15/Jan/2021
Os preços de algodão seguem firmes no Brasil. As valorizações recentes dos futuros na Bolsa de Nova York e do dólar ante o Real elevam os preços para exportação. Os compradores internos em busca da pluma precisam aumentar propostas para garantir suprimento. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, esteve cotado a cotado a R$ 4,31 por libra-peso no dia 12 de janeiro, maior valor da série histórica do produto, iniciada em julho de 1996, recorde que já havia batido no dia anterior. Em janeiro, o ganho acumulado chega a 13,24%. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa na quarta-feira (13/01), refletindo o enfraquecimento do petróleo e a alta do dólar ante as principais moedas. O vencimento março da pluma recuou 78 pontos (0,95%), para 80,92 centavos de dólar por libra-peso. Traders também embolsaram lucros após o mercado ter subido nas duas sessões anteriores e acumulado ganho de 2,4% no período. O mercado internacional tinha subido muito fim do ano.
Como as negociações no mercado interno ficaram paradas no período de recesso, quando elas foram retomadas da semana passada para cá, os preços domésticos sofreram uma correção, acompanhando o preço internacional. A paridade de exportação ficou muito alta, e o mercado interno subiu muito para chegar no mesmo nível. Como há mais demanda do que oferta, a tendência é o preço doméstico ficar próximo da referência para exportação. Poucos produtores ofertam no disponível, e as indústrias estão procurando suprimento. Enquanto isso, com o ritmo de exportação acelerado, os embarques bateram recorde mensal em novembro e dezembro e a média diária de embarques na primeira semana de janeiro já supera em 123,71% a de janeiro do ano passado, tradings seguem fazendo novas aquisições para embarcar ao longo do primeiro trimestre. Muitos produtores do Cerrado estão com as atenções voltadas às lavouras de algodão. Assim, os vendedores ativos indicam valores maiores, o que acaba sendo aceito por parte dos compradores que estão com estoques baixos.
Tradings também atuam nas compras e vendas. Comerciantes, por sua vez, buscam repor seus estoques, mas a disparidade de preço limita os fechamentos de negócios 'casados'. Na Região Nordeste, há registro de negócios a R$ 4,40 por libra-peso posto em fábrica da própria Região e a R$ 4,30 por libra-peso posto em fábrica da Região Sudeste, sendo a maior parte do volume para entrega em janeiro e fevereiro. Há ainda interesse de compra de tradings por 200 pontos acima do vencimento março para embarque no mês que vem e em março. A demanda externa está muito firme. O algodão norte-americano, que é o que mais compete com o brasileiro, está com qualidade um pouco inferior neste ano, e a exportação do Brasil está fluindo muito. Em novembro/2020, a exportação tinha batido recorde mensal, depois dezembro teve novo recorde e na primeira semana de janeiro já teve exportação de 107 mil toneladas. Isso mostra que a exportação vai continuar firme. Está saindo muito algodão e tradings têm espaço para comprar mais.
Se fábrica não acompanhar os valores da exportação, não consegue adquirir novos lotes. Para negociação futura das safras 2020/2021 e 2021/2022, a negociação também ganhou tração. Há registro de negócios para tradings entre 79,00 e 80,00 centavos de dólar por libra-peso FOB no Porto de Santos (SP), para entrega no segundo semestre deste ano e entre 74,00 e 75,00 centavos de dólar por libra-peso, para entrega no segundo semestre do ano que vem, também FOB porto. Por enquanto, a demanda para entrega no segundo semestre vem principalmente de tradings. Como está saindo muito volume para exportação e a safra vai ser menor, as indústrias já deveriam estar se organizando para adquirir matéria-prima para o segundo semestre. Mas, isso ainda não está acontecendo porque, como o mercado está com uma volatilidade muito grande, isso cria incerteza sobre os valores que vão ser praticados nos próximos meses, e a indústria adota um comportamento de mais de cautela. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.