18/Jan/2021
A queda no consumo no primeiro semestre de 2020 contribuiu para a elevação dos excedentes domésticos e internacionais de algodão em pluma. Entretanto, o ritmo acelerado de consumo no segundo semestre criou um cenário de otimismo aos setores agrícola e industrial. Os preços internacionais são considerados atrativos, e os bons volumes de contratos já realizados apontam que as exportações da pluma podem manter em 2021 o ritmo recorde observado no final de 2020. A grande questão fica por conta da paridade de exportação, influenciada de forma mais intensa pela taxa de câmbio. No geral, os agentes devem continuar monitorando atentamente a pandemia, o avanço das vacinas para a imunização da Covid-19 e os desdobramentos da retomada da economia no Brasil e no mundo.
Do lado da indústria, a preocupação está atrelada às incertezas quanto à sustentação/crescimento da demanda ao longo de toda a cadeia, dado o alto nível de desemprego, o receio de novas restrições para conter uma “outra onda” de Covid-19 no País e o fim do auxílio emergencial. Dessa forma, uma diminuição na renda pode levar consumidores a darem preferência aos bens essenciais, limitando a demanda nacional por produtos têxteis. Agentes também devem se atentar aos preços do petróleo e à competividade do poliéster frente à fibra natural. Depois de subir por quatro safras consecutivas, a produção nacional deve somar 2,67 milhões toneladas na temporada 2020/2021, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), queda de 11% frente à anterior, mas, ainda assim, a terceira maior da história. A expectativa é de que a área semeada se reduza em 8,1%, para 1,53 milhão de hectares, e a produtividade caia 3,2% (1.745 quilos por hectare).
Após a queda de 17% no consumo doméstico na temporada 2019/2020, influenciado pelo avanço da pandemia no País, a projeção é de aumento de 19% em 2020/2021, indo para 690 mil toneladas. Instituições e associações brasileiras têm buscado promover o algodão no mercado internacional, na tentativa de diversificar importadores e aumentar o market share, fortalecendo relações especialmente com países asiáticos. O Brasil já se mostrou capaz de embarcar bons volumes ao longo de todo o ano, ofertando pluma de qualidade e com rastreabilidade, sustentabilidade e preços competitivos. Estimativas do Departamento de Agriculturas dos Estados Unidos (USDA) apontam que o Brasil pode continuar como o segundo maior exportador mundial de pluma, com 2,18 milhões toneladas na safra 2020/2021, atrás apenas dos Estados Unidos, que deve embarcar 3,27 milhões de toneladas.
De acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), ao menos 38% da safra brasileira 2019/2020 e 20,6% da safra 2020/2021 teriam sido comercializados até o dia 4 de janeiro. Considerando-se que nas últimas cinco temporadas foram registrados, em média, 74% da produção nacional, isso pode indicar que 51,3% da produção atual e 27,8% da próxima já teriam sido negociados. Sendo que a maior parte de ambas as safras é direcionada ao mercado externo. Para o maior produtor nacional, especificamente, informações divulgadas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que 86% da produção 2019/2020 em Mato Grosso e 51,83% da próxima já teriam sido comercializados.
Dados de dezembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção mundial da safra 2020/2021 deve somar 24,8 milhões de toneladas (-6,7% frente à temporada anterior), pressionada pelos Estados Unidos (-20%), Brasil (-13%) e Paquistão (-27,4%). O consumo global pode aumentar 13%, para 25,1 milhões de toneladas. A comercialização deve totalizar 9,4 milhões de toneladas, com avanços de 7,4% nas importações e de 5,4% nos embarques frente aos da safra anterior. O estoque mundial foi estimado em 21,2 milhões de toneladas em 2020/2021, recuo de apenas 1,9% sobre a safra anterior. Nesse cenário, a relação estoque/consumo está estimada em 84,3%, sendo que, para o Brasil, a relação estoque/consumo está em 103,28%, a menor em cinco temporadas. Quanto aos preços, a estimativa de dezembro para o final da safra 2020/2021 indica média do Índice Cotlook A de 69,40 centavos de dólar por libra-peso, de acordo com o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.