05/Mai/2021
Mesmo com o dólar operando em alto patamar, as vendas internas de algodão em pluma vêm remunerando mais que as externas. Em abril, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, ficou 12,5% acima da paridade de exportação, sendo a maior vantagem da venda interna sobre as externas desde junho de 2018, quando a diferença atingiu 17%. Neste caso, em mercados com amplos excedentes exportáveis, como o de algodão, a paridade de exportação é um importante referencial de preços, à medida que indica o valor que o vendedor receberia nas negociações externas. O cenário atual é resultado das valorizações da pluma em intensidade superior às observadas para a paridade. Entre abril/2020 e abril/2021, o Indicador CEPEA/ESALQ avançou 78,2% em termos nominais, a R$ 4,93 por libra-peso em abril, enquanto a paridade subiu 50%, a R$ 4,38 por libra-peso (FOB Porto de Santos-SP) e R$ 4,39 por libra-peso (FOB Porto de Paranaguá-PR).
Entre 31 de março e 30 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ avançou 7,52% e, nos últimos sete dias, a alta é de 2%, cotado a R$ 5,22 por libra-peso, pouco abaixo do recorde nominal observado em 4 de março deste ano (de R$ 5,22 por libra-peso). O recente impulso aos preços domésticos, por sua vez, vem da posição firme de vendedores. Bons volumes das temporadas 2019/2020 e 2020/2021 já foram comercializados, e a expectativa é de redução na oferta da safra atual (2020/2021). Tradings passaram a ficar mais ativas no comércio nacional, pedindo preços inferiores aos de produtores, diante da menor atratividade da exportação. Por outro lado, o alto patamar do dólar e a elevação dos preços internacionais também encareceram as importações. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, de 26 a 30 de abril, a paridade de importação CIF São Paulo (com operação de drawback) foi de R$ 5,79 por libra-peso. As exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 177 mil toneladas em abril, quase o dobro (+95,4%) do volume embarcado em abril/2020, 15% acima da quantidade de março/2021 e um recorde para o mês.
Considerando-se o dólar médio de R$ 5,56 em abril, o preço por libra-peso da pluma exportada foi de R$ 4,29 (77,10 centavos de dólar por libra-peso), 13,1% abaixo do Indicador CEPEA/ESALQ. Ainda assim, essa média da pluma exportada esteve 13,8% maior que a verificada em abril do ano passado. Entre 31 de março e 30 de abril, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) foi de R$ 4,49 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 4,50 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos da Bolsa de Nova York subiram no acumulado de abril. O vencimento Maio/2021 fechou a 87,43 centavos de dólar por libra-peso no dia 30 de abril, alta de 8,1% frente ao dia 31 de março. Julho/2021 fechou a 88,08 centavos de dólar por libra-peso (+7,19%), Outubro/2021, em 87,02 centavos de dólar por libra-peso (+7,15%), e Dezembro/2021, em 85,06 centavos de dólar por libra-peso (+6,19%).
Em relatório divulgado no dia 3 de maio, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estima produção mundial da safra 2020/2021 em 24,58 milhões de toneladas, queda de 6,3% frente à temporada anterior. O consumo foi apontado em 24,97 milhões de toneladas, 10% superior ao da safra 2019/2020. A exportação mundial, por sua vez, pode crescer 8,9% frente à safra anterior, a 9,83 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 22,14 milhões de toneladas, recuo de 1,7% na comparação com a temporada 2019/2020. Quanto à safra 2021/2022, a produção mundial deve ser de 24,32 milhões de toneladas, abaixo do consumo, previsto em 25,32 milhões de toneladas. As exportações mundiais estão projetadas em 9,95 milhões de toneladas, 1,22% maiores que as da safra 2019/2020. Dessa forma, estima-se estoque mundial de 21,15 milhões de toneladas, queda de 4,47% sobre a temporada anterior. Para os preços, a previsão para a média do Índice Cotlook A é de 80,00 centavos de dólar por libra-peso para o final da temporada 2020/2021, alta de 1,9% frente ao relatório divulgado no início de abril. Para a safra 2021/2022, a projeção é de 89,70 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.