08/Abr/2021
Os preços do algodão no Brasil recuam neste início de abril, seguindo a tendência já verificada na segunda metade de março. O ritmo de negócios é lento devido às restrições ao comércio em decorrência das medidas de controle da pandemia de Covid-19. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,56% nos últimos sete dias, a R$ 4,79 por libra-peso. Em abril, a baixa acumulada é de 0,31%. Para a safra 2020/2021, o interesse de venda está menor após os recuos recentes dos futuros. Apesar das altas dos últimos dias, o vencimento maio acumula queda de 8,8% em 30 dias na Bolsa de Nova York. A liquidez dos negócios no spot diminuiu de 15 dias para cá. No mercado interno, com esses cenários de lockdown e comércio fechado em várias regiões do Brasil, as indústrias estão sentindo um certo desaquecimento nas vendas de fios e tecidos, e isso se refletiu no apetite delas pelo algodão. Em janeiro e fevereiro, havia mais demanda do que oferta no disponível.
Agora, já tem mais oferta do que demanda. As fábricas ainda atuantes no mercado indicam abaixo do Esalq. Para ter negócio efetivo, o preço teria que ficar em torno de R$ 4,70 por libra-peso posto fábrica na Região Sudeste. Dependendo da combinação de futuros e câmbio, tradings ofertam algodão internamente para pronta entrega ou embarque nos próximos meses, em geral na faixa de 300 pontos acima do vencimento maio ou julho da ICE Futures. A lentidão no mercado de algodão em pluma, observada desde a segunda semana de março, se intensificou no começo de abril. Compradores e vendedores estão afastados do spot nacional e sem interesse em fechar novos contratos a termo, apenas negócios pontuais são realizados quando demandantes têm necessidade e/ou quando vendedores cedem. As indústrias trabalham com pluma que possuem em estoque diante da incerteza sobre o comportamento da demanda nos próximos meses.
As exportações do País seguem aquecidas, mas envolvem em grande parte contratos antigos. De agosto de 2020 a março de 2021, no acumulado da temporada, o volume exportado soma 1,944 milhão de toneladas, acima do recorde anterior, verificado de agosto de 2019 a julho de 2020, quando 1,943 milhão de toneladas foram escoadas. Para a safra 2020/2021, os produtores se retraíram com a queda do preço internacional. A Bolsa de Nova York passou de 90,00 centavos de dólar por libra-peso para 85,00 centavos de dólar por libra-peso e agora está em 80,00 centavos de dólar por libra-peso. Diminuiu o interesse do lado do produtor em fazer vendas futuras. Como os vendedores já estão avançados na comercialização, não têm muita pressa. A indicação de compra para entrega no segundo semestre deste ano era de 300 pontos acima do vencimento dezembro da Bolsa de Nova York FOB no Porto de Santos (SP).
Para 2022, há espaço para fechar novas vendas, mas os produtores preferem aguardar, uma vez que os valores indicados para o ano que vem estavam na faixa de 77,00 a 78,00 centavos de dólar por libra-peso FOB no Porto de Santos (SP). Tem algumas negociações, mas pontuais. No geral, não há muita oferta. Por enquanto, a safra 2020/2021, que está no campo, avança sem percalços, mas persiste a tensão com a oferta de Mato Grosso, maior produtor. A Bahia plantou na janela certa, e o clima tem sido favorável. A preocupação é Mato Grosso, que plantou no limite e reduziu um pouco a área. Pode haver alguma questão climática que influencie na produtividade. O adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Brasília (DF) projetou que a produção de algodão no Brasil deve aumentar na safra 2021/2022, que deve ser plantada a partir do fim do ano, para 2,88 milhões de toneladas.
O volume representaria incremento de 14% ante a estimativa para 2020/2021, de 2,52 milhões de toneladas. O USDA prevê uma área semeada de 1,6 milhão de hectares no ciclo 2021/2022, em comparação com 1,44 milhão de hectares em 2020/2021. O aumento esperado está associado à perspectiva de maior demanda por algodão à medida que a economia global tenta se recuperar dos efeitos da pandemia de Covid-19. A previsão para consumo doméstico é de 697 mil toneladas em 2021/2022, aumento de 6,7% em relação ao ciclo atual. As exportações devem somar 2,5 milhões de toneladas, ante previsão de 2,39 milhões de toneladas para 2020/2021. Para os Estados Unidos, o USDA projetou na semana passada área plantada de 4,87 milhões de hectares com algodão no ano-safra 2021/2022, 0,46% menor do que os 4,89 milhões de hectares semeados em 2020/2021. Nesta semana, em relatório de evolução de safra, o USDA mostrou que produtores de algodão tinham semeado 6% da área total prevista até o dia 4 de abril, em comparação a 5% na média dos cinco anos anteriores.
Os produtores norte-americanos não estão investindo em maior área de cultivo da fibra. Isso se deve, em parte, à competição da cultura com a soja e o milho, que continuam com preços em alta. Além disso, o clima desfavorável nas principais áreas de cultivo também está influenciando na decisão dos produtores. Observadores esperavam que a área fosse expandida pelo menos no Texas, onde mais da metade dos campos de algodão dos Estados Unidos estão localizados. De acordo com os planos de cultivo, no entanto, há um declínio marginal em comparação com o número do ano passado. As condições ainda estão muito secas, principalmente no oeste do Estado. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em alta nesta quarta-feira (07/04), esticando os ganhos da véspera. O vencimento maio da pluma subiu 28 pontos (0,35%) e fechou a 79,50 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.