01/Set/2021
A demanda interna um pouco mais aquecida ao longo de agosto elevou o ritmo de negócios envolvendo o algodão em pluma. Esse cenário atrelado à baixa oferta do produto no spot nacional e às valorizações externas e do câmbio resultaram em alta nos preços domésticos no acumulado do mês passado. Entre 30 de julho e 30 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 10,34%, fechando a R$ 5,47 por libra-peso no dia 30 de agosto, novo recorde nominal da série do Cepea iniciada em meados de 1996. A média de agosto foi de R$ 5,25 por libra-peso, 5,38% acima da média de julho/2021 e 32,18% superior à de agosto/2020, em termos reais (os valores foram corrigidos pelo IGP-DI de julho/2021).
No geral, em agosto, os produtores estiveram focados na colheita, no beneficiamento, na classificação e no cumprimento de contratos a termo. Os vendedores ativos seguiram firmes e elevando os preços pedidos ao longo do mês, fundamentados na menor produção da safra 2020/2021, no maior volume de pluma já comercializado e nos estoques mais baixos. Na última semana de agosto, contudo, tradings tiveram maior atuação no mercado interno, que opera com preços mais atrativos que os externos. Do lado comprador, demandantes precisaram de lotes para atender à necessidade imediata. Outros, ainda, estiveram afastados do mercado, na expectativa de queda, diante dos avanços do beneficiamento e do cumprimento dos contratos.
Parte das indústrias até indicou aumento nas vendas em agosto, mas estes agentes ainda estiveram cautelosos nas aquisições de grandes volumes da matéria-prima, com receio de não conseguir repassar os atuais custos. Dados da Companhia nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, de 23 a 27 de agosto, especificamente, a paridade de importação CIF São Paulo (com operação de drawback) foi de R$ 5,89 por libra-peso. No mesmo período, o Indicador teve média de R$ 5,42 por libra-peso, sendo, portanto, 8% inferior à paridade de importação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) em agosto foi de R$ 4,68 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 4,69 no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os contratos se valorizaram em agosto, especialmente por conta dos avanços nos preços do petróleo. Entre 30 de julho e 30 de agosto, o vencimento Outubro/2021 subiu 6,43%, cotado a 95,61 centavos de dólar por libra-peso. No mesmo período, o contrato Dezembro/2021 se valorizou 5,41%, a 94,23 centavos de dólar por libra-peso; Março/2022, 4,9% a 93,43 centavos de dólar por libra-peso; Maio/2022, 5,01% cotado a 92,87 centavos de dólar por libra-peso. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que, até o dia 26 de agosto, a colheita havia chegado a 78% do total da área do País e o beneficiamento, a 26%. Destaca-se que o beneficiamento em Mato Grosso soma apenas 18% da produção e na Bahia, 40%.
A primeira estimativa da Conab para a safra 2021/2022 aponta área de 1,548 milhão de hectares, aumento de 13,4% frente à de 2020/2021, alavancada pelos elevados preços internacionais, pelo dólar valorizado frente ao Real, pela alta rentabilidade da cultura, pelo volume comercializado antecipadamente e pela fidelização dos clientes no exterior. Vale considerar que a Conab indica que a boa rentabilidade do milho é um fator limitante do crescimento da área. A produtividade está estimada em 1.750 quilos por hectare, elevação de 2,1% se comparada à da safra 2020/2021. Dessa forma, a produção nacional deve crescer 15,8% frente à anterior, somando 2,71 milhões de toneladas na safra 2021/2022.
O consumo doméstico deve sair de 715 mil toneladas para 760 mil toneladas na temporada 2021/2022 (+6,3%). As exportações em 2022 estão previstas em 2,03 milhões de toneladas, estas 3,3% menores que as estimadas para a safra 2020/2021. Com isso, o estoque final está projetado em 1,045 milhão de toneladas, queda de 19,1% frente ao anterior. Dessa forma, a relação estoque/consumo em 2021 está previsto em 181% e poderá cair para 137% em 2022, a menor em quatro anos. Dados do Departamento de Alfândegas da China mostram que, em julho/2021, o País importou 140 mil toneladas de algodão em pluma, volume 21% menor que o de junho/21 e 6,7% abaixo do de julho/2020. De janeiro a julho de 2021, a China importou 1,69 milhão de toneladas, 61% a mais que no mesmo período de 2020 (1,05 milhão de toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.