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11/Jan/2021

Exportações e demanda deverão crescer em 2021

As exportações do algodão brasileiro devem continuar aquecidas em 2021, e o consumo interno da fibra tende a se recuperar em 2021. Na temporada de que se estende de julho de 2020 a junho de 2021, o País deve exportar volume recorde, de 2,15 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Já o consumo interno da fibra, que teve queda de 100 a 120 mil toneladas em 2020 em consequência dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, deverá voltar a 700 mil toneladas a 720 mil toneladas em 2021, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Se confirmada a projeção de embarques ao exterior de 2,15 milhões de toneladas de julho deste ano até junho de 2021, o Brasil deve superar o recorde da temporada anterior, de 1,913 milhão de toneladas. É um aumento de 250 mil toneladas ano a ano, reflexo do volume que ficou atrasado de abril, maio e junho da safra velha e vai ser embarcado na safra nova e de novos negócios que o Brasil está fazendo lá fora.

Isso mostra que o País tem qualidade, credibilidade e está realmente se posicionando com um player importante, o segundo maior exportador do mundo de algodão. A expectativa é de que os embarques de janeiro a junho de 2021 superem o observado em igual intervalo de 2020, quando saíram do País 835,9 mil toneladas. O País pode superar a marca de 200 mil toneladas mensais exportadas neste começo de 2021. O Brasil continua comercialmente ativo para o primeiro semestre do ano que vem. As exportações brasileiras costumavam se concentrar principalmente no segundo semestre do ano, logo após a colheita e o beneficiamento da fibra, mas isso tem mudado nos últimos anos. Já para a temporada que começa em julho de 2021, o cenário é mais incerto. A perspectiva por ora é de diminuição da produção de algodão na safra 2020/2021, o que reduz o excedente para venda externa.

O atraso da safra de soja em Mato Grosso implica uma janela reduzida para plantar algodão 2ª safra. Quando reduz muito a janela ideal de plantio, o produtor pode acabar plantando menos algodão, porque é uma cultura muito cara e de ciclo mais longo do que a soja e o milho, então ele opta por plantar milho na 2ª safra para não arriscar muito. Na Bahia, onde não tem duas safras, o algodão está perdendo um pouco de área porque a rentabilidade da soja tem sido muito boa. Entretanto, no começo da pandemia, quando os preços bateram em 50 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, a expectativa era de uma redução de área ainda maior. De lá para cá, os preços se recuperaram, o consumo e atividade industrial mundial começaram a retomar, o fluxo de mercadoria voltou a crescer, e isso trouxe um pouco mais de tranquilidade e segurança para o mercado continuar apostando e não reduzir tanto a área de algodão. Por enquanto, a projeção de safra do Brasil, anunciada pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) na última reunião da Câmara Setorial da fibra, é de 2,4 milhões de toneladas, abaixo dos 2,9 milhões de toneladas de 2019/2020.

A exportação não vai reduzir proporcionalmente como vai reduzir a safra. O setor tem feito reuniões entre segmento produtivo, que é a Abrapa, o setor exportador, que é a Anea, e o setor têxtil, que é a Abit, para acompanhar a evolução desses números e ter a certeza de que a indústria local vai estar suprida com o algodão brasileiro. Segundo a Abit, o consumo da indústria viveu uma fase de recuperação rápida a partir de setembro de 2020, depois do baque da pandemia do novo coronavírus, o que está ajudando a puxar a demanda por algodão. Por outro lado, quando se considera o fechamento do ano, o consumo vai ser menor, entre 580 mil a 600 mil toneladas, uma queda de 100 mil a 120 mil toneladas, acompanhando o recuo da produção, de 15% a 20%. Para 2021, ainda que haja muitas incertezas, deveremos voltar para um patamar de consumo de algodão da ordem de 700 mil toneladas a 720 mil toneladas.

Além da demanda, a indústria está preocupada com o abastecimento ao longo de 2021. A safra foi recorde em 2019/2020, mas com o ritmo de exportação extremamente acelerado. Ao mesmo tempo, a perspectiva para a safra 2020/2021 é de que a produção caia em pelo menos 15% em função de clima e de concorrência com soja e milho. A importação não é vista como uma necessidade por ora. Neste momento, não há nenhum movimento importador, mas poderá ocorrer no segundo trimestre de 2021, dependendo da circunstância da exportação e da perspectiva da própria safra 2020/2021. Entretanto, caso a compra do exterior venha a ser necessária, isso seria discutido pela indústria com os produtores de algodão. Ninguém tem interesse em importar algodão, só em último caso. O setor só importa quando há problemas sérios, de forma coordenada com a cotonicultura brasileira. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.