causa da pandemia e foi postergado para o segundo semestre deste ano, e novas vendas da safra nova feitas para os principais mercados consumidores. Do lado operacional houve aumento de capacidade logística em novembro, seguindo uma tendência de recuperação iniciada em outubro. Houve mais contêineres, linhas e navios disponíveis para embarcar algodão e atingir esse número.
São extra loader: linhas adicionais que carregam outras coisas, não só algodão, mas que aumentam a capacidade de embarque do Brasil. A cadeia tem feito um trabalho de convencimento de importadores de que o País tem capacidade de continuar abastecendo o mercado externo mesmo no primeiro semestre, período em que os embarques costumavam ser menores devido à entressafra, e incentivado as compras com antecedência. De janeiro a junho, o Brasil compete diretamente com a safra do Hemisfério Norte, com as produções da China, da Índia e dos Estados Unidos. Mas, se o País tiver capacidade de competir por igual é um “plus”. O mercado internacional questionava se o Brasil conseguiria embarcar um volume desses, de mais de 300 mil toneladas. Estavam previstos inicialmente embarques de 350 mil toneladas de algodão em novembro. Mas, no final do mês houve algumas rolagens de navio, e esse volume reprimido vai embarcar em dezembro. Dezembro deve ser um mês forte para as exportações brasileiras de algodão. A previsão é 260 mil toneladas exportadas neste mês. Dependendo como for o embarque na primeira quinzena de dezembro, o número pode ser maior, até por causa dessa rolagem no fim de novembro.
Por outro lado, dezembro tem os feriados de Natal e Ano-Novo, e isso às vezes complica os processos e um pouco do volume fica para janeiro por consequência. O número pode superar o esperado. De julho a novembro, o Brasil já exportou 920 mil toneladas, superando as 801 mil de igual intervalo do ano passado. Os embarques foram crescendo paulatinamente desde julho, quando o Brasil exportou 77 mil toneladas, passando a 109 mil toneladas em agosto, 159 mil toneladas em setembro e 241 mil toneladas em outubro. A recuperação começou em outubro pois as atividades das fábricas nos principais mercados consumidores voltaram a operar com capacidade mais ampla. Além disso, a capacidade de embarque no Brasil também estava reduzida para os meses de julho, agosto e setembro por problemas de disponibilidade de contêineres. Essa capacidade foi equalizada e melhorada no fim de outubro, em novembro e para o mês de dezembro deve continuar assim. É possível perceber uma retomada mais rápida da demanda mundial por algodão do que o setor previa quando estava no pico da pandemia, no primeiro e segundo trimestres.
A previsão de consumo chegou a cair muito. Havia dúvidas sobre quanto tempo ia demorar para recuperar a demanda e, agora, ela está sendo recuperada. Daqui para frente existe preocupação com elevação dos casos de Covid-19, possíveis medidas mais severas que possam afetar o fluxo do comércio e causar o fechamento de atividades industriais em vários países. Mas, se tiver um bom equilíbrio, a demanda deve se recompor e voltar aos níveis em que estava no pré-pandemia. A Anea prevê que o Brasil deve exportar na atual temporada, que vai de julho deste ano a junho do ano que vem, 2,15 milhões de toneladas, superando o 1,913 milhão de toneladas do intervalo anterior. É um aumento de quase 250 mil toneladas ano a ano, reflexo do volume que ficou atrasado de abril, maio e junho da safra velha e vai ser embarcado na safra nova e de novos negócios que o Brasil está fazendo lá fora. Isso mostra que o País tem qualidade, credibilidade e está realmente se posicionando com um player importante, o segundo maior exportador do mundo de algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.