16/Set/2021
Os preços do algodão registram recuo pela terceira semana consecutiva no mercado interno. A retração ocorre em meio à finalização da colheita da safra 2020/2021 e à baixa liquidez nas principais regiões produtoras. Os volumes negociados ainda são pequenos e pontuais. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, apresenta baixa de 2,5% nos últimos sete dias, a R$ 5,29 por libra-peso. No mês, a queda é de 1,19%. Além do crescimento da oferta no spot nacional, a desvalorização do produto no mercado externo também contribui para pressionar as cotações locais. Mesmo assim, a liquidez não é expressiva, o que pode estar atrelado às oscilações do dólar nos últimos dias. Os compradores vêm pressionando os valores pagos por novos lotes, sinalizando dificuldades em repassar os atuais custos para os produtos manufaturados. Alguns vendedores, por sua vez, cedem e negociam novos lotes a preços um pouco menores, enquanto outros se voltam ao beneficiamento e se atentam aos dados sobre oferta e demanda mundial.
Apesar da entrada da safra nacional, o volume disponível para negócios ainda é pequeno com produtores focados no cumprimento de contratos fechados antecipadamente e no beneficiamento da pluma. O produtor está preocupado em ter algodão suficiente para atender aos contratos. Ele quer primeiro terminar o beneficiamento e a entrega dos lotes vendidos para ver se haverá excedente. Dessa forma, a comercialização continua pontual, ainda abaixo do reportado em igual período de temporadas anteriores. Estes lotes pontuais giram na base do Indicador Cepea/Esalq. Embora o Indicador Cepea/Esalq registre recuo nos últimos sete dias, os preços domésticos se mantêm elevados na comparação anual. A média parcial do Indicador em setembro, de R$ 5,35 por libra-peso, está 69% superior à observada na primeira quinzena de setembro do ano passado, em termos nominais. Trata-se da maior média de toda a série histórica.
Em relação ao mercado externo, contudo, as cotações não atraem os vendedores. Há disparidade de mais de 10% entre os preços pagos pelas fábricas domésticas e pelas tradings para exportação. Os mercados interno e externo estão bastante “descasados”. Geralmente, a diferença é em torno de 5%. O mercado local deve ficar mais aquecido em cerca de duas a três semanas com o encerramento do beneficiamento pela maioria dos produtores. A partir de outubro, deve haver mais atividade. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) calcula que 30% da safra 2020/2021 estava beneficiada até o dia 10 de setembro. Até esta data, 97% da área plantada (1,370 milhão de hectares) estava colhida. A Abrapa explica que o atraso na retirada das lavouras deve-se ao retardamento do calendário de plantio. Os produtores estão voltados à reta final dos trabalhos que precisam ser concluídos até o fim de setembro, conforme a janela sanitária da cultura.
A associação estima produção nacional de algodão em pluma em 2,456 milhões de toneladas em 2020/2021, 18% menor que o colhido no ciclo anterior. Para a temporada 2021/2022, que será semeada no início do ano que vem, o mercado está ainda mais esvaziado. Os produtores tendem a aguardar a evolução do plantio de soja para retomar os negócios antecipados. A cautela deve-se ao fato de o atraso na semeadura da oleaginosa na temporada atual ter se refletido no plantio de boa parte da safra de algodão fora da janela ideal de plantio. Isso gerou quebra de produtividade e uma menor safra. Agora, os produtores não querem correr o mesmo risco. Primeiro eles irão plantar soja e depois ver o quanto pode semear com algodão. Alguns produtores de Mato Grosso nem conseguiram plantar algodão em virtude do retardamento da safra de soja.
As vendas antecipadas envolvendo a fibra do próximo ciclo vão ganhar fôlego a partir do momento em que pelo menos 50% da área destinada à soja estiver semeada. Por enquanto, há apenas um ou outro barter com troca por defensivos químicos e fertilizante. Em relação à safra 2022/2023, não há interesse de venda por parte do produtor. Os valores caíram de entre 81,00 e 82,00 centavos de dólar por libra-peso para 80,00 centavos de dólar por libra-peso e, por isso, o produtor retrai os lotes. A Abrapa calcula que 85% da temporada 2020/2021 estava comercializada até o início deste mês. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o percentual comercializado em Mato Grosso de 82,52% ao fim de agosto. No Estado, as negociações continuam adiantadas ante a média de cinco anos (82,04%) e 1,91% à frente na comparação com a temporada anterior (80,61%).
Em relação à safra 2021/2022, até agosto, a comercialização da pluma alcançava 40,29% da produção, 2,19% adiantada ante a temporada 2020/2021 e atraso de 6,64% ante a média dos últimos cinco anos. Para o ciclo 2022/2023, a projeção é de que no fim de agosto 3,62% da produção prevista para o Estado já estava vendida antecipadamente. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão perderam 0,44% na semana entre 8 e 14 de setembro. No último mês, a queda dos contratos foi de 1,1%. No dia 14 de setembro, os contratos fecharam em alta diante da previsão de chuvas desfavoráveis em áreas produtoras dos Estados Unidos. O vencimento dezembro/2021 da pluma subiu 85 pontos (0,92%), para 93,66 centavos de dólar por libra-peso. O furacão Nicholas tocou o solo na madrugada de terça-feira (14/09) no Texas e deve causar fortes chuvas em áreas de cultivo no Delta do Mississippi e no sudeste dos Estados Unidos nos próximos dias. Segundo a meteorologia, essas chuvas podem danificar as lavouras de algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.