09/Set/2021
Com vendedores e compradores mais ativos no mercado neste início de setembro, as negociações internas envolvendo algodão em pluma estão um pouco mais aquecidas. Apesar disso, os preços registram queda nos últimos dias, influenciados pelo recuo dos valores externos. Assim, após atingir recorde nominal no dia 30 de agosto (R$ 5,47 por libra-peso), o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 5,34 por libra-peso, queda de 2,37% nos últimos sete dias. Os produtores nacionais têm elevado o volume de oferta de novos lotes no spot, no intuito de aproveitar os atuais valores da pluma. Os produtores também estão focados na colheita, no beneficiamento e no cumprimento de contratos a termo. Tradings, atentos ao maior valor pago pela pluma no mercado brasileiro, ofertam maiores volumes no spot nacional. Ressalta-se que, nos últimos sete dias, o Indicador está, em média, 15,3% superior à paridade de exportação.
Do lado comprador, empresas estão mais ativas, mas evitam adquirir volumes expressivos. No curto prazo, o bom ritmo de produção e de venda industriais são fatores atrativos, mas os aumentos expressivos nos custos acabam limitando o desempenho de muitas empresas, com destaque para as de pequeno e médio portes, que trabalham com compras especialmente no spot. Para o médio prazo, as expectativas de menores produção e estoque preocupam demandantes e levam empresas a fechar contratos a termo para os próximos meses, incluindo 2022. Na Bolsa de Nova York, os contratos foram pressionados com certa força no início da semana passada por realizações de lucros e dados sinalizando que o furacão Ida causou menos estragos que o esperado às lavouras norte-americanas. Porém, nos dias posteriores, a valorização do petróleo e o enfraquecimento do dólar no mercado internacional deram sustentação aos contratos, limitando a variação negativa no balanço da semana.
Nos últimos sete dias, o vencimento Outubro/2021 registra recuo de 0,21%, cotado a 95,41 centavos de dólar por libra-peso. No mesmo período, o contrato Dezembro/2021 apresenta baixa de 0,21% (94,05 centavos de dólar por libra-peso); o Março/2022, 0,18% (a 93,26 centavos de dólar por libra-peso); e o Maio/2022, 0,13% (a 92,75 centavos de dólar por libra-peso). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,64 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 4,65 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que as exportações de pluma somaram 50,8 mil toneladas em agosto, volume 17,3% menor que o de julho/2021 e 53,13% inferior ao de agosto/2020. Esta é a menor quantidade mensal exportada desde agosto de 2019. Em agosto/2021, os principais destinos foram Vietnã (representando 20% do total), Paquistão (20%), Bangladesh (13%), Indonésia (13%), Turquia (11%) e China (10%).
O preço médio, em dólar, foi de 78,85 centavos de dólar por libra-peso, aumentos de 4,4% no comparativo mensal e de 23,1% no anual. Em moeda nacional, a média está em R$ 4,13 por libra-peso (considerando-se o dólar de R$ 5,24), elevação de 6,1% sobre o mês anterior e 18% acima da média de agosto/2020 (R$ 3,49 por libra-peso). Este preço foi 21,3% abaixo do verificado no spot nacional (Indicador). O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 2 de setembro, estimou produção mundial da safra 2020/2021 em 24,19 milhões de toneladas, queda de 7,39% frente à anterior. O consumo mundial de algodão em pluma deve crescer 12,79% em 2020/2021, para 25,66 milhões de toneladas, ficando 6% superior à oferta. A exportação, por sua vez, deve avançar 16,06% frente à da safra passada indo para 10,48 milhões de toneladas. O estoque final deve ser de 20,66 milhões de toneladas, recuo de 6,64% na comparação com o da temporada 2019/2020. Quanto à safra 2021/2022, a produção mundial está estimada em 24,93 milhões de toneladas, aumento de 3,06% sobre a anterior.
O consumo mundial para 2021/2022 está previsto em 25,87 milhões de toneladas, crescimento de 0,82% sobre a temporada anterior. As exportações mundiais estão projetadas em 10,2 milhões de toneladas, 2,58% abaixo das de 2020/2021. Por mais um mês, houve baixa nas previsões de estoques mundiais na safra 2021/2022, ficando em 19,72 milhões de toneladas, recuo de 2,57% frente ao relatório de agosto/2021 e 4,55% menor que o volume da temporada anterior. As aberturas de economias, atividades e negócios estimularam a demanda do consumidor por têxteis e vestuário. Mesmo com a atual situação da pandemia, o consumo não mostra sinais de desaceleração, e as vendas no varejo estão aumentando. Nesse contexto, o cenário de preços é altista. O Icac indica média do Índice Cotlook A de 98,20 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022 em setembro, 2,9% maior que a prevista no mês anterior (95,43 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.