17/Mar/2021
O movimento de alta nos preços do algodão em pluma, que vinha sendo observado desde meados de dezembro de 2020, foi interrompido nos últimos dias. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 2,67% nos últimos sete dias e, na parcial deste mês, recuo de 0,51%, cotado R$ 5,03 por libra-peso. A média mensal está em R$ 5,14 por libra-peso, ainda 7,36% superior à média de fevereiro/2021 e expressivos 37,8% acima da média de março/2020, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2021). Os acirramentos das medidas restritivas para o controle da Covid-19 no Brasil elevaram as incertezas sobre o comportamento do consumidor nas próximas semanas. Diante disso, os compradores de pluma se afastaram do mercado spot nacional, resultando em quedas nos valores internos. Além disso, as oscilações do dólar e o recuo nos preços da China (de acordo com a Bolsa de Zhengzhou) influenciaram a paridade de exportação e reforçaram a retração compradora.
Muitos agentes da indústria também estão preocupados quanto a prorrogações e adiamentos de carregamentos e pagamentos. Do lado vendedor, os produtores estão focados no desenvolvimento das lavouras da temporada 2020/2021. Com boa parte da produção já comprometida e com as exportações ainda apresentando bom desempenho, os produtores apenas avaliam as novas condições de mercado para incrementar os contratos a termo. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na primeira quinzena de março/2021, foram embarcadas 104,4 mil toneladas de pluma, com média diária de 10,4 mil toneladas, 63,7% acima da média de março/2020. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), é de R$ 4,62 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,63 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Os contratos na Bolsa de Nova York estão oscilando nos últimos sete dias, mas fecharam o período em queda, influenciados pelo recuo do petróleo e pela alta do dólar no mercado internacional, os quais tendem a diminuir o interesse pela fibra norte-americana. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2021 registra desvalorização de 1,81%, a 86,72 centavos de dólar por libra-peso, e o Julho/2021, 1,71%, a 87,76 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2021 está cotado a 84,16 centavos de dólar por libra-peso, com baixa de 1,9% no período, e o Dezembro/2021, está cotado a 83,55 centavos de dólar por libra-peso, queda de 2,1%. Em relatório divulgado no dia 11 de março, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a área de algodão na safra 2020/2021 deve somar 1,42 milhão de hectares, queda de 14,5% sobre a de 2019/2020. A produtividade é estimada em 1.761 quilos por hectare de algodão em pluma, 2,3% menor que a da safra anterior.
Como resultado, a produção deve ser de 2,51 milhões de toneladas, retração de 16,4% frente à safra 2019/2020. A disponibilidade interna deve ficar em 4,28 milhões de toneladas, ao se acrescentar o estoque inicial à estimativa de produção. Deste total, em 2021, o consumo interno deve absorver 700 mil toneladas, e as exportações poderão somar 2,08 milhões de toneladas. Assim, o estoque final em dezembro/2021 poderá ser de 1,5 milhão de toneladas, abaixo apenas dos 1,76 milhão registrados em dezembro/2020. Em relatório divulgado no dia 9 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou que a produção mundial na temporada 2020/2021 deve cair 7,2% frente à anterior, para 24,67 milhões de toneladas. A estimativa de produção dos Estados Unidos foi reduzida em 26,2% em relação a 2019/2020, para 3,2 milhões de toneladas. A projeção para a produção do Brasil está em 2,5 milhões de toneladas, 16,5% inferior à safra passada. O consumo global deve aumentar 14,5%, para 25,57 milhões de toneladas.
O estoque global da temporada 2020/2021 deve ser de 20,6 milhões de toneladas, redução de 1,2% no comparativo mensal e queda de 4,3% frente à safra passada. As transações entre os países poderão totalizar 9,7 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, com altas de 9,5% nas importações e de 7,8% nas exportações. Com exceção da China, os maiores importadores mundiais tiveram reajuste positivo frente ao mês anterior. Para a exportação, o destaque foi para a Índia, que teve a estimativa de venda elevada para 1,24 milhão de toneladas, alta de 14% frente ao relatório do mês passado e expressivo aumento de 78% se comparado com a safra 2019/2020. Quanto à temporada 2021/2022, o USDA prevê que o consumo mundial deve superar a produção pelo segundo ano consecutivo, reduzindo os estoques e, consequentemente, dando suporte aos preços. O consumo pode aumentar 4,1%, e a produção, 4,7%. Espera-se que o Cotlook A chegue a 90,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.