04/Fev/2021
Os preços do algodão seguem firmes no Brasil, acompanhando a necessidade de fábricas. Tradings já estudam negociar parte do algodão de contratos flex para o mercado interno. Os produtores também ofertam a fibra, mas a valores maiores. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 4,61 por libra-peso, nova máxima nominal da série histórica, iniciada em julho de 1996. O indicador já havia atingido recorde nominal na segunda-feira (1º/02). Em janeiro, acumulou alta de 20%. A movimentação é limitada porque surgem poucas ofertas e não há grande interesse de compra. A indústria está comprando na medida em que vai precisando de algodão. Estão puxando o preço para cima, caso contrário não conseguem oferta. A cotação da fibra continua em alta no País, mas pode se estabilizar. Com o preço alto, tradings começaram a entrar no mercado interno, porque esses valores já viabilizam esse tipo de negociação.
Na Região Sul, a indústria indica R$ 4,50 por libra-peso e trading está disposta a vender por esse valor, avaliando apenas o histórico de crédito do comprador. Os produtores indicam acima de R$ 4,60 por libra-peso pelo algodão em estoque. Não deve faltar algodão na entressafra. Além da possibilidade de as tradings ofertarem para o mercado interno em momentos em que a combinação de futuros e câmbio permitir, os produtores ainda têm estoques. Apesar do amplo excedente doméstico, o bom volume de vendas antecipadas e a expectativa de menor produção em 2021 fundamentaram a posição firme de vendedores, que indicam preços maiores em novos negócios no spot. Os compradores se mantêm ativos no mercado, no intuito de recompor estoques e/ou de realizar revenda para exportação. As exportações brasileiras de algodão somaram 273,9 mil toneladas em janeiro, 11% menos do que em igual mês de 2020, quando foram embarcadas 308,8 mil toneladas do produto.
A receita foi 12,4% menor na mesma base de comparação, saindo de US$ 485,2 milhões há um ano para US$ 425,1 milhões no mês passado. Os dados foram divulgados na segunda-feira (1º/02) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O Itaú BBA projetou que as cotações do algodão no Brasil tendem a acompanhar os preços internacionais e seguir firmes nos próximos meses. Combustível adicional ainda poderá vir do aumento da demanda das indústrias locais e de pioras climáticas que atrapalhem o desenvolvimento da safra 2020/2021. Na Bolsa de Nova York, o algodão deve ter preços firmes ao longo dos próximos meses, sustentados na expectativa de um balanço de oferta e demanda global apertado na safra 2020/2021. O aperto se deve à intensificação da queda de produção da fibra e à forte recuperação do consumo.
Em São Paulo, para a negociação futura da safra 2020/2021, não há indicações nesta semana, enquanto os produtores por ora estão focados em escoar a safra 2019/2020. Além disso, há uma preocupação com o atraso na colheita de soja, que está deixando lenta a semeadura de algodão 2ª safra. Os produtores têm um planejamento de plantio, mas não sabem se vão conseguir cumprir. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que, até o dia 29 de janeiro, 31,71% das áreas previstas foram semeadas com algodão em Mato Grosso, avanço de 15,62% em relação à semana anterior. Mesmo com o aumento no ritmo, o trabalho a campo segue atrasado em todas as regiões do Estado e, na semana passada, a diferença em Mato Grosso chegou a 51,58% ante o mesmo período da safra 2019/2020 e 36,74% em comparação com a média dos últimos cinco anos.
O atraso na colheita da soja é o principal limitador para o andamento da semeadura, já que a maior parte das áreas são semeadas depois da oleaginosa. Ademais, é importante destacar que a janela ideal de cultivo do algodão em Mato Grosso é até o final de janeiro e a maior parte das áreas não serão semeadas no período ideal, podendo impactar na produtividade ou até mesmo influenciar na decisão dos produtores de cultivar ou não o algodão nas áreas programadas para a temporada. Os futuros de algodão fecharam em leve alta nesta quarta-feira (03/02) na Bolsa de Nova York, sustentados pelo fortalecimento do petróleo. O vencimento março da pluma ganhou 30 pontos (0,37%) e fechou a 80,99 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.