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09/Dez/2020

Tendência de baixa do algodão com vendas fracas

Os produtores estão com boa parte da pluma 2019/2020 comprometida e, agora, priorizam o cumprimento dos contratos a termo, especialmente para exportação. Esse cenário tem diminuído o interesse em novas negociações no spot, enquanto os embarques seguem intensos. Em novembro, o volume e a receita com as vendas externas foram recordes. e acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), ao menos 37,3% da safra brasileira 2019/2020 (estimada em 3,002 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab) teria sido comercializada até o dia 8 de dezembro. Se considerar que nas últimas cinco safras foram registrados, em média, 74% da produção nacional, isso pode indicar que 50,4% da safra atual já teria sido negociada. Deste total, 34,6% foram direcionados ao mercado interno, 51,4%, ao externo e 14,1%, a contratos flex (exportação com opção para mercado interno).

Em Mato Grosso, especificamente, informações divulgadas no dia 7 de dezembro pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que 86% da produção 2019/20 do estado já teria sido comercializada. Quanto às exportações de algodão em pluma, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), somaram 333,3 mil toneladas de pluma em novembro, superando as 308,8 mil toneladas de janeiro deste ano (até então, recorde). Além disso, o volume de novembro ficou 38,1% acima do de outubro/2020 e 30% superior ao de um ano atrás. Na parcial de 2020 (até novembro), foram embarcadas 1,75 milhão de toneladas, 422 mil toneladas a mais que no mesmo período de 2019 (+31,7%). O faturamento com as vendas externas atingiu US$ 500 milhões em novembro, somando, em 2020 (até novembro), US$ 2,7 bilhões. Em moeda nacional, o montante totaliza R$ 2,7 bilhões em novembro e cerca de R$ 14 bilhões no ano.

O preço médio da exportação em novembro/2020 esteve em 68,06 centavos de dólar por libra-peso, que, ao câmbio médio de R$ 5,42, resulta em R$ 3,69 por libra-peso. Assim, após 20 meses, a média do Indicador em novembro (R$ 3,90 por libra-peso) ficou 5,8% maior que o valor médio das exportações efetivas. Diante das recentes quedas do dólar frente ao Real, parte dos vendedores esteve mais flexível nos valores indicados pelo algodão em pluma. Inclusive, algumas tradings, atentas à cotação interna acima da paridade de exportação, chegaram a disponibilizar lotes no spot nacional. No entanto, muitas indústrias estão recuadas e sem interesse em compras neste ano, principalmente aquelas que necessitam de pluma adquirem apenas pequenos volumes. Nesse cenário, o ritmo de negociações está lento neste início de dezembro e o preço, em queda.

O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 2,61% nos últimos sete dias, a R$ 3,89 por libra-peso, ficando cerca de 13% acima da paridade de exportação, a maior diferença positiva desde o final de fevereiro. No mesmo período, o dólar se desvalorizou 5,06%, a R$ 5,08 no dia 7 de dezembro, o menor patamar desde 12 de junho (R$ 5,05). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), é de R$ 3,42 no Porto de Santos (SP) e R$ 3,43 no Porto de Paranaguá, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Até o dia 3 de dezembro, o beneficiamento da safra 2019/2020 chegou a 92% da produção estimada, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em Mato Grosso, o beneficiamento representou 91% da produção, e na Bahia, 97%. Os contratos na Bolsa de Nova York oscilaram neste início de mês, mas acumulam leve alta nos últimas sete dias, influenciados pela valorização do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar.

O vencimento Dezembro/2020 está cotado a 70,63 centavos de dólar por libra-peso (+0,06%) e o Março/2021, a 72,38 centavos de dólar por libra-peso (+0,32%). O contrato Maio/2021 está cotado a 73,26 centavos de dólar por libra-peso (+0,29%) e o Julho/2021, a 74,02 centavos de dólar por libra-peso (+0,37%). De acordo com informações divulgadas no dia 1º de dezembro pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), a produção mundial na temporada 2020/2021 está estimada em 24,7 milhões de toneladas, reajuste negativo de 1,2% frente aos dados de novembro e queda de 5,3% no comparativo com a safra anterior. O consumo deve aumentar 7,6% frente à temporada 2019/2020, indo para 24,3 milhões de toneladas, enquanto a comercialização mundial está projetada em 9,4 milhões de toneladas (-0,1% no mesmo comparativo).

Nesse cenário, o estoque final pode chegar a 21,65 milhões de toneladas na safra 2020/2021, elevação de 1,9%. Quanto aos preços, a estimativa de dezembro para o final da temporada 2020/2021 indica média do Índice Cotlook A de 69,40 centavos de dólar por libra-peso. Para o Brasil, especificamente, a produção está estimada em 2,7 milhões de toneladas, 78,7 mil toneladas a menos que a safra 2019/2020, prevista em 3 milhões de toneladas (-10%), uma vez que os produtores optam por outras culturas com base na perspectiva de demanda fraca. O consumo interno, por sua vez, deve ficar em torno de 600 mil toneladas, enquanto as exportações podem chegar a 1,7 milhão de toneladas. Espera-se que as compras chinesas nos Estados Unidos atinjam recordes. De abril a setembro, a China importou 65% mais algodão dos Estados Unidos em relação ao mesmo período do ano anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.