09/Dez/2020
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a área plantada de algodão no Brasil em 2020/2021 pode diminuir mais do que o previsto. A redução de área pode ser de 15% ante a safra passada ou até superior, em virtude dos problemas de escassez de chuva no País, que provocaram atraso no plantio e replantio de áreas de soja, principalmente em Mato Grosso, o que pode comprimir a janela de plantio ou causar atrasos na semeadura de algodão de 2ª safra. Isso pode mudar dependendo do levantamento será feito agora. Houve muito replantio de soja em Mato Grosso, que tem a maior área de algodão 2ª safra. Em setembro, a previsão, apresentada na Câmara Setorial do Algodão, era de queda de área de 11% a 12% ante 2019/2020, quando foi semeado 1,6 milhão de hectares no País.
O plantio de algodão em 2ª safra tende a sair da janela ideal, até 30 de janeiro, se estendendo até fevereiro. A questão do clima deve ser monitorada com cuidado, já que até o momento não foi um fenômeno La Niña típico, com chuvas recorrentes na Região Centro-Oeste. O que vem acontecendo é que as chuvas estão isoladas. Entretanto, é cedo para projetar se a produtividade do algodão vai ou não cair. A previsão é de que, até fevereiro, a chuva vai ser irregular, depois disso tem um período normal e pode ser que chova até maio. Em virtude da redução de área, a safra brasileira tende a ficar entre 2,4 milhões e 2,5 milhões de toneladas. Para o biênio 2021-2022, os produtores já haviam tomado a decisão de reduzir área de algodão em virtude do efeito da pandemia do novo coronavírus sobre a demanda pela fibra.
O mundo antes da pandemia consumia 27 milhões de toneladas de algodão, num determinado momento caiu para 22 milhões de toneladas e hoje voltou para 25 milhões de toneladas. Os preços do algodão na Bolsa de Nova York haviam caído bastante. Isso trouxe um problema de rentabilidade para a lavoura do algodão, e a soja estava com uma rentabilidade melhor. Então, os produtores definiram que iriam diminuir área de algodão e passar para a soja. A migração para a oleaginosa ocorreria principalmente em áreas onde a fibra é plantada em primeira safra e concorre com a soja por espaço, como no MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A redução do consumo global, que gerou expectativa de preços deprimidos do algodão, e a falta de chuva, que atrasou o cultivo da soja e pode atrapalhar o plantio do algodão 2ª safra, foram os dois fatores que contribuíram para que a redução de área pudesse acontecer.
Contudo, os produtores ainda podem mudar de estratégia em áreas de soja com necessidade de replantio e semear, no lugar da oleaginosa, algodão em 1ª safra. Isso se deve ao fato de que o período de plantio de algodão 1ª safra ocorre após o calendário da soja na Região Centro-Oeste. O momento atual é dessa transição que produtor pode fazer. Mas, mesmo com a redução de área, não há risco de escassez da fibra para o mercado interno. Não está faltando algodão para o mercado interno brasileiro atualmente e não vai faltar para o ano que vem. Sobre a safra colhida este ano, 2019/2020, em torno de 900 mil toneladas foram exportadas até o momento e tem muito algodão na mão de produtores e de tradings. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.