02/Set/2021
Apesar da maior oferta de algodão disponível no mercado interno, com o avanço da colheita, a negociação da pluma continua pontual. As fábricas estão voltadas ao recebimento de lotes comprados antecipadamente. Os produtores também focam em cumprir contratos prévios. A maior oferta disponível pressiona os preços. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), com pagamento em 8 dias, registra queda de 1,26% nos últimos sete dias, a R$ 5,35 por libra-peso. No dia 30 e agosto, o Indicador atingiu o maior valor nominal dos últimos 25 anos, fechando a R$ 5,47 por libra-peso, recorde da série histórica iniciada em meados de 1996. Em agosto, a pluma registrou valorização de 10,34%. A demanda interna um pouco mais aquecida ao longo de agosto elevou o ritmo de negócios envolvendo o algodão em pluma.
Esse cenário atrelado à baixa oferta do produto no spot nacional e às valorizações externas e do câmbio resultaram em alta nos preços domésticos no acumulado do mês passado. A conjuntura vem mudando ao longo dos últimos dias com maior volume de pluma disponível. Mesmo assim, os produtores pedem o valor do Indicador Esalq no spot com adicional do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para lotes colocados em fábricas das Regiões Sul e Sudeste, para entrega imediata e pagamento em 8 dias. Os poucos negócios que ocorrem são fechados com base no Indicador Esalq. Do outro lado, a têxteis domésticas indicam entre R$ 5,25 e R$ 5,30 por libra-peso. Os lotes ofertados pelos produtores no spot ainda são de volumes pequenos na comparação com igual período do ano passado.
O que aparece no mercado interno é uma oferta pontual que não se enquadrou no contrato de exportação por alguma característica da fibra, relacionada ou ao comprimento, ou a resistência, ou ao brilho. Essas cargas pontuais são adquiridas por fábricas com necessidade de abastecimento imediato ou com baixos níveis de estoque, o que as leva a aceitar o preço pedido. A maior parte da indústria está abastecida ainda utilizando estoques e recebendo pedidos comprados. Na exportação, tanto vendedores quanto tradings também estão focados na entrega dos contratos, sem indicação de preços para novas compras. A comercialização envolvendo a pluma da safra 2021/2022, a ser plantada no início do ano que vem, está um pouco mais adiantada que as vendas no spot. Há registro de negócios entre R$ 4,90 e R$ 5,05 por libra-peso, com adicional de ICMS CIF em fábricas das Regiões Sul e Sudeste. No momento, são contratos de volume pequeno para mercado interno.
O fluxo de negócios no spot deve acelerar em setembro, já que a disponibilidade de algodão tende a aumentar. A tendência é de recuo de preços considerando o ajuste entre oferta e demanda doméstica, sem contabilizar câmbio e preços internacionais. Os produtores tendem a se desfazer de maior número de lotes, pois possuem despesas com defensivos agrícolas para serem cobertas em setembro e outubro. A indústria, por sua vez, deve aproveitar as oportunidades de negócios, repor estoques e garantir abastecimento para novembro e dezembro, período de aumento no consumo dos produtos têxteis. Assim, deve haver um ajuste de preços entre comprador e produtor a partir deste mês. A colheita de algodão está na reta final no País. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que 80,6% da safra nacional está colhida. Em Mato Grosso, principal produtor da fibra no País, os trabalhos de campo estão sendo finalizados e há boa qualidade da pluma.
Em Goiás, 95% da área plantada já foi retirada e os trabalhos devem se estender até o fim deste mês. Na Bahia, o percentual é de 80% da área colhida, com perspectiva de produtividade nas lavouras irrigadas. O baixo volume de chuva previsto até a próxima segunda-feira (06/09) deve favorecer as condições para encerrar a colheita de algodão nas regiões do MATOPIBA (que compreende os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão cederam 2,8% nos últimos sete dias. O vencimento dezembro da pluma recuou 170 pontos (1,80%), para 92,53 centavos de dólar por libra-peso. As cotações foram pressionadas pelo impacto menor que o esperado do furacão Ida sobre as áreas de cultivo de algodão nos Estados Unidos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.