20/Jan/2021
Os preços externos e a taxa de câmbio seguiram em alta nas duas primeiras semanas de janeiro, elevando a paridade de exportação e, consequentemente, mantendo os valores domésticos da pluma em patamares recordes. Os vendedores brasileiros seguem firmes nos valores de novas negociações e focados no cumprimento dos contratos a termo, especialmente os direcionados ao mercado internacional. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros de pluma já somam 200,5 mil toneladas em janeiro (até a segunda semana), equivalente a 65% do total embarcado em janeiro de 2020. A média diária atual está 43% maior que a do mesmo mês do ano passado. Do lado comprador, as indústrias estão mais cautelosas em elevar suas ofertas e/ou a praticar os preços atuais, apontando dificuldades em repassar novos custos aos seus produtos. Ainda assim, os compradores com necessidade imediata cedem nos valores pagos, ainda que para pequenos volumes.
Diante do elevado patamar de preço e de incertezas quanto ao comportamento do mercado nos próximos meses, a comercialização da pluma para entrega em fevereiro e março se desaqueceu. Ressalta-se que os negócios já fechados anteriormente para entrega no próximo bimestre ocorreram a valores bem abaixo dos atuais. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 5,03% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,42 por libra-peso, sendo este o novo recorde nominal, considerando-se toda a série história desse produto, iniciada em julho de 1996. Na parcial deste mês, o avanço do Indicador é de expressivos 16,23%. Com os consecutivos aumentos, a cotação nacional está, na média parcial mensal, 4,3% maior que a paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,03 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,04 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
O beneficiamento da safra 2019/2020 está na reta final, atingindo 98,5% da produção até o dia 14 de janeiro, conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em Mato Grosso, o beneficiamento chegou a 98,5% da produção e, na Bahia, em 100%. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a semeadura da temporada 2020/2021 estava, até o dia 14 de janeiro, em média, de 30%. Na Bahia, a área semeada chegou a 87%; em Mato Grosso, a 8%; em Goiás, a 74%; em Minas Gerais, a 75%; em Mato Grosso do Sul, a 80%; no Maranhão, a 78%, em São Paulo e em Tocantins, a 87%. A semeadura já foi finalizada no Piauí e no Paraná. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 13 de janeiro indicam que a área na safra 2020/2021 deve somar 1,52 milhão de hectares, quedas de 0,8% na comparação com o relatório anterior e de 8,8% frente à temporada passada.
A produtividade média pode recuar 3,1% em relação à safra 2019/2020, indo para 1.746 quilos por hectare. Assim, a produção nacional deve ficar em 2,65 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, houve reajuste negativo de 2,2% na área e na produção, indo para, respectivamente, 1,1 milhão de hectares e 1,93 milhão de toneladas. Se comparado com a temporada anterior, a queda na área foi de 5,4% e, na produção, de 8%. Na Bahia, por sua vez, houve aumento de 6% na área e na produção, indo para respectivos 266 mil hectares (-15,2% frente à safra 2019/2020) e para 482,5 mil toneladas (-19,1%). Na Bolsa de Nova York, os contratos estão sendo influenciados pela queda na estimativa de estoque dos Estados Unidos para 2020/2021 e pelo bom desempenho das vendas norte-americanas. O vencimento Março/2021 está cotado a 80,70 centavos de dólar por libra-peso, alta de 1,17% nos últimos sete dias (no dia 18 de janeiro, a Bolsa de Nova York não operou porque foi feriado nos Estados Unidos).
O contrato Maio/2021 registra valorização de 1,33%, a 81,62 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Julho/2021 apresenta avanço de 1,38%, a 82,37 centavos de dólar por libra-peso, e Outubro/2021, 3,13%, a 78,97 centavos de dólar por libra-peso. Estes são os maiores patamares desde as respectivas aberturas desses contratos, no dia 12 de janeiro. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 13 de janeiro, apontou que a produção mundial na temporada 2020/2021 deve cair 7,6% frente à anterior, para 24,6 milhões de toneladas. O Paquistão teve reajuste negativo (-4,5%), indo para 936 mil toneladas, a menor produção desde a safra 1983/1984 (494,4 mil toneladas). Ao mesmo tempo, a produção dos Estados Unidos também foi reajustada negativamente frente aos dados de novembro, em 6,2%, e a queda frente à temporada 2019/2020 se ampliou para 25%. O consumo mundial, por sua vez, está projetado em 25,2 milhões de toneladas, avanços de 12,8% em relação à safra 2019/2020 e de apenas 0,1% no comparativo mensal.
A China teve seu consumo elevado em 1,3% frente ao relatório anterior e em 16,7% frente à temporada passada. Ainda, a importação chinesa deve ficar em 2,3 milhões de tonadas na safra 2020/2021, ajuste positivo de 5% se comparado aos dados de dezembro/2020 e elevação de 47,1% frente a 2019/2020. As transações entre países poderão somar 9,5 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, com altas de 7% nas importações e de 5,6% nas exportações. Vale lembrar que está previsto para o Brasil exportar volume recorde de 2,6 milhões de toneladas em 2020/2021. Neste cenário, o estoque global 2020/2021 está estimado em 20,97 milhões de toneladas, 3% inferior ao da safra passada e 1,2% abaixo do mês anterior. Por mais um mês, houve expressiva queda (-20,9%) nos estoques dos Estados Unidos, e, com isso, a baixa passa a ser de 36,5% em relação a 2019/2020, para 1 milhão de toneladas, a menor em três safras. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.